segunda-feira, 2 de março de 2009

Um ano de mandato de Ruy Figueiredo, balanço: sete erros capitais


Com a realização da primeira Assembleia Geral após as últimas eleições no CPA, cumpre-se um ano de mandato dos actuais órgãos sociais do clube. É pois tempo de balanço. Infelizmente salta à vista de todos que o CPA mergulhou numa profunda crise de amorfismo, quiçá mesmo de desagregação. E o primeiro grande responsável pelo actual estado do clube é o seu presidente Ruy Figueiredo. Não há como escondê-lo.

Em 2006 e 2007 o CPA rasgou horizontes, abriu-se ao mundo, promoveu uma outra imagem do autocaravanismo, definitivamente projectou a ideia de que o autocaravanismo é turismo itinerante e não campismo. Paralelamente o CPA foi o responsável pela dinâmica de criação das áreas de serviço que não tínhamos em Portugal. O CPA deixou de ser um clube de amigos que faziam uns passeios e tornou-se no legítimo representante dos autocaravanistas junto das autoridades oficiais e da comunicação social, tendo começado a granjear a credibilidade necessária para enfrentar os desafios institucionais que o autocaravanismo tem pela frente, nomeadamente os legislativos.
O que fez Ruy Figueiredo com esta herança? É simples, desbaratou-a numa sucessão de trapalhadas e erros capitais.

Ruy Figueiredo tornou-se refém de quem tinha minado o terreno

Contrariando aquilo com que se comprometera perante os seus pares de Direcção, Ruy Figueiredo apresentou-se na AG de Abrantes disposto a aceitar ser eleito presidente pela mão daqueles que nos bastidores mais tinham feito para diminuir, e até boicotar, o trabalho dos dois anos anteriores, e este foi seguramente o seu primeiro erro capital.

Ruy Figueiredo não se revelou digno da solidariedade, colaboração e herança recebida

Uma vez eleito, Ruy Figueiredo não soube assumir a herança da Direcção anterior e deixou-se arrastar pela vontade dos seus velhos (e dos novos) amigos preocupados sobretudo em fazer esquecer a passagem do Raul Lopes e do Nuno Ribeiro pela Direcção do CPA. Ruy Figueiredo não teve mão, ou não quis ter, nos seus amigos, deixou que eles tudo fizessem para denegrir a imagem e o bom-nome de quem mais tinha trabalhado pelo Clube e pelo seu próprio prestígio enquanto Presidente. Nesta fase valeu tudo, desde as tentativas de reescrever a história do Clube até ao alimentar à mão da falcoaria e outra bicharada da pradaria. Ruy Figueiredo não se revelou digno da solidariedade, colaboração e herança recebida, e este foi o seu segundo erro capital.

Ruy Figueiredo escancarou as portas do Clube aos oportunistas

Nos bastidores o presidente Ruy Figueiredo fez tudo para se afastar de nós, especialmente de mim, certamente achando que quanto mais mostrasse para o exterior que estava em rotura comigo mais apoios obteria da parte daqueles que outra coisa não tinham feito nos anos anteriores do que dizer o contrário das ideias que eu ia afirmando. Esta procura de novos parceiros alicerçada não em novas e válidas ideias para o autocaravanismo, mas simplesmente no desejo de vingança pessoal abriu a porta do CPA a toda a espécie de lambe-botas e oportunistas, e este foi o terceiro erro capital de Ruy Figueiredo.

Ruy Figueiredo foi coveiro do Fórum do Clube e praticou uma política de comunicação que revela desprezo pelo sócios

No anterior mandato eram mais os autocaravanistas que diariamente passavam pelo fórum para ver o que por lá se dizia do que o número de sócios que habitualmente comparece nos Encontros do Clube. Não obstante os velhos do Restelo, alguns ainda de tenra idade, desprezaram o fórum seja enquanto instrumento de afirmação do Clube, seja enquanto veículo de promoção do autocaravanismo, seja até enquanto instrumento de diálogo da Direcção com os sócios. É sintomático que os dedos de uma mão sejam suficientes para contar as mensagens escritas pelos membros da Direcção no fórum, e que tenham sido mais as vezes que o Presidente foi publicamente denunciado como estando por detrás de “fugas de informação” do que aquelas que veio ao Fórum do seu Clube dar explicações aos sócios. Paralelamente o Boletim do CPA regressou ao seu conteúdo e linha editorial do passado, só o aspecto impedindo que se volte a confundir com o jornal de qualquer agrupamento de escuteiros. Esta política de comunicação e de (ausência) de diálogo substantivo com os sócios, foi o quarto erro capital de Ruy Figueiredo.

