sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Abril... concentrações mil

Costuma o Povo dizer, Abril: águas mil. Em 2009 será diferente, em vez de águas mil, teremos concentrações mil.
  • Logo no início do mês (de 9 a 13 de Abril) a FICM (Federação Internacional de Clubes Autocaravanistas) organiza na Catalunha a sua concentração anual, naquela que poderia ser verdadeiramente a grande concentração ibérica de autocaravanistas.

  • De 23 a 27 de Abril, com a bandeira CPA e não se sabe mais de quem, está anunciada a realização do I Encontro de Autocaravanistas em Abrantes, que ambiciona ter uma dimensão internacional. Calcula-se pois que os autocaravanistas presentes na Catalunha se desloquem directamente de lá para Abrantes.

  • Para finalizar, de 30 de Abril a 3 de Maio, realiza-se em Braga o I Acampamento Ibérico de Autocaravanas, sob a bandeira da FCMP e do CAN. De fora ficam todas as entidades da Península Ibérica com legitimidade representativa dos autocaravanistas. Nada que o envio de uma delegação do CPA não resolva. Se saírem de Abrantes a 27 ainda vão a tempo do hastear da bandeira em Braga no dia 30.

De permeio, à margem do calendário autocaravanista mas por certo tendo autocaravanistas como a maioria dos participantes, ainda se realiza o I Encontro Nacional de Campismo e Caravanismo de 17 a 19 de Abril de 2009, numa organização do Clube de Campismo da Marinha Grande.

É caso para dizer: não há fome que não dê em fartura.
Há quem diga: EXCELENTE! Eu digo antes: não será tempo de parar para pensar?

O curioso deste calendário é que há campeões da unidade por detrás de cada uma destas iniciativas, para já não falar daqueles que (celebrando a unidade do movimento autocaravanista) lançam foguetes a todas elas.

Enfim... nem na organização das patuscadas se entendem, e depois ainda têm a lata de dizer que a Tribuna é que divide o movimento autocaravanista.

Raul Lopes

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Os novos desafios das Federações Desportivas

O último dia de 2008 trouxe finalmente à luz do dia o novo regime jurídico das federações desportivas e as condições de atribuição do estatuto de utilidade pública desportiva, com a publicação em Diário da República do Decreto-Lei 248-B/2008.

Este novo diploma vem substituir o Decreto -Lei n.º 144/93, com as alterações que lhe foram introduzidas pelos Decreto-Lei n.º 111/97 e o Decreto -Lei n.º 303/99, onde se introduziram as competições desportivas profissionais e a Portaria n.º 595/93 que estabelecia as regras de instrução do processo para a concessão da utilidade pública desportiva.

O novo diploma começa logo por clarificar o tipo de federações. Aquilo que o diploma anterior apenas classificava como Federações Unidesportivas e multidesportivas e que deixava ao nosso critério a sua definição, é definido no novo diploma da seguinte forma:
"São federações unidesportivas as que englobam pessoas ou entidades dedicadas à prática da mesma modalidade desportiva, incluindo as suas várias disciplinas, ou a um conjunto de modalidades afins ou associadas. São federações multidesportivas as que se dedicam, cumulativamente, ao desenvolvimento da prática de diferentes modalidades desportivas, em áreas específicas de organização social, designadamente no âmbito do desporto para cidadãos portadores de deficiência e do desporto no quadro do sistema educativo, em particular no do ensino superior."

Com esta clara definição, vamos deixar de poder classificar a FCMP como uma federação multidesportiva, que se dedicava a várias modalidades (campismo, autocaravanismo, caravanismo, alpinismo, montanhismo, escalada, canyonning, escalada de competição, expedições e pedestrianismo), para a passar a classificar como uma Federação unidesportiva, que representa as modalidades Campismo e Montanhismo classificando-as como modalidades afins, onde se incluem as suas várias disciplinas (Campismo -autocaravanismo, caravanismo e campismo, Montanhismo-Alpinismo e montanhismo) e ainda o conjunto de modalidades associadas Escalada e Expedição com as suas disciplinas (Escalada -Canyonning, escalada e escalada de competição, Expedições -expedições e pedestrianismo).

Com este novo estatuto e sobretudo para os mais distraídos fica também explicado a “grande guerra” que a FCMP protagonizou com a FPME para assegurar a representatividade legal do montanhismo e da escalada. Ao conseguir a tutela do montanhismo e da escalada, conseguiu resolver o problema das competições desportivas. Ou era isto ou começava-se a implementar nos acampamentos desportivos as provas de Campista mais rápido na montagem e desmontagem de iglos...
Não nos esqueçamos que desde a publicação da Lei de Bases do Sistema Desportivo em 1990, a Lei 1/90, que se tornou obrigatório, para as entidades que se queiram candidatar a apoios financeiros oficiais, o estatuto de Utilidade Pública Desportiva...

Outra das novidades é a nova regra geral para a renovação dos mandatos dos titulares dos vários órgãos federativos, de acordo com a qual ninguém pode exercer mais do que três mandatos seguidos num mesmo órgão de uma federação desportiva.

No entanto a grande revolução que constituirá o grande e novo (e talvez incerto) desafio para as Federações é o novo modelo de representatividade nas Assembleias Gerais.
No antigo diploma o artigo 26º definia a composição da Assembleia geral no que dizia respeito aos clubes da seguinte forma:

"Relativamente aos clubes devem os estatutos (das federações) definir os factores de ponderação aplicáveis com base, entre outros critérios no número de associados que possuam..."

Ou seja, na FCMP os votos em AG atribuídos aos clubes estava relacionado com o número de cartas campistas e de montanheiro que esse clube possuía. O ACP, por exemplo, que até há pouco tempo nem sequer secção de campismo tinha, era um dos clubes com mais peso na federação devido ao elevado número de cartas campistas que possuía. A partir de agora cada clube, independentemente do número de associados ou número de cartas de campista e montanheiro, terá apenas direito a um voto...

Conseguem imaginar o que esta medida poderá significar para as Federações e mais concretamente para a FCMP?

Nuno Ribeiro

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Uma aventura rumo ao Ártico: parte II

2.ª PARTE – DE BERGEN AO CABO NORTE

Reentrados na Suécia, país mais plano, prosseguimos “paralelos” à costa interior, até Haparanda cidade fronteira com Tórnio, já na Finlândia. Aqui, toda esta vasta área pertence já à Lapónia, região transnacional que domina uma terra de tundra e de renas. Depois de atravessarmos as grandes florestas da Suécia, eis-nos chegados a uma paisagem onde a vegetação vai diminuindo de volume e intensidade à mediada que caminhamos para norte. Terra dos “samis” ou lapões, um povo dividido por 4 países – Noruega, Suécia, Finlândia e a península de Kola, pertença da Federação Russa. Pisada a “linha” do Círculo Polar Ártico e “cumprimentada” a 1.ª rena, seguimos rumo à casa do Pai Natal.


De facto, é em Rovaniemi, a capital da Lapónia, que fica a “aldeia de Santa Claus” e o “Post Office” mais famoso do mundo. Lá chegam (e saem) milhares de cartas contendo os “sonhos” de milhares de crianças e, quiçá, de muitos adultos.
É uma aldeia de muita “fantasia” e, claro está, de muito comércio e turismo. A música de Natal embala-nos a qualquer altura do ano e o Pai Natal lá está, em pessoa, permanentemente, para a todos “encantar”. Foi um “prazer” poder sentar-me no seu cadeirão! Só não tinha “prendas” para dar…

Comprados alguns “souvenirs” inevitáveis e saboreada, pela primeira vez, uma carne de rena fumada, prosseguimos para lá do Círculo Polar Ártico. Daí em diante, sentimos estar já "noutro mundo"; a terra alagada aqui e ali, com a sua floresta rarefeita, as suas manadas de renas, saídas de não se sabe de onde e que nos acompanham mesmo na estrada, lado a lado com a autocaravana, sem se importunarem com a nossa presença. As nuvens de mosquitos, os lendários cogumelos vermelhos com pintas brancas das histórias infantis, etc., fazem da Lapónia um mundo diferente. Os frutos silvestres, os lapões com as suas vestes coloridas, etc., fazem-nos sentir muito distantes do nosso país natal.


Como “não há bela sem senão”, em grandes viagens sempre acontece algo que sobressalta e quebra a saudável “rotina” da viagem. Afinal nada que não se enquadre num espírito aventureiro: uma rena saída de um valado, ao “lusco fusco” do final de tarde de um dia cinzento, obriga a AC a uma brutal travagem. Por pouco não nos estampámos contra ela. Passado o susto, inicia-se um barulho esquisito que logo identificamos. Um dos pneus ficou com o piso liso numa secção e o tac tac tac repetitivo deu-nos conta que a rena, sem lhe batermos, fez o seu estrago.

Mais uns poucos quilómetros à frente e o pneu rebentava. Ao sairmos para mudar o pneu pelo suplente, uma autêntica nuvem de mosquitos aterrava literalmente sobre nós. Aí percebemos porque havíamos visto grupos de pessoas a apanhar bagas no campo, todos cobertos com redes na cabeça! Depois de uma luta desigual, prosseguimos a viagem.

A Lapónia caracteriza-se por longas distâncias sem “vivalma”. É uma região de fraca densidade populacional. A primeira localidade que encontramos a caminho do norte, depois de Rovaniemi, tem uma estação de serviço. Vários pneus… mas nenhum adequado à autocaravana. Ou voltávamos a Rovaniemi, cerca de 100 km para sul (e nós íamos para norte), ou encomendávamos um para, na melhor das hipóteses, chegar no dia seguinte.
Acertada esta opção, ficámos por ali numa paragem forçada. No dia seguinte o nosso novo pneu “Nokia” chegava no autocarro de transporte de passageiros que, uma vez por dia, fazia aquele trajecto.

