"Os turistas que viajam em autocaravanas vão ter mais um espaço para pernoitar no Grande Porto. O Parque Biológico de Gaia vai abrir, em Fevereiro do próximo ano, um equipamento destinado apenas a este tipo de visitantes.
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
Parque de Campismo para Autocaravanas em Gaia
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Lutar contra a discriminação legal vale a pena
Desta vez o caso ocorreu com um companheiro espanhol em Castilla-la-Mancha que foi acusado de estar acampado quando simplesmente pernoitava num parque de estacionamento público urbano. Contestou a decisão e, após recurso, viu a multa anulada e o processo arquivado, nomeadamente com base numa deliberação do Tribunal Administrativo da Andaluzia que considerou (a 15 Julho 1999, RJCA 1999\3141) que “Acampar”: implica ocupação e uma certa permanência continuada”, o que obviamente não é o caso de quem se limita a pernoitar algumas horas num local durante os seus périplos itinerantes.
Quando tive responsabilidades institucionais no autocaravanismo pedi que fossem denunciadas situações similares. Como tal nunca aconteceu, em Portugal continuamos sem jurisprudência que nos defenda.
Detalhes do caso relatado:
http://www.viajarenautocaravana.com/legislacion_detall.php?idg=28371
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
A Revista da FCMP
Mais uma vez torna-se visível a preocupação de se incluir na Revista textos sobre autocaravanismo. Contudo lamenta-se que as iniciativas reportadas sejam todas organizações alheias à Federação. Na página 2 temos a reportagem sobre a XVª Acampovana do Clube de Campismo e Caravanismo de Barcelos, nas página 3 a 5, o passeio Por terras de Caramulo do Clube de Campismo e Caravanismo de Coimbra, no final da página 5 o anúncio da Iª Concentração Internacional de Autocaravanas do CPA, com o símbolo antigo (!?) do clube e na página 6 o programa do Iº Encontro Ibérico de Autocaravanas do Clube de Autocaravanistas do Norte, o tal que obriga nos seus estatutos a possuir-se a carta campista….
Neste número podemos também ficar a conhecer a posição da Federação sobre a já célebre Portaria 1320/2008. No Editorial escrito pelo director da Revista e presidente da Federação ficamos a saber que a “Nova Lei para o campismo, felizmente com o reconhecimento do autocaravanismo, das estações e áreas de serviço. Um passo não direi de gigante, onde nem todas as nossas propostas foram aceites, mas em que os autocaravanistas, a sua luta e a da sua Federação aparecem reconhecidos.” Eu diria que isto configura um passo de gigante para o MIDAP ser reconhecido como o interlocutor para o autocaravanismo e quem sabe o aliado da FCMP para concretizar a plano da FCMP sobre o autocaravanismo. Não nos esqueçamos da posição do MIDAP sobre esta portaria, e sobretudo não nos esqueçamos do que foi dito por um dos dirigentes da FCMP no Verão, ao Jornal de Notícias:
“O que é proibido- porque configura campismo selvagem – é parar a autocaravana num local e ficar lá a pernoitar”
Na página 32 podemos encontrar um artigo específico, não assinado, sobre a Portaria onde podemos compreender ainda melhor a importância da publicação desta portaria para a FCMP:
(…) Aí se define área de serviço, como os espaços sinalizados, ESPERAMOS COM A SINALÉCTICA DA FCMP JÁ REGISTADA NO INSTITUTO DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL, que integra um ou mais estações de serviço, destinadas ao estacionamento e pernoita de autocaravanas por períodos não superior a 72 horas. Foi GRANDE O ESFORÇO DE TODOS NÓS, mormente dos autocaravanistas ESTANDO TODOS DE PARABÉNS.”
Muito agradecidos devem estar os detentores de parques de campismo, que finalmente têm ao seu dispor uma ferramenta legislativa para "exigir" que a pernoita das autocaravanas se faça apenas no interior de parques de campismo.
domingo, 28 de dezembro de 2008
O que é ser e sentir-se autocaravanista?
sábado, 27 de dezembro de 2008
Tribuna de Domingo
Desta vez é o nosso companheiro Mário Reis que nos enviou a sua contribuição que será publicada amanhã.
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
Mais uma ameaça de acantonar os autocaravanistas nos campings
Desta vez é em Espanha, mas como diz o povo, quando vires as barbas do vizinho a arder... põe as tuas de molho.
O que aconteceu? Bom, a Asociación Provincial de Empresarios de Hostelería y Turismo de Castellón (Ashotur), de mão dada com a Asociación Provincial de Empresarios de Cámpings de Castellón, acaba de desferir um ataque às áreas de serviço para autocaravana, existentes na região alegando concorrência desleal.
No caso exigem aos Municípios envolvidos que regulamentem no sentido de forçar as autocaravanas a pernoitar nos parques de campismo, proibindo o seu estacionamento na via pública ou em áreas de serviço “não licenciadas”.
Até agora as entidades locais e regionais têm alegado haver um vazio legal sobre o autocaravanismo que as impede de actuar. Se fosse em Portugal já poderiam argumentar com a Portaria 1230/2008. Felizmente que em Espanha não existem almas errantes do Além nem Movimentos Inibidores do Autocaravanismo para legitimar coisas como o estabelecido no artigo 29 desta Portaria.
São situações como esta que aqui se relata que justificam que em Portugal se lute pela revogação do artigo 29 da Portaria 1230. Esperemos todos que o CPA assuma, finalmente, as suas responsabilidades na matéria.