Ruy Figueiredo permitiu a manipulação do CPA em função de interesses pessoais

Desbravadas as primeiras dificuldades, plantadas que estavam as sementes, este era o mandato para colher os frutos do trabalho feito com vista a criar uma rede de áreas de serviço para autocaravanas por todo o país. Em vez disso a actual Direcção ignorou umas mãos cheias de contactos com Autarquias Locais em curso, alguns em fase avançada de definição (chegando ao ponto de permitir que o CCP viesse reclamar louros de trabalho que tinha sido feito por mim em nome do CPA um ano antes). Nesta área de actuação tudo o que o CPA fez foi deixar-se usar como engodo para um vendedor de máquinas mais facilmente convencer algumas Câmaras a alimentarem-lhe o negócio: “se comprarem a máquina eu trago cá uma centena de autocaravanistas à inauguração”.
Todos sabemos que não é o Boaventura que leva os autocaravanistas mas sim o CPA e as patuscadas pagas pelas Autarquias. Ninguém se preocupa em avaliar da viabilidade futura da AS, ou mesmo de a divulgar. Uma vez inaugurada... todos viram as costas. O negócio está feito. Há quem esqueça que se um caso de sucesso alimenta e incentiva alguns seguidores, um caso de fracasso desmotiva muitos mais. Por tudo isto, ir atrás de todos os foguetes do Boaventura e permitir a manipulação do CPA em função de interesses pessoais (materiais e simbólicos), foi seguramente o quinto erro capital de Ruy Figueiredo.

Ruy Figueiredo hipotecou a credibilidade institucional do CPA

Em 2006 e 2007 o CPA acumulou um capital de credibilidade institucional que se esperava ver investido durante o actual mandato na construção das condições institucionais para a consequente defesa dos interesses dos autocaravanistas (com ou sem Federação de Autocaravanismo), em especial no que se refere ao enquadramento legal do autocaravanismo. Estranhamente, ou talvez não já que a única linha de rumo parece ser a de fazer o contrário do que sempre preconizei, o CPA abdicou desta pretensão e o seu Presidente arrastou o Clube para a mais completa situação de achincalhamento institucional. O cúmulo desta irreflectida actuação foi quando, com a sua adesão ao MIDAP, o presidente do CPA Ruy Figueiredo legitimou uma aventura institucional errante de um patético personagem que mais não faz do que construir castelos na areia, de tudo fazendo um jogo de diversão, ou melhor dito de manipulação.
O MIDAP falhou a sua abordagem à FCMP, à Associação dos proprietários de campings privados (AECAMP-Orbitur), ao ACP e à Associação dos vendedores de automóveis, com esses fracassos se tendo evaporado a ideia do Observatório do Autocaravanismo, agora resumido a Nandin de Carvalho e às suas múltiplas sombras.
O MIDAP falhou a aposta num Seminário fundador da Federação das trapalhadas DeAlém, onde o presidente do Observatório e director do Gabinete de Estudos do MIDAP se iria exibir ao seu melhor estilo contando fantasias sobre a legislação autocaravanista por si inventada.
O MIDAP falhou a abordagem à ANMP (Associação Nacional de Municípios) e às Autarquias Locais em geral. O MIDAP trouxe do Ministério da Economia, do Instituto de Turismo e da Assembleia da República uma fotografia e uma mão cheia de nada. Ou seja, ao fim destes meses de frenesim apenas sobram as trapalhadas e o contributo que o MIDAP reclama ter dado para que na legislação sobre campismo fosse aberta a porta legislativa a que as autocaravanas sejam acantonadas nos campings.
Perante este desaire do Movimento Inibidor do Autocaravanismo o que fez Ruy Figueiredo? Veio dar a mão ao MIDAP emprestando-lhe a credibilidade e legitimidade que não tem e... foi para a Assembleia da República sentar-se à mesa onde Nandin de Carvalho se exibia perante o deputado Mendes Bota, em jeito de quem diz: “vês velho correlegionário, olha como eu consigo manipular estes pacóvios autocaravanistas, simplesmente impressionando-os com as minhas fantasias”.
Três anos antes Ruy Figueiredo tinha estado a fazer o mesmo papel na AR, então sob a batuta do Presidente da FCMP (que nem sequer o apresentou como presidente do CPA). Também nessa altura o interlocutor foi o deputado Mendes Bota. Os resultados dessa visita à AR em 2006 estão à vista, basta ler o Relatório Mendes Bota, mas parece que o CPA e o seu Presidente não aprenderam nada com a experiência. Ruy Figueiredo não percebeu, ou não quis perceber, que o CPA não precisa de almas errantes para lhe abrir as portas das instituições públicas. O problema do CPA é não ter uma agenda própria nem propostas para fazer, o problema do CPA começa por ser o de não ter capacidade nem lucidez para identificar os seus parceiros estratégicos. deixando-se arrastar por más companhias. Ruy Figueiredo ao hipotecar a credibilidade institucional do CPA às almas errantes DeAlém cometeu o seu sexto erro capital, seguramente um dos mais graves pois causou danos dificilmente reparáveis na imagem do CPA.