Seguimos então a viagem para o Cabo Norte, reentrando na Noruega. Uma vez mais a paisagem deixou-nos extasiados. Ora o recorte da costa, com baías de águas calmas onde “passeavam” gansos selvagens e outras aves migratórias, ora a estrada seguia pela crista elevada de vales verdes, como se viajássemos no “fio de navalha”. Aqui e ali, as manadas de renas surpreendiam pela indiferença que tinham pela nossa presença. Ali o território é delas. Nós é que somos os “invasores”.



Apanhado o “ferry” para Honningsväg, localidade portuária no sul da Ilha de Magerøya, onde fica o promontório de Nordkapp, situado a 307 metros de altura sobre o mar de Barents, continuamos a estrada E-69, que vinda da parte continental (e agora já por túnel sub-aquático), vai subindo até ao mítico lugar onde fomos encontrar centenas de autocaravanistas, muitos deles companheiros de viagem no barco. A imagem de conjunto fazia-nos lembrar um carreiro de formigas a serpentear em campo aberto.



Alguns quilómetros depois, “aportámos” ao grande espaço que é, basicamente, um morro imenso, inundado por autocaravanas. Paga a “portagem” de ingresso e pernoita por 24 horas, podemos desfrutar de uma inesquecível sensação de liberdade e de distância. Naquele longínquo lugar percebemos, uma vez mais, o pequeno grão que somos à escala global, mas ainda assim, o enorme prazer que isso nos dá.




Apesar da presença do sol no horizonte, cuja luminosidade se iria fazer sentir durante toda a “noite”, já que estamos na terra do Sol da Meia Noite, o frio era “cortante”. Bem agasalhados, visitamos o North Cape Hall onde num ecrã de 180º nos é passado um documentário sobre a vida no Cabo Norte, em Terra, Mar e Ar e no decorrer das estações do ano ártico. Das auroras boreais ao sol da meia noite, do Inverno ao Verão, das vistas aéreas ao fundo do mar, tudo ali é retratado de forma aliciante.

Entretanto, o relógio aproximava-se da meia noite e todo o mundo, “habitante” de centenas de autocaravanas ali presentes correu para o varandim do promontório, fixando o olhar no horizonte, onde o sol tocava o oceano sem “mergulhar” completamente. Parecia ter parado no tempo e, passada uma hora já ele se erguia, novamente, acima da linha de água, para nos dificultar uma noite de repouso, onde a escuridão ajuda a um sono bem merecido. Calafetadas todas as frestas das janelas da AC, lá dormimos o “sono dos justos”.




Acordámos já com o sol bem alto e fomos à “gift-shop” adquirir as inevitáveis lembranças deste feito. Afixado o autocolante comemorativo da “praxe”, tal como o havíamos feito, na Lapónia com a rena, iniciámos o caminho do regresso. Embora muito houvesse, ainda, para ver, assaltou-nos, logo ali, a nostalgia e a vontade de um dia poder regressar.



(CONTINUA)

Laucorreia

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

A solução para a Costa Vicentina?

O Zmar, um Eco-camping resort localizado na Zambujeira do Mar, vai abrir as suas portas em Junho deste ano. Depois das inúmeras reportagens que tivemos no Verão de 2008 sobre os problemas com o autocaravanismo no litoral alentejano, poderíamos supôr que parte do problema estaria em vias de resolução. De facto para os utilizadores de autocaravanas que ACAMPAM (ilegalmente em qualquer lugar) e dos que apenas PERNOITAM (ilegalmente, nas zonas de influência dos POOCs) no litoral alentejano, já não será possível evocarem a falta de condições ao longo de toda a costa vicentina para justificarem o atropelo à lei.

As tarifas diárias anunciadas para o período de Julho e Agosto para um álveolo de 100 m2, que inclui a autocaravana, 4 pessoas, água e electricidade é de 50 euros, baixando para 20 euros de Outubro a meio de Dezembro. Estas tarifas permitem o livre acesso a piscinas, ginásio e campos polideportivos. As 5 estrelas deste parque de campismo ecológico pagam-se bem!!!

Na verdade, devido aos preços da época alta, ao nível de um Hotel de 2-3 estrelas, não me parece que se vá resolver a parte do problema que está aqui em equação que é a de quem utiliza essencialmente a autocaravana como equipamento de campismo. As condições descritas no site deste eco-resort fazem dele um caso único no País e as condições que os seus utilizadores vão poder usufruir, são de facto de qualidade muito acima do que estamos habituados a encontrar neste tipo de equipamentos. No entanto, este equipamento não será certamente destinado ao turismo em massa e portanto temo que a capacidade anunciada de 3000 campistas que poderá receber quando estiver a funcionar em pleno, seja dificilmente atingida. Nessa altura antevejo 2 soluções possíveis, a reconversão da área destinada ao parque de campismo em chalets e hotelmóveis ou então o recurso à aplicação de regulamentos que impliquem a pernoita de autocaravanas em exclusivo em parques de campismo...


Uma coisa é certa, para o autocaravanismo como turismo itinerante não residirá aqui a solução e continua a ser preciso a construção de infra-estruturas de apoio à pernoita e manutenção das autocaravanas. É preciso também mais fiscalização que puna os prevaricadores, de modo a acabar com os abusos que se praticam junto ao litoral português.


Aqui fica a notícia, saída no Correio da Manhã, sobre a abertura deste interessante projecto turístico.

Turismo: Projecto único na europa custa 30 milhões. Odemira ganha eco-campismo


O primeiro parque de campismo ecológico de cinco estrelas da Europa, construído em 90 por cento com materiais reciclados, vai abrir portas no próximo Verão na Zambujeira do Mar, Odemira. A primeira fase do projecto, que criará mais de 100 postos de trabalho, compreende a construção das infra-estruturas de acolhimento ao campista e de lazer. A obra estará concluída em Junho.
Desenvolvido pela empresa Zmar, o Eco Camping Resort ocupa uma área de 81 hectares em A-de-Mateus, a cerca de 10 quilómetros da costa alentejana.
Num investimento de 30 milhões de euros, a obra inclui chalés de madeira, hotel móvel e alvéolos para tendas, caravanas e autocaravanas, bem como parque aquático, campo desportivo, quinta pedagógica, spa, posto médico e restaurantes.
A estadia, segundo a Zmar, vai desde os 20 euros por noite (um alvéolo para quatro pessoas de Outubro a meados de Dezembro) aos 150 euros (chalé para cinco pessoas em Julho e Agosto).
A construção, segundo o executivo municipal de Odemira, é um exemplo a seguir. "Trata-se de um empreendimento único no País construído quase na totalidade com madeiras e materiais recicláveis. Todos os chalés são elevados ao solo e de baixa densidade", disse ao CM o presidente da edilidade, António Camilo.
O autarca referiu, ainda, que tem seguido com agrado a evolução da obra. "É impressionante a qualidade dos chalés. O projecto tem um impacto mínimo no ambiente e prevê ainda a reflorestação de grande parte da sua área", acrescentou António Camilo, que mostrou também satisfação em relação à importância que o empreendimento irá criar na economia da região.
Em 2010, quando o Eco Camping Resort estiver a funcionar em pleno, terá capacidade para acolher em permanência três mil campistas. O parque irá também empregar 220 pessoas.
Alexandre M. Silva

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

I Encontro dos autocaravanistas saloios

Fez este fim de semana 2 meses, que o CAS (Clube Autocaravanista Saloio) anunciou à comunidade autocaravanista a sua criação, a 24 de Novembro de 2008. O CAS nasceu sob o estigma da sombra tutelar DeAlém, mas depressa soube exorcizar o fantasma dessa alma errante, o que é sem dúvida a sua primeira vitória.
Assumidamente modesto nos seus propósitos, o CAS parece querer ser apenas um Clube de afectos cujos objectivos se esgotam na confraternização entre os seus associados. Fiel a este entendimento o CAS resistiu à tentação das concentrações mil de Abril e programou para 20 a 24 de Fevereiro o seu I Encontro por terras do Nordeste Transmontano.
O pretexto parece ser o sempre agradável esplendor das amendoeiras em flor, mas o que me leva a sublinhar aqui esta iniciativa do CAS é a preocupação que se percebe ter informado a definição do seu programa. O CAS soube integrar no programa do seu encontro a valorização de marcas identitárias da nossa história cultural, como é o caso dos Caretos de Podence, e valorizar a Área de Serviço para autocaravanas construída pela CM de Moncorvo.
Um exemplo que não posso deixar de aplaudir, sobretudo quando há por aí quem se empenhe em vender máquinas para áreas de serviço mas, uma vez recebido o dinheiro e saboreada a patuscada paga pela Autarquia, vire costas sem querer saber da utilização dada à área de serviço, ou mesmo à sua simples divulgação. Infelizmente, no autocaravanismo nem sempre consciência colectiva e interesse individual se conjugam de forma adequada. O que do meu ponto de vista assume gravidade maior quando tais comportamentos são legitimados por um clube com a responsabilidade institucional que recai sobre o CPA. O caminho que o CAS indicia querer seguir com esta iniciativa é diferente, e felicito-o por isso.

Aos membros do CAS, desejo boa viagem por esse lindo recanto de Portugal.
Raul Lopes

domingo, 25 de janeiro de 2009

Parabéns ao CPA!


Hoje, 25 de Janeiro de 2009, o CPA-Clube Português de Autocaravanas faz 19 anos.

Estranhamente a Direcção ignorou o facto. O Ano passado ainda convidou os sócios para um cálice de Porto na Sede, mas este ano não teve nada para oferecer. Mostra assim que os actuais dirigentes já deram ao Clube tudo o que tinham para dar.