Informação original, aqui:
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
Boas Festas
Neste dia tão especial, queremos partilhar com todos os turistas itinerantes os presentes que gostaríamos de receber do Pai Natal:
Gostávamos que a comunicação social e os agentes institucionais compreendessem que o Autocaravanismo é muito diferente de campismo.
Gostávamos que os utilizadores de autocaravanas entendessem que o único local indicado para fazer campismo são os parques de campismo.
Gostávamos que o CPA saísse do seu estado letárgico e re-assumisse o seu papel institucional de representante dos autocaravanistas.
Gostávamos que os nossos autarcas compreendessem as potencialidades do autocaravanismo para a dinamização do turismo e do desenvolvimento económico local.
Gostávamos que os nossos governantes fossem sensíveis à necessidade de se criar legislação justa e equilibrada sobre o autocaravanismo, entendendo-o como turismo itinerante que é.
Gostávamos que todos os intervenientes contribuíssem para a dignificação da imagem social dos autocaravanistas.
Será que 2009 nos trará algumas destas tão desejadas prendas???
Se cada um de nós der o seu contributo... podemos pelo menos continuar a sonhar!
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Autocaravanismo: uma miríade de sensibilidades...
Creio que todos os possuidores de autocaravana, independentemente da sua “sensibilidade”, poderão, hoje, concordar que o equipamento de que são possuidores lhes permite ir muito além do campismo, mesmo que a este se queiram restringir. Falo, em concreto, e apenas, do campismo “legal”, praticado nos espaços a ele destinados, e não do chamado “campismo selvagem” que todos os autocaravanistas social e ambientalmente conscientes - campistas ou não - rejeitarão em absoluto.
No entanto, a FCMP, entidade que se afirma tuteladora (também), do autocaravanismo, (chegando ao ponto de registar sinalização cuja propriedade intelectual duvido que seja de sua autoria), tem tido um comportamento, público e activo, em completa dissonância com a apreciação que, estou certo, de forma esmagadora, podemos fazer da realidade autocaravanista, seja em Portugal ou noutro qualquer país, assumindo-se mais como um adversário do que como parceiro do nosso movimento.
Também, alguns Clubes de Campismo, com ou sem secções específicas, têm sido tentados a ver o Movimento Autocaravanista apenas como mais uma versão de campismo, engrossando a tendência para o acantonamento das autocaravanas nos campings.
Até o ACP que, pelo menos, deveria entender a autocaravana como um veículo com direitos iguais aos demais, parece afinar pelo mesmo diapasão ao “recriar” a sua “secção de campismo” com particular interesse pelas autocaravanas (que não pelo autocaravanismo), tendo em conta algumas notícias surgidas em blogues.
Finalmente, e não menos gravoso, através da Portaria 1320 de 2008, ficámos a saber que o legislador “foi levado” a regulamentar sobre AS - áreas de serviço para autocaravanas, inseridas numa portaria regulamentadora de campismo. Isto com o aparente aplauso (só?) de algumas “sensibilidades” autocaravanistas.
Serão estes casos, entre outros, obras da falta de informação e compreensão do “fenómeno” autocaravanista? Não creio. Acredito antes que fazem parte de um todo que visa “orientar” o nosso Movimento e limitá-lo na sua “mobilidade”. Sob a capa da criação de melhores condições, mascara-se a apetência económica que o “fenómeno” desperta e a vontade de nos “encaminhar”, de forma clara ou encapotada, para a vertente “campista” e as suas limitações implícitas.
É nisto que, definitiva e objectivamente, não poderemos consensualizar.
Nesta base, todos os entendimentos estarão, à partida, votados ao fracasso ou feitos apenas com uma parte do nosso movimento.
Não estamos contra a possibilidade da iniciativa privada ou mesmo pública, via autarquias p.e., quer em campings ou, preferencialmente, fora deles, se criarem AS devidamente equipadas e, eventualmente pagas, mas antes, que se limite a estes espaços a utilização das autocaravanas e que, mais uma vez, se enquadre o autocaravanismo naquilo que, hoje, maioritária e definitivamente já não é - um “movimento campista”.
Sabendo da apetência persecutória que alguns agentes da nossa vida político-administrativa têm pelo “fenómeno” autocaravanista, qualquer brecha deixada na Lei, constitui-se como uma verdadeira auto-estrada para a “marginalização” e o “acantonamento”.
Porventura ainda haverá entre nós algum autocaravanista, mesmo que “campista”, que não partilhe da ideia que uma autocaravana tem o direito de livremente circular e parquear em condições idênticas aos outros veículos e, tendo como têm, um acréscimo de “competências”, na capacidade e condições higiénicas e ambientais adequadas para uma “vida” a bordo, se possa fazer dela a nossa “casinha itinerante”, em qualquer lugar?
A todos, e particularmente a cada um de nós, que investimos numa autocaravana, como meio preferencial de podermos viajar e conhecer novas terras, novas gentes, novas culturas, impõem-se várias reflexões e para as quais é preciso encontrar as respostas e, sobretudo, uma forte determinação de agir, conjuntamente, para defender a nossa liberdade, a nossa dignidade e os nossos direitos cívicos.
O actual momento do autocaravanismo em Portugal é muito crítico. Apesar da grande proliferação de notícias, blogues, portais, círculos, clubes, etc., não lhes consigo encontrar uma verdadeira linha condutora. Por isso, não acredito que esta situação seja um sinal de vitalidade e maturidade e, muito menos, de “união”.
