No longínquo ano de 1915 o consagrado escritor e pintor Almada Negreiros escreveu esse incontornável hino à sátira humorística que é o Manifesto Anti-Dantas.
O pretexto imediato desta obra é a crítica à peça Soror Mariana da autoria de Júlio Dantas que acabara de se estrear em Lisboa. Mas o Manifesto é muito mais do que uma crítica à obra literária de Dantas, o Manifesto é um grito de revolta, um grito de alerta contra os caminhos errantes da sociedade portuguesa ainda atordoada pelo fim da monarquia, observadora distante da I Guerra Mundial e movendo-se freneticamente no lodo pantanoso da imbecilidade cultural. O Manifesto foi o rasgar de novos caminhos, o esbater de novos horizontes para o movimento cultural português.
Transcrevo aqui apenas algumas passagem do Manifesto, no link final podem aceder ao texto integrar, com o bónus de o poderem ouvir lido por esse extraordinário declamador e contador de histórias que foi Mário Viegas.
O pretexto imediato desta obra é a crítica à peça Soror Mariana da autoria de Júlio Dantas que acabara de se estrear em Lisboa. Mas o Manifesto é muito mais do que uma crítica à obra literária de Dantas, o Manifesto é um grito de revolta, um grito de alerta contra os caminhos errantes da sociedade portuguesa ainda atordoada pelo fim da monarquia, observadora distante da I Guerra Mundial e movendo-se freneticamente no lodo pantanoso da imbecilidade cultural. O Manifesto foi o rasgar de novos caminhos, o esbater de novos horizontes para o movimento cultural português.
Transcrevo aqui apenas algumas passagem do Manifesto, no link final podem aceder ao texto integrar, com o bónus de o poderem ouvir lido por esse extraordinário declamador e contador de histórias que foi Mário Viegas.
Concluída a leitura convido-vos a reflectir sobre esta questão: O que tem o Manifesto a ver com a situação que se vive actualmente no autocaravanismo português?
Experimentem substituir no texto alguns dos nomes por outros dos actuais protagonistas do autocaravanismo...
Para mim este Manifesto faz de forma sublime o balanço do autocaravanismo em Portugal durante o ano de 2008. Que nos sirva de alerta, de modo a que 2009 seja diferente.
Experimentem substituir no texto alguns dos nomes por outros dos actuais protagonistas do autocaravanismo...
Para mim este Manifesto faz de forma sublime o balanço do autocaravanismo em Portugal durante o ano de 2008. Que nos sirva de alerta, de modo a que 2009 seja diferente.
_______________________________________________________
BASTA, PUM... BASTA!!!
Uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!
Abaixo a geração!
Morra o Dantas, morra! PIM!
Uma geração com um Dantas a cavalo é um burro impotente!
Uma geração com um Dantas ao leme é uma canoa em Seco!
O Dantas é um cigano!
O Dantas é meio cigano!
O Dantas saberá gramática, saberá sintaxe, saberá medicina, saberá fazer ceias pra cardeais, saberá tudo menos escrever que é a única coisa que ele faz!
Morra o Dantas, morra! PIM!
O Dantas nasceu para provar que nem todos os que escrevem sabem escrever!
O Dantas é um autómato que deita pra fora o que a gente já sabe o que vai sair... Mas é preciso deitar dinheiro!
O Dantas é um soneto dele-próprio!
O Dantas em génio nem chega a pólvora seca e em talento é pim-pam-pum.
O Dantas nu é horroroso!
O Dantas cheira mal da boca!
Morra o Dantas, morra! PIM!
O Dantas é o escárnio da consciência!
Se o Dantas é português eu quero ser espanhol!
O Dantas é a vergonha da intelectualidade portuguesa!
O Dantas é a meta da decadência mental!
E ainda há quem não core quando diz admirar o Dantas!
E ainda há quem lhe estenda a mão!
E quem lhe lave a roupa!
E quem tenha dó do Dantas!
E ainda há quem duvide que o Dantas não vale nada, e que não sabe nada, e que nem é inteligente, nem decente, nem zero!
Morra o Dantas, morra! PIM!
Liguem o som do computador e oiçam a versão integral do Manifesto, AQUI
Nota final:
BASTA, PUM... BASTA!!!
Uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!
Abaixo a geração!
Morra o Dantas, morra! PIM!
Uma geração com um Dantas a cavalo é um burro impotente!
Uma geração com um Dantas ao leme é uma canoa em Seco!
O Dantas é um cigano!
O Dantas é meio cigano!
O Dantas saberá gramática, saberá sintaxe, saberá medicina, saberá fazer ceias pra cardeais, saberá tudo menos escrever que é a única coisa que ele faz!
Morra o Dantas, morra! PIM!
O Dantas nasceu para provar que nem todos os que escrevem sabem escrever!
O Dantas é um autómato que deita pra fora o que a gente já sabe o que vai sair... Mas é preciso deitar dinheiro!
O Dantas é um soneto dele-próprio!
O Dantas em génio nem chega a pólvora seca e em talento é pim-pam-pum.
O Dantas nu é horroroso!
O Dantas cheira mal da boca!
Morra o Dantas, morra! PIM!
O Dantas é o escárnio da consciência!
Se o Dantas é português eu quero ser espanhol!
O Dantas é a vergonha da intelectualidade portuguesa!
O Dantas é a meta da decadência mental!
E ainda há quem não core quando diz admirar o Dantas!
E ainda há quem lhe estenda a mão!
E quem lhe lave a roupa!
E quem tenha dó do Dantas!
E ainda há quem duvide que o Dantas não vale nada, e que não sabe nada, e que nem é inteligente, nem decente, nem zero!
Morra o Dantas, morra! PIM!
Liguem o som do computador e oiçam a versão integral do Manifesto, AQUI
Nota final:
Não me consta que após a publicação do Manifesto tenha havido algum coro de patéticos apelos à unidade dos intelectuais da 1ª República. Também não consta que Júlio Dantas tenha reagido ameaçando Almada Negreiros com a Polícia, a Constituição, o Código do Processo Penal e os Tribunais. Se dúvidas houvesse, este facto só por si mostrar-nos-ia que Júlio Dantas tinha uma craveira humana e intelectual mil vezes superior à de alguns personagens que se exibem no autocaravanismo português um século depois. Ah, também não foi a violência do insulto pessoal expressa no Manifesto que impediu uma longa e intensa amizade entre Almada Negreiros e Fernando Pessoa, que como todos sabemos era esotérico mas não era estúpido.
Sem comentários:
Enviar um comentário