terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Laucorreia: apresentação pessoal

Caros companheiros autocaravanistas

Estou nesta Tribuna Autocaravanista motivado pela vontade de, através dela, poder dar a minha opinião sobre o autocaravanismo, num humilde contributo para a reflexão sobre os problemas e desafios que sentimos como cidadãos conscientes e responsáveis e como amantes da liberdade que “a estrada fora” nos proporciona.

Sou autocaravanista desde Outubro de 1996, ano em que adquiri a minha primeira “casinha rolante” e com ela, no Verão do ano seguinte, realizei um dos mais ambicionados “sonhos” de viajante: desloquei-me, então, ao Cabo Norte, referenciado como o ponto mais setentrional do continente europeu, realizando, então, mais de 14.500 km e apercebendo-me bem do significado de ser “autocaravanista”.

Sempre apreciei o “turismo itenerante” - a liberdade de estar hoje aqui, amanhã ali, sem condicionalismos de “tempo e espaço” - e o autocaravanismo surge, assim, como a opção mais racional e, simultaneamente, “emocional”.
Tal como vejo noutros “movimentos” (motards, 4x4, etc.), vi no “autocaravanismo” a “razão do coração”, a “partilha de sentimentos” e um certo “estilo de vida” com milhares de praticantes em todo o mundo.
Ser nómada, (que não “errante”) - pelos caminhos que nos levam a conhecer novas paragens, novas gentes, novas culturas e descubrir um “universo” de diversidade, tão complexo e rico e reflectido em tudo o que vive e existe no nosso belo planeta - é e será a minha maior felicidade, para além, naturalmente, daquela que partilho, itensamente, com a minha vida em família.

Com 51 anos, envolvi-me, desde jovem, em muitas e diversificadas formas de associativismo, tendo nelas tido alguma responsabilidade, que aceitei num quadro de “serviço à comunidade”. Sou casado desde 1979 com a Maria José, mãe dos meus dois filhos, Ricardo de 23 anos, lincenciado e mestre em Biologia da Conservação pela FCUL e Renato, de 19 anos, estudante de Gestão no ISCTE.
Com eles vivi muitas das mais belas “baladas” da minha vida como “nómada” e espero, ainda, poder partilhar outras tantas.

De uma forma mais alargada, julguei poder “partilhar” esta “paixão e razão”. Associei-me ao CPA – Clube Português de Autocaravanas em 1997 e sempre fui mantendo essa relação até hoje.
Inicialmente pensei que a “família autocaravanista” tivesse uma forte identidade, até pela forma - que sempre considerei “fantástica” - como, então, se cumprimentavam “on the road”.

Um pouco mais tarde, compreendi que o CPA era um clube de “afectos” (e desafectos) entre um grupo relativamente restrito de “iniciados” na modalidade, sem grande consciência dos desafios do futuro que se adivinhava já avassalador em termos de crescimento.
Como autocaravanista “livre”, confesso que esperava do CPA mais do que “encontros” (em circuíto fechado). Ano após ano adiei a minha participação mais activa no Clube. Mas não foi por isso que desisti da minha condição de sócio.

Quando surge a Direcção de Ruy Figueiredo e de Raul Lopes, presidente e vice-presidente, respectivamente, a “chama” inicial renasceu. O Clube apresentou, então, uma dinâmica institucional de verdadeira representatividade da modalidade.
Acreditei que essa mudança era irreversível e que o futuro passava pelo CPA e pela sua evolução natural e racional para uma Federação, modelo já desenvolvido nos países onde o nosso Movimento atingiu já uma grande maturidade.

Ao cabo de um mandato, e “impossibilitada” a sua reeleição, foi triste constatar que estamos agora, e novamente, mais longe da “maioridade” cívica no autocaravanismo em Portugal.
Triste é verificar que o caminho percorrido nos últimos tempos corresponde ao retrocesso no CPA e à entrega da “agenda” e da “liderança” institucional a um prolífero, mas virtual, “grupinho” de autocaravanistas que se desmultiplicam em iniciativas, numa aparente ânsia de protagonismo que não augura qualquer consistência séria. Oxalá me engane.

O CPA podia e deveria ter liderado a sua própria “desmultiplicação” de forma organizada e estrategicamente estudada. Em nome de uma pseudo unidade, impediu-se a racional evolução, abrindo a porta a um sem número de atropelos e acções desgarradas, onde não aparece o valor colectivo e institucional do Clube, mas antes sobressai o oportunismo individual, típico da menoridade que trespassa o associativismo português.

Embora não me mova qualquer “ambição”, mantenho a minha consciência crítica e o direito de cidadania activos e, por isso, resolvi dar, a partir daqui, com outros dois companheiros - mais habilitados do que eu, diga-se em abono da verdade - um contributo para a reflexão pública possível. Se ela será ou não útil, o futuro o dirá. A minha convicção é que, se todos soubermos reflectir, serena e racionalmente, em conjunto, o autocaravanismo só terá a ganhar.

Cordialmente,
Laucorreia

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá "Companheirão"...
...como referi na apresentação do Raúl; cito:
"Boa Noite Amigos, vim desejar um "feliz nascimento" e dizer presente!
... serem fortes, como a rocha granitica da minha aldeia serrana, é uma virtude e vocês tenho a certeza são dessa FORÇA!...

...Bem-Hajam por serem assim..."

...e conhecendo os teus ideais, sei que darás um grande contributo à tribuna, FORÇA !!...

...aquele abraço, amigo...

EugenioSantos