A unidade constrói-se enraizada em ideias chave e não numa amálgama de pessoas, às vezes com interesses e sensibilidades distantes e, quiçá, antagónicas.
Enquanto não “exorcizarmos” fantasmas, clarificando de vez, cada uma das nossas identidades, jamais arranjaremos o denominador comum do querer colectivo e estaremos fragilizados face à sociedade em geral, aos diversos interesses instalados e aos próprios poderes públicos instituídos.
Não acreditamos na unidade do silêncio e da concordância cega, do “nacional-porreirismo”, dos “encontros, festas e romarias” que, tendo o seu lugar próprio nas horas de lazer, não dispensam, e muito menos devem ofuscar, a seriedade que deve ser posta na clarificação da nossa identidade.
Queremos a unidade construída no apuramento da nossa consciência de cidadãos e autocaravanistas, só possível num quadro de uma discussão desapaixonada e arredada de personificação, e antes direccionada para a definição clara e objectiva do que é ser, hoje, autocaravanista. Este é um ponto de partida que considero essencial.
Forçar a “união”, sem a imprescindível clareza de identidades, seria uma espécie de "alquimia milagrosa".
Não se unificam sensibilidades diversas sem se entender cada uma delas e sem definir o ponto (ou pontos) de união. Primeiro, clarificam-se cada uma delas e, mais tarde, procuram-se as eventuais convergências, essenciais à formação de parcerias e colaborações.
Há um caminho sério e mutuamente respeitador a percorrer entre os autocaravanistas e as suas diferentes sensibilidades.
Encontrado cada ponto de partida e definido um ponto convergente de chegada, o Movimento (plural) poderá, então, avançar fortalecido para enfrentar o desafio comum da dignificação e da plena cidadania.
Indo, por hora, ao “ponto de partida”, permitia-me desafiar a audiência, para já, na resposta a duas questões:
- Haverá uma identidade comum, num quadro realista de diversidade de sensibilidades?
- O que podemos esperar (ou exigir) do CPA, clube referencial no movimento, e dos outros intervenientes?
Fico na expectativa dos vossos contributos, permitindo-me sugerir serenas reflexões, sem abdicação de elevada exigência e rigor nas respostas. Só assim, creio, poderemos encontrar os caminhos que melhor podem melhor servir o nosso “movimento”.
Cordialmente,
Laucorreia
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Qual a razão de ser do CPA?
Desta vez o que me leva a fazê-lo é a seguinte comunicação do companheiro Ruy Figueiredo, presidente do CPA, recentemente feita no fórum do Clube a propósito do 37º Encontro do C.P.A.
Quero agradecer aos companheiros que quiseram dar-nos o prazer da sua presença neste fim de semana alargado.
É com este tipo de eventos que conseguimos o ambiente a que nos propuzémos para que os nossos associados se divirtam e confraternizem entre si.
Obrigado a todos os participantes.
O objectivo, a razão de existir, do CPA é promover a confraternização e a diversão dos sócios? Mas se é isso então melhor seria que nos fizéssemos todos sócios do INATEL, ao menos o INATEL oferece um diversificado programa de confraternização e organiza os seus passeios com irrepreensível profissionalismo.
Ainda não foi há três anos, mas já parece ter sido há uma eternidade, que o CPA dizia ter os seguintes objectivos, apresentados sob a forma de razões para se ser sócio.
Vale a pena ser sócio do CPA? Nós cremos que sim. Diariamente a Direcção do Clube trabalha para lhe dar mais razões para isso. Aqui fica o registo de 10 razões para ser sócio do CPA:
porque os autocaravanistas têm direito ao bom nome e a uma imagem social digna
porque queremos respeitar a lei e o ambiente, mas não queremos ser discriminados pelas autoridades que limitam o nosso direito de circular e estacionar
porque juntos defendemos melhor os direitos dos autocaravanistas
porque só um grande clube exclusivamente dedicado ao autocaravanismo pode dignificar e promover o autocaravanismo
porque só com um grande clube podemos esperar que se criem mais áreas de serviço e outras infra-estruturas de apoio às autocaravanas
porque ser autocaravanista é usufruir da natureza e percorrer o mundo em liberdade
porque é giro passear e conviver com outros autocaravanistas
porque juntando-se a nós poderá aprender com a experiência dos mais rodados
porque sendo sócio do CPA está mais informado sobre o que acontece no mundo do autocaravanismo no país e no estrangeiro
porque sendo sócio do CPA pode obter a carta de campista, a carta de autocaravanista e ainda beneficiar de vários serviços, nomeadamente no seguro da autocaravana
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Mais de metade dos sócios do CPA entraram para o clube que a si mesmo se identificava desta forma. Reduzir o CPA a uma colectividade de entretenimento é defraudar quem se fez sócio convencido de estar a dar força ao movimento autocaravanista para melhor defender os nossos interesses colectivos.
Das 10 razões que o CPA invocava em Fevereiro de 2006 como justificativas dos autocaravanistas se tornarem sócios do Clube, quantas continuam actualmente a ser verdadeiras?
Impõe-se pois perguntar: quem divide o movimento associativo, é quem desrespeita os autocaravanistas, ou quem denuncia os dirigentes que revelam essa falta de respeito?
