segunda-feira, 23 de março de 2009

CARNAVAL: à roda do grande lago

Aproveitando a faculdade de uma “ponte” no calendário e um tempo excelente, decidimo-nos por um “Carnaval” diferente. Na verdade nunca apreciámos os festejos carnavalescos e por isso optámos por uma visita às terras em volta do Alqueva.
As condições meteorológicas não podiam ter sido melhores. À parte um arrefecimento nocturno significativo, normal para a época do ano, os dias “sorriram” para todos os que por ali andámos. Um sol radioso, uma temperatura amena, confortavelmente acolhedora, e a ausência total de vento, proporcionaram-nos as melhores condições para usufruir dessa sensação de liberdade que o autocaravanismo sempre nos proporciona.





A ansiedade era tanta que não esperámos para sábado. Depois de jantarmos na 6.ª feira, aprontámos as coisas essenciais para 4 dias “on the road” e lá seguimos rumo a Grândola, onde pernoitámos num grande parque de estacionamento existente nas redondezas do “Modelo”. Embora não tivéssemos a companhia de outras autocaravanas, parece-nos adequado o lugar, tendo noite sido calma e em silêncio absoluto, permitindo um bom sono.
Na manhã seguinte, após o pequeno almoço, já com o pão e os bons queijos alentejanos comprados no hipermercado, retomámos a estrada.



Antes de rumarmos ao “grande lago”, por razões particulares, fizéssemos uma prévia visita ao Centro de Interpretação Ambiental da Liga de Protecção da Natureza existente na Herdade do Vale do Gonçalinho em Castro Verde, onde estão disponíveis trilhos destinados à observação da avifauna que, por esta altura, entra em grande actividade. Na zona podem ser observadas aves pouco comuns como o sisão e a abetarda.

http://www.lpn.pt/LPNPortal/DesktopModules/SubPaginaProgramasDetalhes.aspx?ItemId=18&Mid=40&ParentId=6


Terminada a breve visita, parámos para almoçar na localidade de Entradas, a poucos quilómetros de Castro Verde, na estrada que segue para Beja. Entrámos na “Cavalariça”, um restaurante típico de cozinha regional que nos serviu umas deliciosas migas a acompanhar presas de porco ibérico grelhadas, não sem que antes nos tivéssemos deliciado com uns torresmos do “rissol” fresquíssimos, os melhores que já alguma vez degustei. A qualidade elevada da cozinha deste restaurante acaba por justificar o preço relativamente elevado das doses.
Cá fora, um pequeno passeio pelas ruas desta vila, tipicamente alentejana, permitiu iniciar uma digestão que se previa mais demorada e, também, tomar contacto com os preparativos do festival cultural Entrudanças, que iria trazer à pacata localidade dias de maior animação – alguns grupos de crianças já cantavam organizadamente pelas ruas, onde várias tendas de artesanato acabavam os preparativos para a inauguração da pequena feira.




A paragem seguinte foi em Serpa, localidade que já visitámos várias vezes, mas onde sempre gostamos de retornar. Estacionamos a autocaravana no parque fronteiro ao camping existente. Já várias vezes o fizemos, tendo pernoitado por ali, sem qualquer problema e foi o que aconteceu, também, desta vez.
O pequeno parque de campismo existente é, também, acolhedor, e nele chegámos a ficar quando permanecemos mais do que uma noite em Serpa, o que não seria o caso vertente.



Passeamos pela vila cuja arquitectura sempre nos encantou, tal como as muralhas e o pequeno jardim onde, numa das entradas, existem umas oliveiras certamente centenárias, a julgar pelos grandes e “elaborados” troncos que exibem.


Uma queijada típica fez-nos companhia pelas ruas de casas brancas, onde algumas com artigos regionais sempre nos abrem o apetite. É difícil resistir ao queijo e requeijão, aos enchidos, aos doces, mel, azeites, vinhos e artesanato tão rico.
Regressámos à autocaravana já a noite se instalava para, no aconchego da nossa “casinha itinerante”, prepararmos um “ligeiro” jantar com as iguarias adquiridas, seguido de um já ansiado serão a jogar à “sueca” em família e a ver um DVD antes do merecido sono.