Já não sou sócio do CPA, mas tenho memória. Por isso hoje não posso ignorar que aqueles que há 19 anos ousaram criar o CPA foram pessoas corajosas, foram pessoas que souberam escrever com dignidade a primeira página do movimento associativo autocaravanista em Portugal. Depois deles, uns milhares de outros se lhes foram juntando. Muitos foram os que à sua maneira deram o seu melhor para construir um Clube que a todos os autocaravanistas dignifique. Todos mereciam que a Direcção soubesse preservar a sua memória e cultivar o seu exemplo, em vez de reescrever e apagar a história do Clube e do autocaravanismo.


Na hora de assumir a responsabilidade história desta herança e ousar enfrentar os desafios que ao autocaravanismo se colocam, os actuais dirigentes do CPA não se revelaram à altura da tarefa, nem da memória colectiva do Clube. Mas ainda que se não vislumbrem razões para felicitar os dirigentes, o Clube está de parabéns.

Assim sendo, desta tribuna endereço os meus parabéns a todos os que ajudaram a fazer do CPA o que ele é hoje, e especialmente àqueles que teimam em querer dar-lhe um rumo de que todos os autocaravanistas possam orgulhar-se.


Raul Lopes

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

E o cenário romântico ali tão perto…

O texto seguinte da autoria da nossa companheira Paula Vidigal é um exemplo claro de que o autocaravanismo como forma de turismo itinerante não tem mesmo nada a ver com o campismo. Agradecemos à Paula não só a prestável colaboração mas sobretudo o interessante testemunho do que é Ser e Sentir-se Autocaravanista, desta vez viajando de Lisboa às românticas colinas de Sintra.
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Um fim-de-semana frio, chuvoso, de neve até. Mas não foi isso que nos impediu de dar um giro.
À semelhança de outras etapas, a 1ª noite seria dormida em Lisboa. Não já no sítio do costume, mas uns metros antes, perto do Museu da Electricidade. Só porque reparámos que era por aí que parava a malta e no outro local não havia vivalma. Quer isto dizer que se confirmam os rumores de que ao lado do Padrão já não é possível?! Ficámos sem saber, porque não chegámos a ir lá.
Lisboa é sempre espaço e tempo para fazer rotas históricas, culturais, ou comerciais. Para além da praia, das caminhadas, do andar de eléctrico, metro, comboio…
Desta vez foi a vez do cinema.



Ensaio sobre a cegueira, baseado na obra de José Saramago, que é em tudo muito mais que o filme: mais palavras num estilo inconfundível (o de Saramago) que ali nem se vislumbra; mais romance (o filme toca ao de leve a história de amores da prostituta e do velho negro); mais violência; mais sofrimento; mais dor… mas normalmente entre o filme e o livro, prefere-se sempre o livro, por isso não é nada de novo.
Mas ainda assim a brancura do leite da cegueira, os ângulos e planos de Fernando Meireles são únicos. O filme é para ver, sim senhor. E gosta-se.
A música da chuva no tecto da Casinha dá-lhe aquele tom de balada mesmo boa para embalar e… adormecer.
Acordar e ter como pequeno-almoço uns pastéis de Belém também é outra espécie de balada… gustativa.
Se não fossemos preguiçosos, poderíamos ter visitado o Palácio da Pena pela manhã de domingo, o que implicava visita grátis. Assim, da parte da tarde, armados em indolentes e dormentes, há que puxar os cordões à bolsa e pagar 20€ (bilhete familiar).
Com o frio nada como subir o íngreme caminho até ao Palácio. Debaixo dos polares e das lãs, a humidade sua e aquece.
Chegados ao topo do portentoso edifício, até nos esquecemos que faz frio e não está sol, porque os cortes e recortes, formas e cores são um apelo à fotografia. Pena que a Pena não esteja mais brilhante de cores. Umas limpas e renovadas demãos não seriam pedir de mais. D. Fernando II agradeceria.




Que rei foi este que no alto do monte espesso e denso de vegetação se lembrou de erguer tão insólita construção?
De nome Fernando Augusto Francisco António de Saxe-Coburgo-Gota, passou à história como "O Rei-Artista".
Não terá sido ele o artista de tão sublime castelo, mas a sua mente artista maravilhou-se do topo escarpado, das ruínas (por essa altura o que existia era um velho convento), do Castelo dos Mouros, das matas.





Em pleno romantismo o espaço não podia ser mais romântico e daí que, o Rei-Artista, casado com a Rainha D- Maria II, o mandasse edificar, como sua residência de Verão. Um paço acastelado romântico, verdadeiramente eclético, no qual se encerra um autêntico manual de estilos arquitectónicos: neogótico, neomanuelino, neo-islâmico, neorenascentista, com outras sugestões artísticas como a indiana.
Era a moda do exótico, do insólito, da paixão pelo “horror ao vazio”, ou seja, o Romantismo.
Visitar as suas salas e decoração até dói. Cada canto e recanto conhece mais uma cadeira, um otomano (sofá oriundo dos otomanos), mesa, cadeira, arca, cofre, e em cada mesa mais bricabraque, mais madeira, mais almofada, mais madrepérola. A vista sai dali cansada. Olha-se através da vidraça e a profusão continua, até a vegetação ocupa tudo sem deixar um espaço vazio. Novamente ideias do monarca que até na vegetação pensou, encomendando-a de outros países e até continentes.



(Tritão simbolizando a alegoria da Criação do Mundo.)

Do palácio até à praia, basta seguir a linha do eléctrico. Mas na praia (das Maçãs) estava um vento ciclónico, pouco simpático para embalar o sono…
Optámos por Sintra.
Pernoita num relaxe profundo (coordenadas: N38.79688º W009.38849º)




A Câmara de Sintra podia pensar em arranjar aquele parque de estacionamento com algumas facilidades para AC: bastava um ponto de água e sítio para despejos. Mas se calhar não vão achar boa ideia, porque ao que parece vão construir ao lado um novo museu. Por outro lado, se Sintra tem mais museus por metro quadrado do que qualquer outra vila ou eventualmente cidade portuguesa, talvez acolhesse bem a ideia. A avaliar pela procura (mais 3 AC estavam por lá e duas eram estrangeiras), talvez fosse mesmo uma boa ideia. Afinal Sintra é uma pepita e pérola turística.



O mau tempo agudizou-se, o que não favoreceu muitas mais saídas.
Ao cair da noite (ainda por cima tão cedo…), por que não actualizar leituras?
O mais recente de Anne Perry, por exemplo: O cadáver de Bluegate Fields.


Na capital londrina de finais de séc. XIX, um novo crime emerge. Apesar da passagem dos séculos, um tema eterno e tão actual: um jovem de boas famílias assassinado, abusado homossexualmente. A primeira suspeita recai no preceptor, mas conhecendo a faceta crítica da autora, suspeito que a balança vai pender para um outro culpado, no seio da aristocracia britânica.
A veia crítica de Anne Perry retrata sempre a hipocrisia da dita “society”, regida por uma ética absolutamente fingida e falsa, cujo verniz salta ao longo da narrativa, para vermos os lords e as ladies, a serem os maus da fita.
«Anne Perry tem duas forças: personagens memoráveis e uma capacidade única de evocar com uma enorme minúcia a sociedade victoriana.»
The Wall Street Journal
«Anne Perry consegue escrever policiais vitorianos de fazer inveja até a Charles Dickens.»
The New York Times Book Review



Sintra ainda assim com alguma luz...




No regresso, paragem em Setúbal para uns chocos fritos acompanhados com batatas fritas. Um outro modo de terminar os passeios sem sol: apurando o paladar com a boa gastronomia portuguesa.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Autocaravanistas na AR: no final, tudo como dantes, e o CPA pior do que nunca

No dia 20 de Janeiro, a Subcomissão de Turismo da Assembleia da República recebeu 6 autocaravanistas que integravam uma delegação do MIDAP. Em rigor quem se deslocou à AR não foi uma delegação mas a quase totalidade dos membros do MIDAP, conforme facilmente se pode concluir comparando as fotos dos presentes na AR e na última reunião plenária do MIDAP.

Houve quem se apressasse a referir que ontem se escreveu a história do movimento autocaravanista na AR, esquecendo-se que a verdade vem sempre ao de cima e que por mais mentiras e mistificações que se façam, a história que conta é a que fica registada na memória e na consciência colectivas.
Mas compreendemos este embandeirar em arco com a reunião, pois era preciso disfarçar o fundamental: estes 6 qualificados autocaravanistas saíram da AR com uma mão vazia e outra cheia de nada. Como aliás qualquer pessoa conhecedora da Ordem Jurídico-Constitucional portuguesa sabia de antemão que aconteceria.

Por isso, para a história vai ficar que este foi o dia onde alguns se puseram em bicos de pés fingindo ter uma representatividade que não têm, e o dia em que pela mão do seu presidente Ruy Figueiredo o CPA se prestou à mais completa humilhação.

O CPA permitiu-se aparecer na AR como parte de uma delegação de um "Movimento ainda em formação" (MIDAP), com o mesmo estatuto que é atribuído ao "circulo" que é "uma associação sem personalidade jurídica de tipologia informal" (CAB), a uma secção de autocaravanismo inactiva à vários anos (CCL-autocaravanismo), a um Projecto que é apenas e só um fórum, (Projecto Camping Car Portugal) e - a cereja no topo do bolo - o “observatório”, pretensa ONG que nem sequer está formada e que apenas existe na mente de uma só pessoa que precisa de um pretexto para se exibir.