Afinal quem é que divide o movimento associativo: quem critica a opção por estes caminhos que nos enfraquecem e desmerecem, ou aqueles que conduzem o autocaravanismo por vielas estreitas que só servem para nos levar a lado nenhum?
domingo, 21 de dezembro de 2008
O que é ser e sentir-se autocaravanista
Tribuna de Domingo
sábado, 20 de dezembro de 2008
Catalisadores ou Inibidores?
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
A Portaria 1320/2008: Autocaravanismo é campismo?
Lamentamos também que o CPA não tenha querido (ou podido!?) aprofundar mais esta questão, limitando-se a esta pequena declaração. Deveria explicar as razões objectivas pelas quais não está de acordo e identificar claramente o que a aplicação desta legislação pode significar. É isso que se espera de uma instituição líder...
Lamentamos também que só depois do facto consumado, o CPA apareça a querer contestar a legislação quando o podia e deveria ter feito no período de discussão pública que foi amplamente divulgado no fórum do CPA.
Finalmente os signatários da Tribuna reafirmam a sua disponibilidade para ceder ao CPA os argumentos que sobre a Portaria em referência fizeram no fórum do Clube.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Que caminho para a unidade dos autocaravanistas?
“Os bons exemplos, em termos de organização e luta por ideais comuns, continuam a vir de Espanha. Penso que deveria ser sob esta forma que os autocaravanistas portugueses deveriam "esgotar" as suas forças e não de outras, menos produtivas e difusoras de imagens negativas"Quem o afirmou isto foi Paulo Rosa no fórum do seu CCP-Clube Camping-car Portugal.
Claro que Paulo Rosa tem todo o direito a pensar que... mas o que é facto é que pensa mal. Como outros que por aí andam clamando unidade enquanto servem veneno, ele está equivocado.
Não é possível lutar por ideias comuns sem primeiro as discutir, sem primeiro submeter as ideias diferentes ao escrutínio da legitimação democrática. Em democracia é assim que se definem as ideias comuns e se identificam os rumos colectivos a prosseguir. Antes de nos unirmos, precisamos de saber claramente por que estamos a lutar, para onde estamos a caminhar. A unidade não é um valor em si mesmo, não pode ser vista como um fim. Só faz sentido invocar a unidade quando ao serviço de um superior desígnio colectivo. Nunca como valor em si mesmo.
Espanha não é excepção, pelo contrário, é mesmo um caso paradigmático que demonstra o contrário do que Paulo Rosa afirma. Antes de atingirem o actual estado de maturidade organizacional, os autocaravanistas espanhóis protagonizaram (e continuam a protagonizar) intensas disputas de ideias (por vezes atingindo níveis de agressividade verbal que eu nunca vi plasmada noutro qualquer local).
Os vários fóruns de autocaravanismo em Espanha revelaram a existência de diferentes sensibilidades e diferentes estratégias de afirmação institucional do autocaravanismo. Primeiro surgiu a PACA-Plataforma Autónoma de Autocaravanas com uma ambição federativa, que antes de atingir a actual estabilidade foi atravessada por uma avassaladora disputa interna e por um processo de demissões em cadeia.
A partir dos fóruns existentes formaram-se grupos e mais tarde Clubes de base regional. Posteriormente formou-se a FEAA- Federación de Asociaciones Autocaravanistas de España num processo que foi tudo menos pacífico (e que continua a não sê-lo, até porque há clubes que não pertencem à Federação).
Entretanto, sujeita a uma intensa onda de criticas, a velha Federação Espanhola de Campismo (FECC) inflectiu a trajectória e passou a inscrever o autocaravanismo na sua agenda, em clara disputa com a PACA e a FEAA, mas, ao contrário do que acontece com a Federação campista portuguesa, aceitando conviver com as organizações representativas dos autocaravanistas.
Em síntese, os companheiros espanhóis em cerca de 4 anos edificaram um invejável edifício institucional que lhes permite actualmente ensaiar formas colectivas de defesa dos direitos dos autocaravanistas (já com resultados palpáveis, mas sem falsas unidades uniformizadoras).
Não foi com falinhas mansas, com discursos politicamente correctos nem com patuscadas que os espanhóis aqui chegaram. Chegaram aqui porque houve autocaravanistas que se expuseram publicamente, porque houve autocaravanistas que “esgotaram” as suas forças esgrimindo com outros argumentos em defesa das suas convicções e sugerindo novos e ousados trilhos para o autocaravanismo. Chegaram aqui porque houve quem desse a cara, sem receio dos tomates que lhe atirassem ao caminho!
Os companheiros espanhóis chegaram aqui porque a discussão, a reflexão crítica, é a fonte da verdade, a luz que ilumina o caminho colectivo. Não foi por fazerem patéticos apelos à unidade, pois que qualquer pessoa lúcida compreende que a unidade na acção tem um estreito trilho para se materializar, e normalmente esgota-se nos sorrisos e abraços partilhados nas patuscadas ou no meramente simbólico cumprimento de estrada.
Enquanto em Portugal continuarmos sobretudo preocupados com a imagem com que ficamos na fotografia, cultivando a simpatia das palavras ocas e de circunstância... continuaremos divididos, pois tal significa que há quem não tenha aprendido nada com a História nem com a Biologia, ou com as abordagens sistémicas da natureza. Qualquer delas nos demonstra que a fonte do progresso é a diversidade sistémica conjugada com a dinâmica da luta das espécies (seja pela sua sobrevivência, seja pela sua afirmação gregária).
