terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Uma aventura no Ártico – parte III

De regresso à parte continental da Noruega, empreendemos o regresso ao ponto de partida. Um novo e longo percurso nos esperava, agora, com passagem pelo país dos “mil lagos”. De facto decidimos regressar pela Finlândia, onde as florestas de coníferas e abetos (taiga) e os muitos lagos (187.888) cobrem, esmagadoramente, este país de 337.00 km quadrados, mas de fraca densidade populacional com apenas 559.000 habitantes, menos do que os residentes no concelho de Lisboa.
Enxameado de pequenas ilhas (179.584), a parte continental é quase toda plana permitindo uma condução bastante calma e segura, “contrastando” com a fama “voadora” (e proveito) dos vários campeões de “rally” e de F1 de nacionalidade finlandesa.
As grandes cidades encontram-se quase todas no sul do país e são periféricas da capital Helsínquia, pelo que os muitos quilómetros que efectuámos foram de puro êxtase contemplativo da paisagem e das suas “reservas naturais”. Depois das “simpáticas” renas que encontrámos às centenas, pudémos ver alces, esses bem mais corpulentos e esquivos.
Dada a aparente ausência de infra-estruturas para autocaravanas, tivemos que usar campings, e estes são às dezenas, para despejo e abastecimento.

Chegados a Helsínquia, a cidade não se nos revelou particularmente “apelativa”, pelo que nos decidimos por uma breve visita e uma pernoita, - interrompida pela polícia - junto ao porto onde havíamos programado apanhar o “ferry” para Estocolmo, a bela capital da Suécia.
De facto, desencontrados com o horário do navio, e impedidos de parquearmos mais tempo por ali, seguimos viajem para a cidade de Turku Abo de onde saem, igualmente, navios para a capital sueca. Pelo caminho, numa área de repouso, pudémos restabelecer-nos de uma noite mal dormida.

Chegado a Turku Abo e colocada a autocaravana na linha de embarque, ainda que em “lista de espera”, houve tempo para um longo passeio por esta cidade que nos pareceu mais “simpática” do que a capital.
A zona do canal e do porto de abrigo é constituída por uma avenida onde dá gosto passear. E foi por aí que passamos a maior parte do tempo enquanto aguardámos a hora do (consentido) embarque, num navio enorme com vários “decks”, onde a nossa AC fez companhia a diversos TIR. A saída do porto de Turko Abo foi um momento de beleza inesquecível também. Do alto de um “varandim” exterior pudemos apreciar o final do dia com os raios de sol reflectidos nas pequenas ilhas e ilhotas que pareciam limitar o percurso do grande “ferry” em que viajámos toda a noite. A “azáfama” a bordo foi uma constante. Entre os diferentes restaurantes, a discoteca panorâmica, o “casino” e o supermercado, as pessoas movimentavam-se freneticamente aproveitando todo o entretenimento disponível.

“Passámos pelas brasas” num dos sofás disponíveis aqui e ali, pois não havíamos reservado “cabine”. Aos primeiros raios de sol estávamos a avistar as cúpulas douradas/esverdeadas da “Veneza do Norte”. Estocolmo mostrava-se-nos pela primeira vez.

Feito o desembarque a “bordo” da nossa “casinha rolante”, seguimos para Längholmen, uma das muitas ilhas e ilhotas que constituem a cidade, pois nela funciona um parque específico para autocaravanas. Ver:
http://www.stockholmtown.com/templates/iframe____8462.aspx
Feita a higiene nos balneários ali disponíveis, e apesar do cansaço de uma noite menos bem “dormida”, não hesitámos em seguir logo para a cidade. E não ficámos arrependidos. Estocolmo revelou-se, para nós, a mais bonita das capitais nórdicas. A vida social e cultural da cidade era então bastante animada por via da realização do “Water Festival” e obtivemos, assim, um “extra” numa cidade já de si, muito atractiva.

Depois de deixarmos a capital, demos um “pulo” a Sigtuna, a “velha cidade viking” onde Odin, deus viking, fixou residência. E foi ali que, desde que saímos de Portugal, encontrámos pela primeira vez outra autocaravana portuguesa.
Adorámos esta pequena localidade cheia de carisma, história e tradição, e se voltarmos à Suécia vamos querer revê-la.

A nossa “aventura” continuou mas o tempo ia escasseando. Queríamos, ainda, visitar alguma coisa da Dinamarca, o mais pequeno país “viking” (se lhe retirarmos a Grenolândia, claro) e, daí, termos decidido entrar por “ferry” na Dinamarca em Helsingborg, por ser o trajecto mais curto e, também, o mais económico. Actualmente, existe uma ponte - Oresund Bridge - que com 16 Km, liga a cidade de Malmo na Suécia à Dinamarca, mas a sua travessia é dispendiosa. Chegados a Copenhaga, capital da Dinamarca, onde pudemos aceder a uma área específica para autocaravanas, bem perto do centro, fomos visitar, a pé, a cidade. Gostámos muito do Tivoli, o grande parque de lazer e recreio, existente no centro da cidade. Visitámos ainda a casa de Karen Blixen autora de "Africa Minha", romance e filme que gostámos muito, e o ex-libris da cidade - a pequena sereia que, de tão pequena, julgámos não conseguir encontrá-la!

Dali seguimos para Odense, terra natal do escritor Hans Christian Andersen, tendo visitado o bairro onde fica situada a sua casa-museu e o mercado onde fizemos alguns aprovisionamentos.
Daí em diante, rumámos “decididos” para a Alemanha e Holanda onde nos esperavam, tão ansiosos quanto nós, os nossos filhos e restante família. Foi um longo serão para contar todas as nossas aventuras e "desventuras". Regressámos a Portugal bastante satisfeitos e com o sentimento do "dever cumprido" - fomos e voltámos do Cabo Norte sem nenhum percalço de monta! A nossa autocaravana estava de parabéns pelo seu brilhante desempenho. E nós sentimo-nos realizados por esta longa e feliz viagem que recordamos sempre com gosto e emoção.

Laurindo Correia

1 comentário:

Anónimo disse...

A cegueira de alguns é tanta, que num mero relato de viagem se vota... discordando.
É por essa cegueira que o movimento autocaravanista nunca irá a lado nenhum.
Não se enxerga um palmo da realidade, agindo-se por impulsos de simpatia ou anti-patia pessoal.