O CPA é filiado na Federação de Campismo e fazia parte de um Grupo de Trabalho sobre o Autocaravanismo por isso consideramos legítimo que Ruy Figueiredo tenha estado na AR em 2005 integrado numa delegação da FCMP.
Mas ir à AR como parte de uma delegação do MIDAP, é coisa que se não entende. Ou por outra, entende: Ruy Figueiredo esqueceu as responsabilidades do cargo que ocupa, não hesitando em sacrificar os interesses do Clube ao apelo da vaidade pessoal. Será por ter esse peso na consciência que em vez de se dirigir directamente aos sócios encarregou essa figura abstracta que é o InfoCPA para lhes comunicar o que lá se tinha passado?

Depois de confirmar que a reunião na AR não passou de uma visita de cortesia aos senhores deputados, e que esta tão qualificada delegação apenas se representou a si própria na AR, o comunicado “oficial” do MIDAP informa-nos que foi entregue aos deputados o grande tratado jurídico - DIREITO AO AUTOCARAVANISMO - um hino à arte da mistificação, onde se confunde o enunciado de princípios gerais com normativos legais de regulamentação da actividade autocaravanista.
Nem sequer faltou a reafirmação tola de que todos os problemas legais do autocaravanismo se resolvem com a criação de um sinal onde esteja o pictograma de uma autocaravana, por forma a que passe a haver suporte legal para... enviar as autocaravanas para os campings. É óbvio que os autocaravanistas não precisam de nenhum direito AO autocaravanismo, pelo simples facto de que ninguém o proíbe. O que os autocaravanistas precisam é de legislação que fixe o Direito DO Autocaravanismo que nos assegure a liberdade de responsavelmente sermos autocaravanistas.
Os autocaravanistas não precisam de mais sinais de trânsito, precisam é que a Lei ponha fim à perseguição das autocaravanas legalmente estacionadas no espaço público.

O resto não passa de conversa da treta, trocadilhos de palavras que apenas servem propósitos narcisistas. Tal simulacro de “documento”, assim como o seu irmão Relatório do Estado da Nação Autocaravanista, não recebeu da comunidade autocaravanista qualquer comentário substantivo, pela simples razão de que não merece sequer discussão. Apenas merece que os ignoremos. Estranha-se pois que o CPA (que nunca colocou à consideração dos seus sócios tal assunto) tenha agora legitimado a sua entrega na AR, assim como de “documentos” que contêm afirmações profundamente lesivas dos interesses dos autocaravanistas. Salvo melhor opinião, este gesto é um insulto à inteligência dos deputados que democraticamente escolhemos como legítimos representantes da Nação, e uma desconsideração a todos os autocaravanistas portugueses e particularmente aos sócios do CPA que confiaram na sua Direcção para defender os seus interesses.



NOTA: A imagem que iustra este post, é cópia do documento oficial da Assembleia da República, onde não é feita qualquer referência ao CPA mas sim ao MIDAP, perguntando-se, então, a que título Ruy Figueiredo lá esteve? E o que esteve a fazer no almoço onde se pediu o agendamento da reunião?

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Uma aventura rumo ao Ártico: parte I

1.ª PARTE – ATÉ BERGEN NA NORUEGA

Partimos de Vila Franca de Xira rumo ao Cabo Norte, mítico local, considerado o ponto mais setentrional do Continente Europeu (71°10′21″N, 25°47′40″E).

Equipados para um mês de viagem, na nossa “casinha itinerante” não cabíamos em nós de expectativa e emoção. A estrada e a Liberdade que ela nos transmite como Autocaravanistas estavam ao nosso dispor por 30 dias.

Sem relógios nem hora marcada, a nossa viajem ficava condicionada apenas ao nosso próprio ritmo e interesses, salvo algum contratempo que pudesse acontecer.
Sem gps, foram os “velhinhos” mapas Michelin que foram ajudando na tarefa de encontrar o “norte”. E que norte nos esperava!

Não era a primeira grande viagem que fazíamos. Anos antes havíamos “zarpado” rumo a Istambul, num percurso de 12.500 km através de cerca de 2 dezenas de países. Mas na hora de uma nova partida, a “excitação” sempre reaparece.

Mas o Cabo Norte sempre esteve nos nossos “sonhos” de autocaravanistas. Dizia-se que, por lá, eram às centenas e que esse local era uma espécie de “Meca” para todos os amantes da modalidade.

Não nos arrependemos e, se pudéssemos, partiríamos hoje e agora, para rever aqueles lugares distantes que marcam inexoravelmente quem os visita.

A nossa primeira paragem “obrigatória” seria na Holanda. Os nossos filhos ainda pequenos queriam ficar por lá com os primos, em casa da minha cunhada, casada com um holandês. Foi assim que nos demoramos dois dias em Leeuwarden, na Friesland, no norte daquele país das flores, de diques e muitos canais, onde alguns naturais residem em barcos, e da extensa planície de verdes pastos, paraíso para as vacas e, nas cidades, para os ciclistas!


Pesarosos da separação, saímos pela Alemanha rumo à Dinamarca onde, no início da noite, chegaríamos a Frederickshavn a tempo de apanhar o 1.º de vários “ferryes” que teríamos de utilizar na ida e regresso da Escandinávia. À ida, a Dinamarca seria apenas um ponto de passagem. Só no regresso pretendíamos visitar a capital.

Do outro lado, já na Suécia, esperava-nos Gotenburg, depois de uma, relativamente curta viagem num mar algo “encapelado” pelo vento que se fazia sentir. A luminosidade difusa sentida àquela latitude pelas 24 horas fazia-nos já sentir um “cheirinho” do Sol da Meia-noite que ambicionávamos alcançar para lá do Círculo Polar Ártico.

Depois de sairmos do porto rumámos para norte e, cerca de 2 horas depois, cansados, parámos numa área de repouso, bem cuidada, com wc e informações turísticas que consultámos na manhã seguinte.

Foi com um sol radioso que acordámos dispostos a prosseguir a nossa viagem cuja escala estava programada para Oslo, já na Noruega, esse país dos vikings, estreita faixa de terra montanhosa que o mar “rasga” e de onde nos vem o “nosso” bem querido bacalhau.

Por entre uma paisagem lindíssima e uma vegetação diferente daquela que encontramos aqui no sul, chegámos à periferia da capital, onde uma entrada de carro vale uma portagem. Os noruegueses levam muito a sério a protecção ambiental. Apesar de produtores de petróleo, a Noruega tem o combustível, quiçá, mais alto da Europa.

Assim, aparcamos a AC num camping, cujo nome já não recordo, mas relativamente próximo da cidade e localizado junto a um “braço” de mar, num belo recanto de águas calmas, com uma pequena praia e floresta.

No dia seguinte, logo pela manhã, feita a higiene nas instalações do camping, partimos de “bus” para o centro da cidade. Gostámos, particularmente, da zona da marina, com centenas de embarcações de recreio, esplanadas e os jardins com estatuária extraordinária.


No final do dia, exaustos, regressámos à nossa “casinha” para, depois de um justo descanso de uma noite bem dormida, seguirmos pelo interior, rumo à cidade de Bergen, que nos recebeu numa área especificamente criada para AC (Bobil Senter) onde, para além do despejo, abastecimento, electricidade, dispunha de balneário para duche quente, tudo por uma quantia razoável paga ao guarda do local.

Ainda, nesse dia, fizemos um pequeno reconhecimento da cidade, já que a AS ficava a menos de 10 minutos a pé do centro. Bergen chegou a ser a sede da poderosa Liga Hansiática, entidade que dominou todo o comércio no báltico.
Aproveitámos, então, para comprar os bilhetes “combinados” que nos levariam, no dia seguinte, até Fläm, primeiro num comboio normal até Myrdal e daí, para o “berço” do Sognefjord no Flamsbana (http://www.flaamsbana.no/eng/Index.html), um comboio especialmente concebido para descer, em 20 km, os cerca de 1000 metros de altitude que separam Myrdal das águas do “fjord” onde fizemos, em catamaran um cruzeiro de regresso a Bergen.


A descida de comboio é simplesmente espectacular e emocionante, por entre trilhos íngremes, bordejando precipícios, atravessando túneis e parando para fotografar deslumbrantes quedas de água, o Flamsbana deixa-nos uma sensação de aventura inesquecível.


Cá em baixo, esperava-nos Fläm, pequena localidade ponto de partida para outra aventura e outros deslumbramentos. Situada no “fundo” da garganta do fiorde, dela partem (e chegam) diversas embarcações que sulcam as calmas águas de um dos principais fiordes noruegueses. No bilhete “combinado” que adquirimos optámos por regressar a Bergen num catamaran e não ficámos desiludidos.
Confortável, relativamente rápido, permite uma visibilidade para o exterior que se adequa às “necessidades” fotográficas do “turista”.
A paisagem é magnífica e poderosa. Sentimo-nos brutalmente diminutos perante a grandiosidade da “mãe” Natureza. A entrada em Bergen pelo mar, ao fim da tarde, foi igualmente bela, mas já nostálgica.
O dia seguinte reservámo-lo para uma visita mais demorada à cidade. O bairro antigo de arquitectura única, património da humanidade, título obtido da UNESCO em 1979, é um dos ex-libris desta cidade que já foi a capital da Noruega.



A subida de funicular ao monte Floyen onde um miradouro domina a cidade dos “trols”, é outro ponto a não perder. Do cimo dos seus 320 metros conseguimos uma panorâmica única sobre a cidade e arredores. Em baixo, podemos encontrar por perto o conhecido “mercado do peixe” que vende, igualmente, marisco, frutas e flores, num colorido único, a merecer uma visita obrigatória.