Para quem queria dar-se ao incómodo de reflectir sobre isto, abstraindo-se das pessoas concretas envolvidas, lembro apenas que Salazar também impôs ao país o governo da União Nacional, ... com os resultados que a história testemunha.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Boletim Nº11 do CPA
Continuando com os lapsos, apesar de neste caso, corresponder mais correctamente a uma omissão. Na página 11 é publicada uma lista das AS para autocaravanas existentes em Portugal. Deveria ter sido aqui incluida as AS dos parques de campismo de Alenquer e da Praia de Pedrogão. Afinal de contas foram AS que foram criadas através de um protocolo com o CPA e uma vez que se encontram dentro de parques de campismo, os respectivos responsáveis comprometeram-se com o CPA a permitir a sua utilização por autocaravanistas que não pernoitem no parque. É preciso ser muito cuidadoso com estes aspectos e aproveitar sempre que possível para agradecer e enaltecer a construção de AS pelos parceiros do CPA.
Nuno Ribeiro
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
1 semana de tribuna
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Crónicas ao sabor dos tempos que correm: Novembro de 2008, que mês turbulento!
- Vivem-se tempos de turbulência criativa no autocaravanismo. Por certo com alguma relação com o que se vai passando nos fóruns do CPA e do CCP, nas últimas semanas, para além desta Tribuna que acaba de ser criada, vieram a público mais um site e 3 fóruns (isto sem falar nas metamorfoses do Circo do Além e nos blogs inventados à pressa e sem conteúdo apenas para dar credibilidade ao almoço no Terreiro do Além):
Página do Portugal Tradicional:
Fórum dos Autocaravanistas-Amigos do Centro
Fórum Praça Pública dos autocaravanistas
Fórum Casinha Itinerante
A Tribuna Autocaravanista vai ficar atenta ao que se for dizendo nestes novos espaços de expressão autocaravanista (para aceder carregar nos hiperlinks).
- O Seminário de Abrantes já agita as águas de além e de àquem. O MIDAP-doCarvalho, usando como trunfos o CAB e a secção de campismo do ACP, preparava-se para se apropriar do Seminário Internacional que o CPA tinha já anunciado como sua actividade. Eis senão quando um simples cartaz (anunciado em primeira mão pelo Blog a Catrineta ) nos dá conta de que afinal o dito Seminário vai ocorrer em Abrantes sob a tutela do CPA, o que deixou as almas do Além de mãos a abanar. Vai daí o Seco despe a farda de presidente do MIDAP ao mesmo tempo que o Decarvalho veste a sua farda de lobbista e, em sintonia, ambos usam os respectivos Blogs para pressionar o CPA a convidá-los para a festa, dizendo-lhe que sem eles e os seus amigos a festa não é festa. Do lado do Clube Campingcar Portugal, o Paulo Rosa segue-lhes as pisadas, falando embora não se sabe em nome de quem. Para consultar os detalhes creio que basta a Newsletter (excepto para quem quiser especializar-se nas coisas do Além e queira confrontar o post da Newsletter com o que foi acrescentado na versão vinda a lume no CIRCO).
- O Seco vem falar numa plataforma unitária do autocaravanismo, propondo que o encontro de Abrantes seja convertido numa cimeira campista (por certo para discutir a problemática do autocaravanismo dentro dos campings). Fê-lo no Blog que criou para poder sentar-se à mesa do Circulo e não no Blog do MIDAP muito embora a sua atitude revele a obsessão de encontrar uma razão de ser para o esgotado MIDAP. Todavia o presidente Seco parece não perceber que a plataforma de que fala não é de autocaravanismo nem sequer de aliados dos autocaravanistas. Aquilo a que se refere é simplesmente aos interesses comerciais dos campings, que estão a organizar-se tentando salvar da falência os campings à custa dos autocaravanistas. Uma vez mais a experiência de Espanha devia servir-nos de exemplo, mas há quem não aprenda nada com a experiência alheia.
- Aliás, no Terreiro do Além vivem-se dias agitados e noites errantes. Como se não bastasse a cena do Seminário de Abrantes, o surgimento ainda não explicado do CIRCO com o endereço original do Blog do CAB (http://clube-ac-blogo-esfera.blogspot.com/ ) e o Decarvalho ter sido (finalmente) posto na ordem no Fórum do CPA, é o próprio Papa Léguas que vem puxar as rédeas ao Decarvalho. Com a declaração pública que fez o Pápa Léguas veio dizer a todos que não autorizava que o Decarvalho continuasse a escrever no site do CAB, na Newsletter, nos fóruns, etc.. em nome do CAB (e a lição serviu também para o MIDAP). De resto tudo indica que a mudança de blog do CAB (que deu origem a mais uma trapalhada) já se tinha ficado a dever à exigência de limpar o Blog de todo o lixo que o decarvalho lá tinha replicado antes mesmo do almoço no Terreiro do Além. Como de costume Decarvalho não aprendeu a lição e não resistiu a chamar a si o protagonismo das luzes da ribalta, vai daí, agora que devia ter publicado no blog do CAB a comunicação saída da primeira reunião da sua direcção, não, publicou-a na newsletter. Enfim... trapalhadas do Além.
- O ClubeCampingcarPortugal continua sem se pronunciar sobre a recente Portaria que regulamenta o campismo. A referência que o Paulo Rosa lhe fez só revela que ele preferiu manter silêncio sobre o assunto a vir a público discordar do Decarvalho e do MIDAP. A incoerência é o preço a pagar pelos campeões da unidade. Para podermos bramir contra os que dividem o movimento autocaravanista, calamo-nos no momento em que se exigia que revelássemos publicamente o nosso pensamento.