Ruy Figueiredo não soube retirar consequências dos seus erros

Em síntese, um ano de mandato e o que tem Ruy Figueiredo para apresentar aos sócios? Apenas o desbaratar do capital associativo acumulado nos dois anos anteriores. Ao longo deste ano o CPA foi um clube sem rumo nem Direcção, um clube sem qualquer tipo de projecto colectivo nem mesmo de respeito pelos associados ou pela história do Clube. Foi apenas um clube que serviu de suporte à actuação errante e solitária do seu presidente, que foi colocando o clube à disposição dos apetites mais diversos, saltando do arraial do CampingCar para a mesa do Boaventura e desta para o terreiro DeAlém, de permeio foi correndo de romaria em romaria ao ritmo dos foguetes que ouvia sem cuidar de saber quem e porque os lançava. No final da festa regressa aos braços da Federação de Campismo.
Neste percurso de zigzags e fugas para o abismo por não saber o que fazer, Ruy Figueiredo cedeu à tentação narcisista do protagonismo fácil esquecendo-se das responsabilidades inerentes ao estatuto e ao cargo que ocupa. Mais do que a incompetência chama a atenção um tão grande número de erros para tão pouco tempo. Demasiados para se poderem desculpar.
Já não é possível continuar a tapar o sol com a peneira (embora Teresa Paiva se não canse de o tentar): a Direcção do CPA é um estado de espírito, ninguém mexe uma palha pelo Clube ou para dar cobertura às decisões do presidente. Ruy Figueiredo está notoriamente só, sem rumo nem estratégia e mal aconselhado pelos amigos que escolheu (e que mais não têm feito que não seja servirem-se dele e do CPA). Por isso o seu derradeiro erro foi ter desperdiçado a oportunidade de se demitir na AG deste fim de semana.
Não o fez, e com isso desperdiçou a última oportunidade de sair da Direcção do CPA sem ser enxovalhado, e sem afundar definitivamente o Clube no pantanal de areias movediças para onde o arrastou e de onde dificilmente sairá. Aquilo que Ruy Figueiredo no passado deu de si ao CPA merecia uma saída de cena com maior dignidade. Ao prosseguir nesta linha de desnorte está a arrastar-se a si e ao CPA para um buraco que nem o clube nem ele mereciam. Mas a verdade é que está a caminhar pelo caminho que construiu, por isso só pode queixar-se de si próprio... e dos seus amigos de ocasião.
Raul Lopes
Nota PS.
Há quem queira exibir o silêncio da AG como apoio unânime, dando mostras de uma cegueira sem igual.
Também não adianta diabolizar quem teima em pensar pela sua cabeça e exercer o direito à crítica. Acusar alguém de não ter coragem para ir à AG do CPA assumir as críticas que vem fazendo em público é simplesmente patético. Será que não percebem que são cada vez mais aqueles que acham que o Clube bateu tão fundo que já não há nada a fazer por ele? Ultimamente o que mais ouvi foi: "ir à AG do CPA, para quê?"
Ou seja, que adianta gritar perante um grupo de surdos?

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