Hoje, ao percorrer o ciber-espaço autocaravanista português dei comigo a pensar: afinal Salazar é o grande responsável pela actual situação do autocaravanismo em Portugal.
Não estou a delirar, sei muito bem que no tempo de Salazar não havia autocaravanas. Mas também sei que foi na sociedade que Salazar asfixiou que foram moldadas as mentes de mais de metade dos actuais autocaravanistas. Esta é a questão: Salazar deixou a sua marca indelével no comportamento (quantas vezes inconsciente) de várias gerações de pessoas, entre elas dos actuais autocaravanistas.
Salazar levou ao extremo o culto da personalidade e da autoridade do chefe. Hoje em dia o autocaravanismo está cheio de pessoas com tanto de vaidoso quanto de arrogante pois se sentem no direito de não ser questionados nem confrontados pelo simples facto de disporem de um qualquer estatuto de dirigente-chefe (independentemente da sua fonte de legitimidade ser ou não democrática).
Salazar cultivava o silêncio voluntário como forma de não se expor, ao mesmo tempo que pela força da repressão impunha aos seus adversários o silêncio. Há hoje por aí quem mostre o maior desprezo por aqueles que era suposto representar e quem ache que o autocaravanismo estaria muito melhor se aos autocaravanistas fosse proibido interpelar e/ou criticar os seus dirigentes.
Salazar formatou as pessoas na convicção de que sexo, religião, política e interesse colectivo não eram assuntos que se discutissem. Ora porque tinham uma complexidade que exigia conhecimentos só ao alcance dos iluminados, ora porque fazia despertar ideias perversas na cabeça do povo, ora porque só podia servir para criar inimizades entre amigos. O povo devia contentar-se em falar de futebol e em cavaquear sobre coisas mundanas, fúteis e circunstanciais, valorizando a confraternização no adro da Igreja celebrada com uns copos do vinho que dava de comer a 5 milhões de portugueses.
Também hoje o autocaravanismo está cheio de pessoas que se apresentam como os campeões da boa educação e da defesa da unidade. Mal alguém se envolve numa troca de argumentos ou confronta ideias logo vêm a terreiro clamar que acabem com as discussões que só servem para dividir o movimento autocaravanista. Que vergonha (dizem eles) transformarem a praça pública numa arena de combate pessoal. Daí o apelo que fazem: vamos mas é falar sobre o que nos une (querem eles dizer: não vamos falar de nada), vamos mas é confraternizar (que de festas e romarias é que o povo gosta).
Mas estes campeões da boa educação são também os primeiros a hipocritamente aparecerem de mansinho por detrás dos desavindos para os picar, para candidamente lançarem mais uma intriga, ou mais uma provocação, assim em jeito de quem atira a pedra e a seguir esconde a mão no bolso e assobia para o ar.
Moral da estória. Quer os dirigentes quer os autocaravanistas em que se apoiam sofrem do mesmo mal: a falta de cultura democrática de discussão. E o grande culpado disso é o Salazar que nos legou esta herança cultural.
Nunca é demais recordá-lo, menos ainda quando se celebra essa radiante madrugada que permitiu ao Povo português redescobrir-se e sentir o prazer de viver em Liberdade.
Modestamente aqui fica o meu tributo a todos os que tornaram o 25 de Abril uma realidade. BEM-HAJAM pela vossa acção e pelo vosso exemplo: Acreditar e lutar colectivamente organizados... é vencer.
Não estou a delirar, sei muito bem que no tempo de Salazar não havia autocaravanas. Mas também sei que foi na sociedade que Salazar asfixiou que foram moldadas as mentes de mais de metade dos actuais autocaravanistas. Esta é a questão: Salazar deixou a sua marca indelével no comportamento (quantas vezes inconsciente) de várias gerações de pessoas, entre elas dos actuais autocaravanistas.
Salazar levou ao extremo o culto da personalidade e da autoridade do chefe. Hoje em dia o autocaravanismo está cheio de pessoas com tanto de vaidoso quanto de arrogante pois se sentem no direito de não ser questionados nem confrontados pelo simples facto de disporem de um qualquer estatuto de dirigente-chefe (independentemente da sua fonte de legitimidade ser ou não democrática).
Salazar cultivava o silêncio voluntário como forma de não se expor, ao mesmo tempo que pela força da repressão impunha aos seus adversários o silêncio. Há hoje por aí quem mostre o maior desprezo por aqueles que era suposto representar e quem ache que o autocaravanismo estaria muito melhor se aos autocaravanistas fosse proibido interpelar e/ou criticar os seus dirigentes.
Salazar formatou as pessoas na convicção de que sexo, religião, política e interesse colectivo não eram assuntos que se discutissem. Ora porque tinham uma complexidade que exigia conhecimentos só ao alcance dos iluminados, ora porque fazia despertar ideias perversas na cabeça do povo, ora porque só podia servir para criar inimizades entre amigos. O povo devia contentar-se em falar de futebol e em cavaquear sobre coisas mundanas, fúteis e circunstanciais, valorizando a confraternização no adro da Igreja celebrada com uns copos do vinho que dava de comer a 5 milhões de portugueses.
Também hoje o autocaravanismo está cheio de pessoas que se apresentam como os campeões da boa educação e da defesa da unidade. Mal alguém se envolve numa troca de argumentos ou confronta ideias logo vêm a terreiro clamar que acabem com as discussões que só servem para dividir o movimento autocaravanista. Que vergonha (dizem eles) transformarem a praça pública numa arena de combate pessoal. Daí o apelo que fazem: vamos mas é falar sobre o que nos une (querem eles dizer: não vamos falar de nada), vamos mas é confraternizar (que de festas e romarias é que o povo gosta).
Mas estes campeões da boa educação são também os primeiros a hipocritamente aparecerem de mansinho por detrás dos desavindos para os picar, para candidamente lançarem mais uma intriga, ou mais uma provocação, assim em jeito de quem atira a pedra e a seguir esconde a mão no bolso e assobia para o ar.
Moral da estória. Quer os dirigentes quer os autocaravanistas em que se apoiam sofrem do mesmo mal: a falta de cultura democrática de discussão. E o grande culpado disso é o Salazar que nos legou esta herança cultural.
Nunca é demais recordá-lo, menos ainda quando se celebra essa radiante madrugada que permitiu ao Povo português redescobrir-se e sentir o prazer de viver em Liberdade.
Modestamente aqui fica o meu tributo a todos os que tornaram o 25 de Abril uma realidade. BEM-HAJAM pela vossa acção e pelo vosso exemplo: Acreditar e lutar colectivamente organizados... é vencer.
Raul Lopes
1 comentário:
Aplaudido solidáriamente!
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