- No meio de toda esta turbulência e do silêncio da Direcção do CPA (que já não é novidade), passou despercebida a realização no Algarve de mais uma romaria do CPA. Mal vai um Clube que já nem as suas actividades consegue divulgar. Do que se tornou público o mérito vai todo para a Catrineta, cujo autor é o presidente, não do CPA mas do CAS (clube dos autocaravanistas saloios). Do Seminário anunciado no Programa do Encontro... nem uma palavra. É por si só sintomático!
domingo, 14 de dezembro de 2008
A Cartilha do Autocaravanista
Depois de escrutinada no Fórum e na Direcção do CPA, o Clube decidiu adoptá-la como a sua Cartilha. Hoje penso que a Cartilha é património geral dos autocaravanistas, pois tornou-se no seu código de referência comportamental.Sinto-me feliz com este percurso da Cartilha.
Compreenderão que me sinta orgulhoso por ter contribuído decididamente para que tenhamos hoje em Portugal uma Cartilha do Autocaravanista, mas compreenderão ainda melhor que a dignificação social da nossa imagem passa por cada um de nós saber interpretá-la adequadamente e torná-la numa referência do nosso comportamento. Nunca é demais lembrar e divulgar a Cartilha entre os autocaravanistas.
Assim sendo, não poderia escolher outro texto para abrir aqui a secção BAU da MEMÓRIA que não fosse a CARTILHA do AUTOCARAVANISTA .
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Cartilha do Autocaravanista: respeitar para exigir ser respeitado
Os autocaravanistas têm direito
- Ao bom nome e a gozar de uma imagem social dignificante, já que voluntariamente se obrigam a cumprir com as obrigações instituídas nesta Carta de direitos e obrigações do autocaravanista.
- A usufruir da natureza, no escrupuloso respeito pela preservação do seu equilíbrio ecológico.
- A circular e estacionar as suas autocaravanas nas aldeias, vilas e cidades do mundo inteiro, no respeito pelos regulamentos de trânsito legalmente instituídos.
- A não ser discriminados e a exigir ver respeitados os seus direitos por parte das autoridades político-administrativas, autoridades policiais, comerciantes de autocaravanas, operadores turísticos, bem como pelos outros autocaravanistas.
Obrigações dos autocaravanistas
Em contrapartida dos direitos definidos na secção anterior, os autocaravanistas obrigam-se a adoptar as seguintes normas de conduta:
- Estacionar sem transgredir nem perturbar. Respeitar rigorosamente a regulamentação de estacionamento dos veículos automóveis ligeiros e, adicionalmente, estacionar sem perturbar: a segurança do tráfego, a segurança dos peões, a visibilidade de estabelecimentos comerciais, de monumentos ou de residências particulares. Sempre que possível, devem evitar-se grandes concentrações de autocaravanas, e o estacionamento junto das entradas dos Parques de Campismo.
- Distinguir acampar de estacionar ou pernoitar. Quando estacionada a autocaravana no espaço público no respeito pelo número anterior, os autocaravanistas têm o direito de aí pernoitar, mas não podem acampar. Entende-se por acampar a ocupação por parte da autocaravana de um espaço que vá para além do seu perímetro, salvaguardados os elementos salientes autorizados, como espelhos, porta-bicicletas, etc. Considera-se ocupação do espaço extravasando o perímetro do veículo situações como a abertura de janelas para o exterior, o uso exterior de toldos, estendais, fogueireiros, mesas, cadeiras e similares.
- Só acampar em Parques de Campismo. Não acampar fora dos parques de campismo ou de outras áreas expressamente autorizadas para o efeito. Ao usarem parques de campismo, os autocaravanistas devem dar prioridade àqueles que se dotaram de condições adequadas ao acolhimento de autocaravanas, sejam em termos de espaço de instalação e de condições de circulação interna, seja em termos de equipamentos, nomeadamente a existência de uma área de serviço adequada às autocaravanas.
- Despejar a sanita apenas no WCquímico. Despejar as sanitas apenas no WC-químico e não na sarjeta, no chão ... Após o despejo o autocaravanista deverá deixar limpo o local, missão facilitada se for usado um dos líquidos diluentes para sanita existentes no mercado.
- Despejar as águas sabonetadas nas Áreas de Serviço, nunca na estrada. Despejar os depósitos de águas sabonetadas apenas nas áreas de serviço para autocaravanas ou equiparáveis. Na ausência destas tais despejos poderão fazer-se nas sarjetas, mas nunca no solo, muito menos ao longo da estrada.
- Colocar o lixo no lixo e deixar escrupulosamente limpo o local onde estacionou ou acampou, colocando o lixo nos recipientes adequados, ainda que tenha de o transportar consigo devidamente acondicionado em sacos de plástico.
- Não incomodar com o ruído. Não usar geradores, TV, rádios ou quaisquer outros equipamentos em circunstâncias que possam gerar ruído que incomode quem esteja no exterior da autocaravana. Adicionalmente, a buzina da autocaravana só deve ser usada nas situações absolutamente indispensáveis, nunca como forma de chamamento, ...
- Não deixar que os animais perturbem ou sujem. Assegurar que os animais de companhia transportados não incomodem terceiros e providenciar para que as suas necessidades biológicas sejam feitas sem prejuízo de outrem, nomeadamente recolhendo os seus excrementos e não deixando que conspurquem o equipamento ou o espaço ocupado por outras pessoas.