Ficámos com vontade de por lá continuar, mas o calendário não nos permitiria tal ousadia se quiséssemos alcançar o “norte”. Assim, no dia seguinte, empreendemos um estratégico retorno à Suécia, país que escolhemos como “auto-estrada” rumo ao Cabo Norte.
Foi com muita pena que não prosseguimos pela recortada costa norueguesa. Mas tal implicaria muito tempo e custos acrescidos pelo custo superior do gasóleo e pelos inúmeros “ferryes” que teríamos que tomar. Um dia, se pudermos dispor de tempo ilimitado e orçamento adequado, gostaríamos de voltar lá usando a costa norueguesa, já que temos consciência que muito ficou por apreciar.

(continua)

Laucorreia

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Direito de resposta, ou uma questão de educação?

Quando nos cruzamos na rua com alguém que nos dirige a palavra, naturalmente correspondemos-lhe. É uma questão de boa educação.

Quando um amigo nos envia uma mensagem para o telefone ou para o email, nós devemos responder-lhe. É uma questão de boa educação.

Cimentado nesta boa norma de educação, o Código Administrativo acolheu o princípio de que os cidadãos têm o direito a obter resposta das instituições públicas. Por isso definiu muitas vezes que os requerimentos não respondidos em tempo útil obtêm deferimento tácito.

Por isso as instituições e os dirigentes que se prezam em respeitar aqueles a quem servem adoptam como procedimento de rotina confirmar ao remetente toda e qualquer comunicação recebida.

Como é diferente a prática que se observa no autocaravanismo em Portugal.

  • Aparentemente por desconhecimento desta regra de respeito, várias vezes vimos no autocaravanismo exibir como troféu uma simples resposta protocolar de uma qualquer entidade pública. Resposta do género “tomámos nota da ocorrência” (o que significa, damos a nossa função por cumprida, agora lavamos daí as mãos). Ainda recentemente os dirigentes do MIDAP se prestaram a este número patético, exibindo um ofício protocolar de um Ministério como prova de que o Governo estava sensível às suas preces. Isto é laborar em erro e é criar falsas expectativas nos autocaravanistas. Praticado por quem sabe o que está a fazer, é desonestidade intelectual.
  • Por sua vez, os actuais dirigentes do CPA (individual e colectivamente considerados) repetidamente têm exibido o seu autismo às interpelações públicas e privadas que os sócios lhes dirigem (eu próprio sou disso testemunha directa). Ao fazê-lo esquecem que não são donos do Clube, e esquecem que não fazem favor nenhum aos sócios em ocupar os cargos de direcção ou em responder-lhes.
  • Pelo contrário. O favor que fizeram ao Clube foi o de se disponibilizarem para o gerir, mas as mordomias inerentes a esse favor cessam no momento em que são eleitos para o cargo. Uma vez eleitos assumem a responsabilidade de gerir o Clube no respeito pela vontade e na defesa do interesse dos sócios. Ora, num Clube com órgãos ocupados por pessoas que prezem o seu bom-nome e que se queiram merecedoras do respeito dos sócios, a primeira coisa que têm a fazer é revelar respeito pelos sócios. Uma das formas básicas de o fazer é reconhecer-lhes o direito à informação, e o direito a obter resposta. Ao menos uma simples notificação protocolar do tipo: “confirmamos a recepção da sua mensagem a qual oportunamente nos merecerá ponderada atenção”.
  • Além do mais, esta é uma questão de boa educação. É para mim inconcebível que haja no movimento associativo dirigentes que respondam ao gesto de saudação de um qualquer autocaravanista desconhecido com que se cruzam na estrada, mas que não usem de semelhante cordialidade no trato com os sócios do Clube que dirigem.
Ao que chegou o autocaravanismo a que com afecto dei o meu melhor contributo.

Para onde vai o autocaravanismo português?

Raul Lopes

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Informação

Na Tribuna Autocaravanista cultiva-se a liberdade de expressão, mas também a selectividade responsável sem a qual a liberdade perde o sentido.

Por isso informamos que não publicamos "comentários" que nada tenham a ver com a mensagem respectiva, e/ou que contenham links promocionais para outras páginas web.

Quo Vadis Decarvalho?

O Prof. Doutor Nandin de Carvalho, aliás Decarvalho, parece empenhado em reescrever a história do autocaravanismo e a sua própria.

Já o vimos apresentar a primeira factura do convite para o almoço na AR quando se serviu do Presidente do CPA, Ruy Figueiredo, para reescrever a história e afirmar que foi pela sua mão que o autocaravanismo chegou pela primeira vez à Assembleia da República e que o presidente do CPA não teria estado na AR em 2005. Em baixo reproduz-se um texto da autoria de Júlio Almeida e Costa (à data Vice-Presidente da Federação), publicado na Revista da FCMP.



Pode-se ler neste artigo que a delegação da FCMP foi constituída pelo seu Presidente, Vice-Presidente e 4 dirigentes (leia-se dirigentes associativos dos 4 clubes que integraram o Grupo de Trabalho. Se fossem dirigentes da FCMP teria sido escrito Directores.....)


Mas antes deste número de magia já ele havia substituído a roupagem do simplesmente Decarvalho para se apresentar como o Prof. Doutor Nandin de Carvalho, autor do Direito ao Autocaravanismo, patétice que exibe como uma mistificação do direito do autocaravanismo (que como todos sabemos não existe). Por este andar ainda um dia vamos ficar a saber que foi Decarvalho quem inventou o autocaravanismo, repete-se: turismo itinerante rodoviário motorizado.

Perseguido pela imagem do seu próprio passado, decidiu agora retocar o seu perfil. Vai daí apagou do seu Blog o post aí colocado no dia 25 de Maio de 2007, onde, num gesto de vaidade sem precedentes, se exibia com as vestes, colar e espada de Grão Mestre da Maçonaria Regular, anunciando à Nação Autocaravanista a sua superior qualidade .
Qualquer dia ainda manda retirar do site da maçonaria a informação que ai consta sobre si para depois nos vir dizer que nunca foi maçon.

Reproduz-se aqui a página do Blog do AlenquerCamping que entretanto foi apagada. Será que algum advogado o aconselhou a apagar os posts no seu próprio blog? Se foi isso, tem muito que apagar, embora já tenha treino na tarefa. Mas também não valerá de muito... O comando copy pode ser muito precioso.....

Para quem ameaçava processos atrás de processos por violação do direito ao uso de pseudónimos e de preservação de identidade, afinal foi o primeiro a violar a sua própria identidade... será isso passível de processo no DIAP?

Facilmente podemos pesquisar e encontrar na Net as suas desventuras. Por aí ficamos a saber que depois de ascender ao topo da maçonaria acabou por dela sair pela porta pequena das traseiras, mas certamente não é isso que o faz correr a branquear o seu passado entre os autocaravanistas.

Afinal o que esconde e para onde quer ir Decarvalho?

Nuno Ribeiro

sábado, 17 de janeiro de 2009

GNR autua Autocaravanistas

Foi publicado ontem no Diário de Notícias uma notícia sobre uma acção de fiscalização ocorrida na 5ª feira em várias praias do litoral algarvio por parte do Destacamento de Silves e do SEPNA da GNR.

Destaca-se o péssimo trabalho jornalístico uma vez que não são referidas objectivamente as razões que levaram a GNR a levantar autos de contra-ordenação a metade dos autocaravanistas interpelados.

É notória também a atrapalhação e a confusão do jornalista na análise ao fenómeno do autocaravanismo. Atente-se por exemplo, na utilização da expressão "campismo selvagem em locais proibidos" como se existissem em Portugal locais permitidos para a prática de campismo selvagem.....

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

O autocaravanismo português está a enterrar-se no lodo

Como é sabido fui dirigente do CPA até Janeiro de 2008. Dai para cá fui alvo de toda a espécie de ataques dentro do CPA, muitas vezes com o envolvimento da actual Direcção numa campanha de lavagem da história do Clube. Parece que queriam fazer esquecer o trabalho feito para que não se notasse que não estavam a fazer nada. Nos primeiros meses do ano limitei a minha intervenção pública ao que considerei necessário para repor a verdade dos factos e defender o meu bom-nome. Só recentemente passei a tornar pública a minha apreciação do rumo que o Clube tem vindo a seguir e dos caminhos errantes do autocaravanismo português. Mesmo sobre o dito MIDAP, não obstante a errante adesão do presidente do CPA, só me pronunciei sobre ele 3 ou 4 meses depois de criado, justamente quando se tornou clara para mim a sua razão de ser.

Não tenho conseguido esconder a minha apreensão e o meu desencanto com o rumo do CPA e do autocaravanismo português em geral, do qual o CPA continua (??) a ser o principal suporte institucional. Mas é óbvio que me não assentam as críticas de que tudo ataco, insulto, etc.

Não tenho consciência de ter atacado ninguém que me não tenha previamente ofendido. Sim, confrontei ideias e critiquei duramente comportamentos de pessoas que se tornaram protagonistas do movimento autocaravanista. Mas criticar ideias e comportamentos não é atacar pessoas, e quem se expõe em qualquer domínio da vida pública tem que aceitar ver escrutinados na praça pública os seus comportamentos e o seu carácter moral. Podemos aceitar ter como líder alguém que não nos dá garantias de se comportar como pessoa séria e ponderada?

Na vertiginosa trajectória com que vem conduzindo o autocaravanismo português para o mais espesso dos lodos, o Prof. Doutor Luís Nandin de Carvalho parece ter esbarrado no meu fantasma. De outra forma não consigo entender a insistência com que vai vasculhar no fórum do CPA para encontrar entre as minhas 1200 mensagens algo que possa usar como arma de arremesso. Outras vezes limita-se a atirar a pedra e a esconder a mão, fazendo comentários jocosos ora explícitos ora encobertos e sobretudo insinuações torpes, naquilo que objectivamente configura uma tentativa de assassinato de carácter. Ou seja, o sr. Prof. Nandin de Carvalho (a coberto dos múltiplos pseudónimos em que desdobra a sua personalidade), comporta-se como um inimputável a quem tudo é permitido dizer. Mas se alguém o critica (como é manifesto estou muito bem acompanhado nessa tarefa) clama que é uma injustiça e berra pela polícia. Se não é atendido faz aquele número recorrente da virgem ofendia e ameaça com os Tribunais.

