sexta-feira, 6 de março de 2009

Ser dirigente é um prémio de reconhecimento ou uma responsabilidade?

Normalmente as colectividades debatem-se com a dificuldade de encontrar quem esteja disponível para assumir a sua liderança. Mas, paradoxalmente, não faltam nos clubes quem esteja desejoso de se exibir em palco. Resultado: muitas vezes colocam-se na Direcção dos clubes pessoas que não têm um mínimo de competência para o cargo, mas que estão desejosas de o ocupar. Mais, acham que têm direito a ocupá-lo, como compensação pela dedicação tributada ao Clube.

A meu ver, enquanto aceitarmos a lógica de usar os lugares nos cargos dos órgãos sociais dos clubes como prémio, como compensação, como “pagamento de favores”, etc. estamos a hipotecar o futuro esses clubes. Estamos a fazer definhar o espírito associativo.

O movimento associativo está cheio de situações que me contradizem, mas para mim ser dirigente é assumir uma responsabilidade, não é usufruir de um prémio de reconhecimento social pelos bons serviços antes prestados à colectividade a que se pertence. Para estas pessoas os Clubes devem dispor de uma Galeria dos Notáveis onde exibam as fotos emoldurada dos sócios que se distinguiram no passado do Clube. No presente o Clube , qualquer que ele seja, precisa de quem trabalhe, precisa de quem assuma a atitude inerente ao dever de serviço público, precisa de quem entenda que ser dirigente é carregar a responsabilidade de honrar o passado do Clube e de construir os alicerces do seu futuro.

Como pode alguém projectar o futuro de um clube se não tem qualquer Projecto, uma ideia coerente, um programa substantivo de política associativa que sirva de referência à actuação, que indique os objectivos do clube que se quer ter no futuro. Seguramente não é ficando sentados a olhar para o passado, por muito glorioso que ele seja.

Ser dirigente é (devia ser!) ter rasgo, ter ousadia, ter horizontes largos. Podemos fazer pequeno hoje pensando grande no futuro, mas seguramente que no futuro não haverá muito para recordar do que fazemos hoje se agora fazemos muitas coisas mas sem a capacidade para idealizar o futuro, se não formos capazes de sonhar com o futuro. É que o futuro começou ontem.

É por isso que digo: ser dirigente é assumir as responsabilidades do cargo, não pode ser entendido como um meio de satisfazer vaidades pessoais.
Raul Lopes

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