- Ser cordial com as pessoas e com os outros condutores. O autocaravanista deve ser simpático com as pessoas que o acolhem nas diferentes localidades que visita, facilitar a condução aos outros condutores na estrada, cumprimentar e ser solidário com outros autocaravanistas com quem se cruze.
- Chamar a atenção de quem não respeite estas regras. O autocaravanista merecedor de tal designação obriga-se ainda a chamar a atenção e/ou arepreender o comportamento de eventuais utilizadores de autocaravanas que não respeitem as regras aqui consagradas, porquanto tal sujeito estará a pôr em causa o direito ao bom nome colectivo dos autocaravanistas consagrado no número 1 desta carta de direitos e obrigações.
Respeitar para poder exigir ser respeitado!
sábado, 13 de dezembro de 2008
Portugal Tradicional
Desde a constante ofensiva dos media durante o verão, com especial incidência para o Jornal "O Público", com o inexplicável desaparecimento do CPA como interlucutor institucional para o autocaravanismo, passando pelo inusitado registo de marcas no INPI pela FCMP e acabando na publicação da Portaria 1320/2008 sobre a regulamentação de parques de campismo, onde também se regulamenta as áreas de serviço e pernoita para autocaravanas, nada parece ter corrido bem para o autocaravanismo em Portugal.
A excepção que confirma a regra é o Projecto Portugal Tradicional (http://www.tradicional.campingcarportugal.com/) que é sem dúvida uma daquelas iniciativas que deveria e podia ser mais publicitada. Tendo como inspiração o modelo francês da France Passion, onde os autocaravanistas são acolhidos gratuitamente em quintas agrícolas, tendo a oportunidade de até colaborar nas tarefas agrícolas, permite um contacto genuíno e deveras interessante com o Mundo rural e natural.
O sucesso deste tipo de iniciativas está muito condicionado à participação. Se estes locais não tiveram uma relativa afluência de autocaravanistas de modo a que outros potenciais "clientes" se vão juntando a estes primeiros 5 locais, poderá ser mais uma boa iniciativa a ficar para trás.
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Moderador, ou incompetente ditador?
Um professor é um moderador. Durante uma aula ele expõe as suas ideias, estimula a participação dos alunos, enfrenta o exercício do contraditório tendo que estar preparado para lidar com as críticas que lhe sejam feitas. O professor é quem governa a sala de aula, mas não é o “quero posso e mando”, na escola democrática está permanentemente a ser objecto de avaliação formal e informal e tem que gerir com sentido de equilíbrio a sua acção. Ele é o moderador da aula, mas o seu poder advém-lhe da superioridade do seu saber aliada à razoabilidade e sentido de justiça que imprime às suas decisões.
Quando preside a uma reunião de trabalho, ou a um Seminário ou a uma Conferência o que faz o presidente? Modera, isto é, usa de sentido de equilíbrio e razoabilidade na gestão do tempo de intervenção que concede a cada interveniente, garante o fio condutor do debate por forma a que quem assiste consiga acompanhar o sentido útil da discussão, “provoca a discussão” estimulando os intervenientes a aprofundar o confronto de argumentos, finalmente o moderador intervém ora para sintetizar e evidenciar as conclusões mais relevantes, ora para ser mediador entre as opções em discussão no sentido de encontrar pontes de consenso. É por isso que confiamos a condução de uma reunião a um presidente-moderador e não a um polícia.
Em síntese, ser moderador é estimular a participação, provocar a discussão, garantir o fio condutor do debate, sintetizar ideias e propor vias de aproximação quando as ideias em confronto o permitem. Para o fazer, o moderador precisa não só de usar de sentido de equilíbrio, razoabilidade e justiça nas suas intervenções e decisões, como também precisa de dispor-se a expor as suas próprias ideias ao exercício do contraditório, lidando com as críticas que lhe sejam dirigidas, seja quanto às suas ideias ou quanto à forma como exerce a sua função de moderador. Em democracia ninguém está acima da crítica.
Um Fórum é um espaço colectivo de debate, uma forma de aprendizagem colectiva e interactiva, tal como o é uma aula ou uma sessão de um Seminário. Mas um fórum tem outra particularidade. No Fórum as pessoas podem “falar” todas ao mesmo tempo, e por vezes falam do mesmo assunto em zonas do fórum distintas, como se estivessem em salas diferentes. Assim sendo, do moderador de um fórum espera-se antes de mais que saiba estruturar as secções temáticas do fórum, adequá-las à dinâmica do debate, e, que “mantenha a casa arrumada” intervindo sob várias formas para que a conversa faça sentido a quem chega ao fórum, seja na altura da discussão seja meses depois. Para isso precisa de separar e de juntar mensagens, precisa de deslocar mensagens do seu sítio, de trocar mensagens em privado com alguns dos intervenientes para que eles colaborem na tarefa de tornar a conversa inteligível e/ou dentro de um registo de conflitualidade aceitável, e sobretudo precisa de não ter medo de se expor, participando na conversa em pé de igualdade com os outros, justamente buscando na sua participação e no seu exemplo a legitimidade para impor regras de comportamento aos restantes.
Um líder não se esconde. Só os líderes medíocres o fazem, e estes inevitavelmente revelam-se tiranos.