Perante algumas pessoas tem conseguido os seus intentos: amedrontar para que ninguém se atravesse no seu caminho. Bem se vê que apesar de tantas horas que tem passado a ler o que escrevo não consegue entender-me. Eu não me deixo intimidar com ameaças patéticas, nem preciso de me esconder por detrás das penas de falcão nem das almas depenadas do Além. Concordem ou não com o que digo há uma coisa que todos me farão a justiça de reconhecer: eu digo o que tenho a dizer com frontalidade e lealdade, não atiro a pedra e escondo a mão.

O pretexto para a última rábula do Prof. doutor Luís Nandin de Carvalho foi um encontro que promoveu com o deputado Mendes Bota. Agora exibe a cabeça de Ruy Figueiredo nesse encontro como quem exibe um troféu de caça. Vai dai escreve coisas destas (no caso concreto no fórum do CPA):

  • Pela primeira vez o CPA estará pois presente numa reuniao com parlamentares da AR . Repete-se: a acta da Subcomissao de Turismo da AR de 2005, por mim divulgada neste forum, entre outros locais, é verdadeira. A AR nao falsifica documentos oficiais. Ruy Figueiredo nao estava na delegaçao da FCMP. Isto ja foi desmentido pelo próprio em alto e bom som no referido almoço perante testemunhas qualificadas.
  • Daqui resulta que um post que (ainda) se mantem neste forum acusando Decarvalho de mentir, ser mentiroso etc. constitui uma infâmia, uma injuria e uma difamaçao. Tal nao apenas descredibiliza totalmente e mais uma vez o seu autor, mas incrimina-o, isto é, configura mais do que um crime previsto e punivel pelo codigo penal, e por isso uma impressão dessa mensagem ja esta a caminho do processo em curso e pendente no DIAP.
  • É pois lamentável que neste forum ... se assista ao .... mobbing e o haressement, instigado e organizado, persegue-se incontidamente, faz-se assédio e a tentativa de assassinato de caracter, com insinuações, acusações, e dislates descontrolados que constituem crimes, e sao impensaveis entre pessoas civilizadas, e num Estado de Direito. De fcato não se ve elevaçao nas trocas de ideais e impresoes, assiste-se ao ataque pessoal gratuito, com o unico objectivo de achincalhar.
  • ... Sempre os mesmos, sempre a mesma assuada, sempre a mesma concertação, sempre a mesma associação criminosa. É tempo de quem assim procede consultar urgentemente um advogado para ser aconselhado, enquanto não apaga os seus posts incriminadores.

De todo este arrazoado, que já começa a ser repetitivo, releva a questão da presença ou não de Ruy Figueiredo na audiência que a Comissão de Turismo da Assembleia da República concedeu à Federação de Campismo em 2005. A questão não teria qualquer interesse, não fosse o facto de ela colocar à prova o carácter das pessoas envolvidas. Alguém nesta história está a mentir. Alguém nesta história se está a comportar para além dos limites do tolerável.

Quem não esteve na audiência da AR fui eu, que à data não era sequer dirigente do CPA. Mas, sentado no sofá da minha própria sala, recebi cópia da documentação ai distribuída e ouvi da boca do presidente do CPA o relato pormenorizado do que na AR se passou. Passaram 4 anos e porventura Ruy Figueiredo perdeu a memória dos factos. Os mesmos factos que com assinatura do CPA foram assumidos no Fórum do clube quando ai se escreveu: Há cerca de um ano, no dia 12 de Julho de 2005, o Presidente do CPA integrou uma delegação chefiada pela FCMP que foi recebida na Assembleia da República onde apresentou uma proposta legislativa sobre autocaravanismo.

Apesar desta informação oficial do Clube no fórum ter 2 anos e meio, nunca Ruy Figueiredo sentiu antes necessidade de negar que tenha estado na AR integrado na delegação da FCMP. Então porque haveria agora de concluir que o que de mais importante tinha para dizer ao sr. deputado Mendes Bota era de que nunca tinha estado na AR? Se a isso se resumem as ideias e propostas legislativas do CPA para defender os interesses dos autocaravanistas, mal vai o autocaravanismo.

É sabido que Ruy Figueiredo não tem muitas ideias sobre o assunto, mas nada o obrigava a ir para a AR fazer tais declarações. Se o Ruy queria desmentir que lá esteve devia tê-lo feito no fórum do clube (que foi onde a questão surgiu), não na AR.

Com estas declarações Decarvalho pode agora entregar-se à arte da mistificação em que é GrandeMestre e dizer que a Acta da AR prova que Ruy Figueiredo não esteve lá porque “a AR não falsifica documentos”.

Claro que a AR não falsifica documentos, mas também não prova nada do que tem vindo a ser dito. Simplesmente a Acta é imprecisa, pois não identifica quem esteve realmente presente. Diz, estiveram presentes: o Presidente e o Vice-Presidente da FCMP, além de outros elementos da Direcção.

Quem eram os outros elementos que os srs deputados tomaram por elementos da Direcção da FCMP? Um deles era Ruy Figueiredo, que esteve presente na reunião mas que a FCMP desconsiderou quando nem sequer o apresentou, ao passo que o Presidente do CPA também não tomou a iniciativa de o fazer e só pontualmente usou da palavra para esclarecer uma dúvida suscitada por um deputado.

É forçoso perguntar: porque fez agora Ruy Figueiredo estas declarações, que nem correspondem à verdade nem têm qualquer interesse para a defesa do autocaravanismo?

Não há outra resposta para a questão que não seja esta: para permitir ao Decarvalho vir para a praça pública fazer chicana com a questão, usá-la como arma de arremesso contra mim. Ou seja, Ruy Figueiredo em vez de ir à AR defender os interesses dos autocaravanistas foi lá para se prestar a este papel humilhante de fazer o frete de dizer aquilo que lhe encomendaram. Sacrificou os interesses do autocaravanismo à baixeza das questiúnculas da vaidade pessoal.

É esta a dura conclusão, e é precisamente por isto que a questão da presença ou não do CPA na AR em 2005 é da maior importância. Ruy Figueiredo desceu baixo de mais, deixou-se instrumentalizar e esqueceu-se das responsabilidades inerentes ao cargo que ocupa para se permitir entrar no jogo do vale tudo, não importa como se lá chega, o que importa é que se chegue.

Fico profundamente triste com isto.

Consigo aceitar que no meu Clube haja pessoas que se não sabem comportar e que passam o tempo a cuspir no prato da sopa. Mas não consinto que se sentem à mesa comigo.

Consigo aceitar que o Presidente do meu Clube seja uma pessoa sem algumas das qualidades e competências que o cargo reclama.

Consigo aceitar que o Presidente do meu Clube não tenha a visão estratégica necessária para conduzir o autocaravanismo pelos trilhos ambiciosos que eu gostava de ver trilhados.

O que eu não consigo aceitar é que o Presidente do meu Clube se sente à mesa com as tais pessoas que cospem no prato e tudo têm feito para se servir do Clube em vez de o servirem.

O que eu não consigo aceitar é que o Presidente do meu Clube se preste a comportamentos de baixo nível moral.

O que eu não consigo aceitar é que, pela mão do seu Presidente, o meu Clube aceite ser tratado em pé de igualdade com organizações virtuais e fantasiosas sem qualquer legitimidade democrática, humilhando, descredibilizando e arrastando para o lodo lamacento todos aqueles que dão a cara pelo Clube.

É pois um imperativo de consciência que conclua que o CPA deixou de ser o meu Clube, pelo que aqui torno pública a minha demissão de sócio.

Acreditem companheiros, é com tristeza que o faço!

Raul Lopes

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Não há almoços grátis....

No dia 9 de Janeiro, através do utilizador InfoCPA ficamos a saber pelo fórum do CPA que :

"O CPA vai participar numa reunião de trabalho sobre autocaravanismo com o deputado Mendes Bota, agendada pelo MIDAP."

Realça-se o facto de pela primeira vez nos últimos tempos a informação ter sido dada em primeiro lugar no fórum do clube e não noutro lado qualquer. Pórem, a direcção do CPA, mais uma vez deixa bem vincado que deixou de ser a locomotiva do movimento autocaravanista para se posicionar num lugar subalterno de uma qualquer carruagem de 4ª ou 5ª categoria!!!!

Ainda se tentou justificar o injustificável, mas se o cenário era desolador ainda mais negro ficou quando se legitimou o recurso ao tráfico de influências e à ajuda dos "lobyistas" profissionais, numa clara situação de não olhar a meios para atingir os fins... Este caminho, sinuoso e obscuro, é muito perigoso e uma vez percorrido não há meio de voltar atrás!!!! A "factura", mas tarde ou mais cedo, será inevitavelmente apresentada...

Finalmente no dia 12 de Janeiro ficou-se a saber pelo blog dos "traficantes" que afinal a reunião do dia seguinte era um almoço...