O dia seguinte, domingo, amanheceu solarengo e nós acordámos ao som do chilrear dos diferentes passarinhos que por ali vivem, despertando lentamente para mais um dia de lazer. Depois do pequeno almoço de queijo fresco de cabra e requeijão de ovelha, partimos para mais um “round” pela vila, abrindo o apetite para o programado almoço na Adega Molhó Bico, sugestão acertada do companheiro Raul. A relação qualidade preço não podia estar mais perfeita.
Como éramos 4 à mesa, optámos por pedir quatro variedades para partilharmos. Após uma meia hora de espera na sala de entrada, lá conseguimos uma mesa onde rapidamente pudemos iniciar o “molhó pão” no azeite, na “manteiga de cor” e saboreando umas boas azeitonas, que nunca dispensamos, preparando o estômago para um “festim” de variedades alentejanas.

Serviram-nos então a feijoada de lebre, a carne de porco com cogumelos, as migas com carne e as bochechas de porco assadas no forno e conhecidas aqui como “carrilhada”. Todos os pratos estavam “no ponto”, mas mereceu destaque, por unanimidade, a carne com os cogumelos de um sabor requintado. No final, a sericaia com doce de ameixa deixou-nos “arrumados” e a “sonhar” com a próxima visita.



Com a satisfação estampada nos rostos, seguimos viagem para a Aldeia da Luz, a nova aldeia mesmo à beira do “grande lago” onde viemos a pernoitar.








Lá chegados, fomos estacionar na AS e pernoita que nos está destinada, com vista sobre o “lago” e num lugar que permite a visualização de um demorado por-do-sol. Cerca de uma dezena de autocaravanas, na maioria portuguesas, já ocupavam uma parte significativa do largo. Feitos os despejos e o reabastecimento de água limpa, fomos passear até ao ancoradouro, onde mais um grupo de autocaravanas se encontrava estacionado e os seus ocupantes a… fazer campismo!
Destes comportamentos já mais nada há a dizer, tal como o facto de termos encontrado a pia de despejo para sanitas químicas na AS, em boa hora promovida pelo Camping Car Portugal, completamente entupida, fruto de lamentável utilização indevida.


A AS, de concepção simples, é relativamente prestável, mas tivemos que fazer algumas manobras para acertar com o buraco circular e central destinado ao despejo de águas residuais. Com a mesma simplicidade e custo, o recurso a uma grelha transversal, à largura do espaço demarcado, facilitaria o despejo a todo o tipo de veículos.
À noite, mais um serão de “sueca”, música suave e boa disposição fizeram companhia às iguarias alentejanas - versão II – queijo de ovelha fresco e curado e paio do lombo de porco preto, acompanhado de pão e tinto a condizer.

Na segunda-feira esperava-nos o espectáculo deslumbrante sobre o “grande lago” a partir do alto de Monsaraz. Esta localidade inserida entre muralhas de um castelo alcantilado no cimo de um monte de onde se permite uma imagem quase única no panorama português. O “grande lago” espraia-se à esquerda e à direita da entrada principal. Os parques de estacionamento existentes no exterior são de acesso adequado às autocaravanas.




No interior do castelo passeamos calmamente admirando as velhas construções, no geral bem cuidadas, onde portas e janelas de formas ancestrais despertam a nossa curiosidade. Das ameias do castelo o olhar perde-se em redor dos 360º permitidos e até onde a vista alcança.



Cansados mas satisfeitos, deixámos esta terra que nos fez lembrar outras paragens igualmente aprazíveis e similares – Marvão e Óbidos – para dar dois exemplos, embora esta última tenha cedido à voracidade do consumismo para “inglês ver”.





Após o almoço na autocaravana, fomos tomar o café na esplanada da “marina” da Amieira, um local agradável de onde saem mini cruzeiros de barco pelo grande lago, ou voos num pequeno hidrovião.



A noite foi passada junto ao ancoradouro existente na proximidade do “paredão” da barragem do Alqueva, na companhia de mais 4 autocaravanas, em posição de deleite perante o espectáculo de mais um deslumbrante por-do-sol.



Na terça-feira acabou por “amanhecer tarde”, talvez por causa do irremediável regresso a casa, que embora agradável, nos deixa num estado misto de nostalgia, pelo que agora deixamos, e de ansiedade por um regresso seguro “às origens” e ao “lar doce lar”.

Laucorreia








2 comentários:

Gracita disse...

Lindo, como sempre! Precisamos voltar aí para conhecer estas maravilhas...

Anónimo disse...

engraçado, se for ao meu blogue encontará uma crónica sobre a mesma zona, com muitos pontos de contacto com a sua viagem. O Alentejo anima sempre qualquer descrição, não acha?

Viajantedecasaàscostas