Ser moderador de um fórum não é diferente de ser moderador de outra qualquer forma de aprendizagem através da discussão colectiva. Num Fórum o que é diferente não é o conceito de moderador. O que é diferente é a forma como vemos exercer a moderação dos fóruns de autocaravanismo. Mas isso a culpa já não é do instrumento Fórum. O problema é que não basta ter-se o estatuto de moderador para se saber sê-lo. Incompetentes há-os em todas as actividades, mas quando a incompetência se revela num moderador há o risco de ele se revelar um simples ditador.
Não fosse isso e eu não estaria agora a dirigir-vos a palavra desta Tribuna.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Sem nada a esconder: quem sou eu, Raul Lopes?
Os cabelos que me restam aos 48 anos vão ficando brancos, e a velocidade a que os filhos de 15 e 18 anos vão crescendo e encontrando os seus próprios caminhos transmite-me essa contraditória sensação de estar a ficar velho, mas também a sensação de regozijo por ter sido o arquitecto das obras que dia-a-dia vou vendo brotar.
Economista de formação, Professor de profissão, continuo a sentir o prazer de ensinar quem quer aprender, e porque partilhar conhecimento não empobrece, sinto-me mais rico e mais completo quando encontro alguém a quem o meu modesto conhecimento enriqueceu. Tenho tido esta postura na vida, e no autocaravanismo também. Ainda que nem sempre correspondido.
Socialmente tive o privilégio de viver intensamente esse inigualável processo de redescoberta colectiva que foram os anos que se seguiram ao 25 de Abril de 1974. Desses tempos em que acreditava ser possível mudar o mundo com um sopro e muito querer, resta-me agora uma mão cheia de gratas memórias e outra de grandes amigos. Não obstante, por razões várias, a minha militância do passado foi dando lugar ao observador crítico cada vez mais distante dos protagonistas em palco.
A minha paixão pelo autocaravanismo contrasta com o desconforto que sinto quando confrontado com a imagem social dos autocaravanistas. Foi precisamente isso o que me levou a envolver no associativismo autocaravanistas, como Vice-Presidente do CPA, clube a quem dei o meu melhor contributo nos anos de 2006 e 2007. Mas o meu protagonismo no autocaravanismo também me levou a enfrentar os maiores atentados de toda a minha vida ao meu carácter moral e ao meu bom-nome. No CPA a palavra ingratidão assumiu para mim um sentido bem concreto e definido a que nem sequer faltaram rostos. Compreenderão pois que me tenha declarado reformado do associativismo.
Claro que intelectualmente não consigo deixar de reflectir sobre o que se vai passando à minha volta, e o autocaravanismo também me deu coisas sem igual: o grato prazer de conhecer pessoas extraordinárias, como aquelas que contracenam comigo nesta Tribuna.
Aos que a partir de agora passam a adoptar esta Tribuna como a sua referência de opinião, quero antecipadamente agradecer. Obrigado Companheiros por me escutarem, obrigado por me incentivarem e aplaudirem, mas sobretudo bem-hajam por dignificarem o autocaravanismo com o vosso exemplo, com a vossa maneira de estar na vida, e a vossa disponibilidade para permanentemente renovarem o autocaravanismo com as vossas reflexões críticas. Justamente o contrário daqueles que se refugiam no patético discurso (porque vazio de conteúdo programático) do apelo à unidade de tudo e de todos.
Vamo-nos encontrando por aqui,... naturalmente. Até já, companheiros!
Quando viajo de autocaravana o Jimmy é meu companheiro inseparável. Parece-me pois de elementar justiça que ele também figure nesta apresentação. Afinal ele é um autocaravanista itinerante. Nas palavras do M Alegre: é um cão como nós!
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
A minha apresentação
Falar de nós é sempre ingrato e algo complicado. Mais difícil ainda se torna quando o temos que fazer após a rica (quer na forma, mas sobretudo no conteúdo) e elegante apresentação do Lau. Assim espero não baixar muito a “bitola”.
Desde sempre sou campista. É certo que os mais puritanos preferem chamar-me de parquista, mas campista é o que realmente me considero. A primeira vez que entrei no Parque de Campismo da Saúde do Clube de Campismo do Concelho de Almada na Costa da Caparica, ainda ia na barriga da minha mãe… Até aos 18-19 anos foi aqui que passei a quase totalidade dos meus verões. E que grandes recordações e algumas saudades dos 3 curtos meses de férias…
Foi aqui também que me iniciei nas lides associativas. Fiz parte de 3 direcções do CCCA, perfazendo um total de 9 anos como dirigente. Aqui conheci e privei de perto com quase toda a actual direcção da FCMP!!!
O autocaravanismo surgiu como o natural evoluir do campismo, aparecendo mais como uma "necessidade" do que por um "espiríto itinerante". Em virtude de outra das minhas paixões ser a orientação, faz com que utilize os parques de campismo junto às provas que ocorrem praticamente todos os fins de semana em várias partes do País. Com uma filha acabada de nascer era complicado fazê-lo como até aí no normal iglo e portanto no último trimestre de 2005, chega a ac.....
Está a fazer agora um ano que a direcção que integrei no CPA saiu e muito se passou entretanto. Infelizmente, na minha opinião, o autocaravanismo regrediu e está neste momento a um passo de se tornar efectivamente naquilo que para mim o autocaravanismo representa. Apenas mais uma forma de se fazer campismo. Contudo, o autocaravanismo é muito mais do que isso, existindo outro conceito muito diferente, mas igualmente válido que é o turismo itinerante. Espero que este espaço ajude e contribua para que as pessoas não-autocaravanistas consigam perceber a enorme diferença que pode haver entre campismo e autocaravanismo.