No dia 13 de Janeiro à noite aconteceu mais uma curiosa sucessão de posts no fórum do CPA e blogs afins aos "traficantes":

- No Blog do Círculo que já foi Clube, ficamos a saber que "representantes do Cab – Círculo de Autocaravanistas da Blogo-esfera reuniram com o Presidente da Subcomissão Parlamentar do Turismo, Dr. Mendes Bota. Estiveram igualmente presentes na reunião representantes do MIDAP – Movimento para Desenvolvimento do Autocaravanismo, do CPA – Clube Português de Autocaravanas e do Observatório Não Governamental do Autocaravanismo (em formação)." Anedótico.....como pode o CPA descer a este nível. Mas o que representa o MIDAP, o CAB e o ONGA???? Para compor o ramalhete só faltaram a Lady Nokia, o Herr Knausser e a Dona Rosa Fernandes.

- No Blog dos "traficantes" independentes , ficamos a saber que no "Almoço do movimento autocaravanista" foram "acordadas acções com o sr. Deputado e que terão uma importância decisiva para o Autocaravanismo". Hilariante....a arte da ilusão elevada ao seu máximo expoente!!! Representantes do movimento autocaravanista só há um. Apenas Ruy Figueiredo tem legitimidade para invocar tal estatuto. Os restantes nunca se submeteram a qualquer eleição democrática entre a comunidade autocaravanista. A maioria são de resto completamente estranhos aos autocaravanistas, e aquele que o não é (o "traficante-mor" deCarvalho) tem se tornado famoso pelas piores razões.

- No Blog do "traficante-mor" ficamos a saber que o importante contributo do CPA e do seu presidente foi a referência aos "dados estatísticos relevantes do relatório da CCRDA sobre o sector e perante estas testemunhas qualificadas desmentiu frontalmente que alguma vez tivesse sido antes recebido na AR integrado em qualquer delegação da Federação de Campismo." Fantástico....Como se o sr. deputado não soubesse o que se passa na sua região....e é CCDRA!!! o que o presidente do CPA quis dizer era que desmentia frontalmente que era o único que estava sentado àquela mesa que tinha sido antes recebido na AR integrado em qualquer delegação da Federação. Havia mais uma pessoa à mesa que esteve presente na AR há 4 anos.....

- Mas mau, mesmo mauzinho, que se lamenta profundamente, é o que podemos ler no fórum do CPA. O InfoCPA transmite-nos o seguinte sobre esta almoçarada: "Da reunião havida, hoje com o deputado Dr. Mendes Bota, além da informação prestada sobre o actual estado do autocaravanismo em Portugal, foi prometido pelo Sr. deputado a envidação de esforços para que seja realizada uma audição com a Subcomissão Parlamentar do Turismo. Espera o CPA,com esta presença, ter afirmado o seu lugar como o maior clube representativo dos autocaravanistas portugueses." Depois do anedótico, do hilariante e do fantástico, resta-nos o patético!!!!

Ser o maior clube representativo dos autocaravanistas é não se deixar condicionar nem iludir por pretensas manifestações individuais e egocêntricas sem qualquer representatividade, é ser digno e não se prestar a ser uma simples marioneta nas mãos de outrém, é ter ideias e propostas concretas e apresentá-las às entidades correctas, é defender os reais interesses dos autocaravanistas, é lutar por mais e melhores infra-estruturas para o turismo itinerante, é estar na linha da frente da defesa do autocaravanismo como turismo itinerante, é desempenhar o papel institucional de representante do autocaravanismo, é saber dizer NÃO a pessoas ou pseudo-entidades com agendas altamente duvidosas.

Nuno Ribeiro

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Condições legais de estacionamento e pernoita de autocaravanas na via pública

De há muito que venho dizendo que uma das prioridades do movimento autocaravanista tem que ser a de colaborar com as instituições públicas no sentido de criar normativos legais que enquadrem o autocaravanismo, consagrando-o como actividade de turismo itinerante que é, diferentemente do campismo.

Não é de agora que assim penso, por isso em Março de 2005 (quando não era sequer vice-presidente do CPA) elaborei por mim mesmo um texto em que verti a minha reflexão sobre a questão da utilização do espaço público urbano por parte das autocaravanas.

Funcionava então no âmbito da Federação de Campismo um grupo de trabalho para o autocaravanismo de que o CPA fazia parte, mas que em 2 anos de actividade (?) nada de concreto tinha produzido. Ofereci o texto que escrevi ao CPA que o submeteu ao dito grupo de trabalho. A FCMP adulterou-o modificando-o a seu belo prazer sem me dar explicações e... num cortejo a que se juntou Ruy Figueiredo (à data, tal como agora, presidente do CPA) foi entregá-lo ao presidente da Comissão de Turismo da Assembleia da República (então, tal como agora, presidida pelo deputado Mendes Bota, eleito nas listas do PSD pelo Algarve).


Algumas das particularidades do texto têm a ver com o facto de ter sido escrito para o CPA reforçar o seu papel dentro da FCMP, mas lido 4 anos depois continuo a achar que a sua maior limitação é a de se limitar a considerar o espaço público urbano. Porém, julguem-nos vocês: não quero ser juiz em causa própria.


Aquilo a que assistimos nas últimas semanas obriga-me a afirmar aqui que não tenho pretensões a iludir ninguém fantasiando como se tivéssemos legislação que não temos, nem pretendo mistificar as coisas para tentar tapar o sol com a peneira escamoteando os problemas que podem vir a resultar para o autocaravanismo da aprovação da recente Portaria que regulamenta o campismo.

Mas lamento profundamente que o CPA (que tem revelado uma completa ausência de ideias sobre a matéria) se tenha permitido deixar o seu presidente Ruy Figueiredo ir ontem almoçar com o Sr. Deputado Mendes Bota, pela mão das almas errantes de carvalho-seco DeAlém.

Todos teríamos ficado a ganhar se Ruy Figueiredo tivesse trocado o almoço pela dinamização de um debate sobre o assunto (por exemplo tomando este documento como ponto de partida) e se posteriormente fosse pelo seu próprio pé entregar as propostas do CPA para suprimir a lacuna jurídica do autocaravanismo em Portugal. Assim... limitou-se a perder a noção das suas responsabilidades e estatuto institucional.

Por tudo isto, sem pretensões de exibir títulos honoríficos de Prof. Doutor, mas em respeito pela memória colectiva do movimento autocaravanista e fiel ao dever de serviço público que me animou quando o escrevi, aqui submeto ao escrutínio público o texto a que tenho estado a referir-me.

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Definição das condições legais de estacionamento e pernoita de autocaravanas na via pública urbana: Pré-projecto

1. Razão de ser deste diploma

O autocaravanismo é um movimento de expressão europeia em acelerada expansão, com indiscutível relevância económica, social e cultural para o desenvolvimento local, especialmente das regiões de menor densidade turística. O autocaravanismo não é uma espécie de turismo de indigentes, até pelo seu custo, é uma filosofia de vida.

Actualmente circulam na Europa cerca de 8 milhões de caravanistas e 2 milhões de autocaravanistas. O número de autocaravanistas tem vindo a crescer na ordem dos 20% ao ano, formando uma enorme massa de consumidores itinerantes seja de combustíveis, de bens alimentares, de artesanato e outros produtos tradicionais, seja ainda de bens culturais. Mas, sobretudo, os autocaravanistas constituem agentes activos de divulgação dos atributos turísticos e da identidade cultural das comunidades que visitam e que bem os recebem. Muitas vezes as suas fotos e vídeos das paisagens e gentes que conheceram “correm mundo” com direito a relato boca-a-boca, seguramente a forma mais eficaz de marketing territorial.

A inexistência de regulamentação legal específica das condições de permanência na via pública de autocaravanas conduz a duas ordens de problemas: a falta de enquadramento legal que sancione comportamentos menos próprios de alguns autocaravanistas; a multiplicação de expedientes normativos e de práticas equívocas de autoridades administrativas locais e, consequentemente, das forças de segurança. Ora, proibir o estacionamento urbano das autocaravanas significa muitas vezes impedir o acesso dos autocaravanistas às cidades que desejavam visitar, pois este é o seu único meio de transporte. Por vezes a necessidade de estacionamento decorre de razões logísticas (ir à farmácia, ao mercado, etc.) ou mesmo de condições de segurança na via pública, por exemplo, quando o condutor necessita imperiosamente de retemperar energias antes de prosseguir viagem. A existência de parques de campismo bem localizados e com boas condições de acolhimento é muito importante (infelizmente, em Portugal apenas meia centena dos cerca de 200 parques têm condições para receber autocaravanas), mas não uma alternativa ao uso regrado das vias urbanas por parte das autocaravanas.

Atentos à necessidade de conciliar o contributo do autocaravanismo para o desenvolvimento sócio-económico com a necessidade de disciplinar a utilização do espaço público pelas autocaravanas, vários países europeus (veja-se, particularmente, o caso da Alemanha, França, Itália e Espanha) têm vindo a introduzir na sua ordem jurídica interna normativos regulamentadores do autocaravanismo. Paralelamente, começa a desenhar-se um movimento que reclama a regulamentação da matéria em sede da UE.

No caso português, a relevância da questão decorre quer da necessidade de bem receber os autocaravanistas estrangeiros que nos visitam (evitando conflitos com as autoridades locais que a ninguém aproveitam), quer ainda da expressão e maturidade organizacional do autocaravanismo em Portugal.

Actualmente existem em Portugal cerca de seis mil e quinhentas autocaravanas registadas, a que estarão associadas na ordem das vinte e cinco mil pessoas que regularmente, e ao longo de todo o ano, se deslocam pelo país. A estes números acrescem os muitos (seguramente mais do que os portugueses) autocaravanistas estrangeiros que nos visitam durante o ano, frequentemente os utilizadores quase exclusivos dos parques de campismo no Outono-Inverno e mesmo na Primavera. Especialmente dos parques que não servem de apoio à praia.

Pelas razões anteriores, elaborou-se a presente proposta de diploma que visa disciplinar as condições de utilização do espaço público por parte das autocaravanas, sendo norteado pelos seguintes desígnios:

  • Dignificar socialmente os autocaravanistas através da sua responsabilização cívica pelas práticas e comportamentos que assumem na via pública, na certeza de que a responsabilização é o caminho para a emancipação e demarcação da imagem social do autocaravanismo relativamente a práticas culturalmente conotadas com certas minorias étnicas e com atitudes de menor civilidade e urbanidade;
  • Distinguir claramente a diferença entre estacionar e acampar com autocaravanas na via pública, estabelecendo-se a proibição de acampar em contrapartida à liberdade de estacionar no respeito pelas normas gerais de estacionamento dos veículos ligeiros, em condições que funcionalmente não prejudiquem o uso da via pública;
  • Distinguir entre o uso da via pública por parte das autocaravanas e o uso indevido do espaço público por parte dos autocaravanistas. A ideia é a de punir comportamentos em lugar de proibir o estacionamento. Assim, estabelece-se o princípio da não discriminação das condições de utilização da via pública por parte das autocaravanas relativamente aos outros veículos ligeiros, e definem-se claramente as obrigações e o código de conduta a observar pelos autocaravanistas, sob pena de contravenção com moldura sancionatória explícita;
  • Estimular as entidades públicas e privadas, especialmente as Autarquias Locais, a contribuírem para a promoção das condições ambientais, através da criação de zonas de acolhimento para autocaravanas dotadas de áreas de serviço específicas, à semelhança do que já acontece em vários países europeus.

2 - Objecto

Este diploma define as obrigações do autocaravanista e as condições legais de estacionamento e pernoita de autocaravanas na via pública urbana, no respeito pela lei geral, particularmente do Código da Estrada e demais normativos regulamentadores da prática de campismo. Para tal, entende-se por:

2.1 - Autocaravana, qualquer veículo motorizado classificado na categoria de automóvel ligeiro, homologado para circular na via pública e ser utilizado como alojamento temporário por turistas itinerantes.

2.2 - Estacionamento, corresponde à situação em que a autocaravana se encontra imobilizada na via pública, no respeito pelas normas de estacionamento definidas no Código da Estrada, independentemente da permanência de pessoas no seu interior.

2.3 - Considera-se acampamento, e não estacionamento, a situação em que a autocaravana se encontra imobilizada na via urbana e, cumulativamente, se verifica alguma das seguintes condições:

a - A autocaravana apoia-se no solo com qualquer outro meio (pés estabilizadores,...) que não os próprios pneus;

b - A autocaravana ocupa um espaço que vai para além do seu perímetro, salvaguardados os elementos salientes autorizados, como espelhos, porta-bicicletas, etc. Considera-se ocupação do espaço extravasando o perímetro do veículo situações como a abertura de janelas para o exterior, o uso exterior de toldos, mesas, cadeiras e similares;

c - A autocaravana esteja a derramar fluidos provenientes do habitáculo.

3. Obrigações do autocaravanista

O autocaravanista é um campista itinerante amante da natureza e respeitador da cultura das comunidades locais. Como tal obriga-se a adoptar um código de conduta pautado pela cordialidade de trato e pelo civismo. Em particular, são obrigações do autocaravanista:

3.1 - Respeitar as normas legais proibitivas da prática de “campismo selvagem”;

3.2 - Proteger os recursos naturais e o meio ambiente em geral;

3.3 - Abster-se de emitir ruídos de qualquer tipo, nomeadamente provenientes de aparelhos rádio, TV, etc.;

3.4 - Não abandonar lixo ou quaisquer outros objectos no espaço público, salvo nos recipientes pré-definidos para o efeito;

3.5 - Não derramar no solo águas sujas de lavagens, ou outras;

3.6 - Não poluir a rede de esgotos pluviais através do despejo de sanitas químicas;

3.7 - Não proceder ao estendal de objectos ou de alguma forma marcar o espaço físico de acolhimento para além do estritamente necessário;

3.8 - Garantir que os animais domésticos, de que eventualmente se façam acompanhar, não incomodem outras pessoas nem sujem o espaço;

3.9 - Na estrada, respeitar as regras de segurança e ter uma atitude de colaboração com os restantes condutores, nomeadamente, facilitando a ultrapassagem;

3.10 - Ao estacionar, assegurar-se que não cria dificuldades funcionais, nem põe em causa a segurança do tráfego motorizado ou dos peões;

3.11 - Na via urbana evitar estacionar por forma a tapar a vista de monumentos e/ou de estabelecimentos comerciais.

4 - Condições de estacionamento e pernoita de autocaravanas

4.1 - Pelo presente proíbe-se aos autocaravanistas a prática de campismo no espaço público urbano fora dos locais expressamente concebidos e licenciados para o efeito. Para tal, entende-se aqui por acampar a situação em que a autocaravana se encontra imobilizada e de alguma forma daí decorra a ocupação do espaço público para além do estritamente necessário ao estacionamento, nos termos supra definidos em 2.3.

4.2 - As autocaravanas podem estacionar e pernoitar na via pública nas condições legais de estacionamento definidas para os restantes veículos ligeiros, isto é, desde que não exista um sinal que expressamente proíba o estacionamento de veículos ligeiros. Para o efeito, atente-se na forma como antes (secção 2) se distinguiu estacionamento de acampamento, bem como nas obrigações do autocaravanista enunciadas na secção anterior.

4.3 - Em circunstâncias particulares, expressa e especificamente justificadas pelo interesse público, poderão os Regulamentos Municipais de Trânsito e circulação urbana, introduzir restrições ao estacionamento de autocaravanas em certos espaços da via pública. Tais restrições deverão decorrer de razões de segurança e/ou funcionalidade da circulação na via pública associadas à visibilidade ou à exiguidade do espaço físico. Estas restrições poderão ter um carácter pontual ou geral.

a - As restrições de carácter pontual dizem respeito a interdições do estacionamento em locais específicos durante períodos de tempo não superiores a 4 horas/dia, exceptuando-se do presente os terreiros de realização de feiras e/ou festividades, durante o período correspondente à realização das mesmas.

b- As restrições de carácter geral respeitam a interdições permanentes e com maior abrangência geográfica, ainda que necessariamente com um âmbito sempre inferior a metade da área do perímetro urbano. Adicionalmente, a possibilidade da Autarquia poder estabelecer estas restrições de carácter geral fica condicionada à existência, a menos de 2 kms do local de proibição, de parques de estacionamento reservados a autocaravanas, eventualmente em conjunto com autocarros de passageiros, ou de zonas de acolhimento para autocaravanas, conforme definidas na secção seguinte.

c- Eventuais restrições de estacionamento a definir por postura municipal não podem ter por critério a ocupação/desocupação interna do veículo, nem introduzir discriminação das autocaravanas face a outros veículos de semelhante dimensão.

5 - Zonas de acolhimento e áreas de serviço para autocaravanas

5.1 - zonas de acolhimento para autocaravanas constituem um espaço plano concebido para permitir o estacionamento de curta duração ou a pernoita de um reduzido número de autocaravanas (na ordem de uma dezena), dotado de uma área de serviço para autocaravanas.

5.2 - Área de serviço para autocaravanas é uma infra-estrutura de saneamento funcionalmente pensada para autocaravanas, devendo estar dotada de WC químico, espaço de despejo de águas sujas, ponto de abastecimento de água potável e, eventualmente, de tomada eléctrica. Podem ser criadas áreas de serviço, não integradas em zonas de acolhimento para autocaravanas.

5.3 - No licenciamento das condições de instalação e de funcionamento dos Parques de Campismo deve observar-se a obrigatoriedade destes disporem:

a. - de uma zona dotada das devidas condições e reservada para autocaravanas com permanência não superior a uma noite;

b - de uma área de serviço para autocaravanas com boas condições funcionais e localizada em zona de fácil acessibilidade às autocaravanas.

5.4 - Até ... (definir período de adaptação) as estações de serviço de combustíveis com mais de ... (5?) bombas de abastecimento deverão passar a dispor de áreas de serviço para autocaravanas.

5.5 Os serviços prestados nas áreas de serviço e nas zonas de acolhimento podem ser gratuitos ou pagos, independentemente da sua localização e da sua natureza pública ou privada. A entidade responsável pela gestão da infra-estrutura pode estabelecer um limite máximo para o estacionamento, embora com uma duração nunca inferior a 24 horas.

5.6 - No licenciamento das zonas de acolhimento e áreas de serviço aplica-se por analogia o estabelecido no Regulamento de Obras Particulares. Por razões funcionais, a implantação das áreas de serviço devem ter por referência o desenho e as dimensões mínimas descritas no esquema contido no Anexo A.

5.7 - Em caso de dúvidas, devem as entidades competentes (públicas ou privadas) solicitar a colaboração da FCMP que em articulação com o CPA assegurarão o apoio de consultoria à implantação destas infra-estruturas.

5.8 - No Anexo B sugere-se a adopção de algumas figuras gráficas de suporte à sinalização das zonas de acolhimento e áreas de serviço para autocaravanas.

6 - Sanções

É preciso definir a moldura penal correspondente à infracção do aqui estabelecido, bem como definir a entidade orgânica responsável pela gestão do presente diploma.

?? Quando existam, devidamente sinalizadas, áreas de serviço para autocaravanas a menos de 5 km do local, as infracções ao definido em 3.5 e 3.6 serão punidas com o dobro da multa.

7 - Norma revogatória

Ficam revogadas todas as disposições legais anteriores contrárias ao presente diploma. Consideram-se desde já feridos de nulidade e sem qualquer efeito todos os normativos introduzidos por regulamento autárquico que se encontrem em inobservância do supra estipulado.

Raul Lopes

(Março de 2005)