Foi graças ao blog Papa-Léguas que a comunidade autocaravanista tomou conhecimento do que lá se disse. Pela minha parte, obrigado ao Papa-Léguas.
No dito colóquio terá sido dito que não havia problema nenhum, pois se a Lei não proíbe… é permitido (no caso estacionar-pernoitar). Pois… o problema é quando há “leis municipais” feridas de ilegalidade mas não impugnadas judicialmente. Neste caso, é ilegal, mas para a polícia é suporte bastante para nos multar e/ou escorraçar. E se por acaso alguém ouvir o pedido entregue na Assembleia da Republica pelo MIDAP e seus guarda-costas, então deixará mesmo de ser ilegal: pois o maior problema actual das Câmaras é não terem um sinal de trânsito que permita descriminar as autocaravanas (o tal sinal que Nandin de Carvalho se não cansa de reclamar).
Os ecos do Colóquio serviram também para que o malabarista DeCarvalho se apressasse a vociferar e a exibir as suas habilidades para iludir pacóvio: “vêem, eu não dizia que a Portaria era só para regular o campismo?”. Claro que se esqueceu de dizer que o diploma legal que esgrime não distingue entre autocaravanismo e campismo, logo os autocaravanistas são simplesmente tratados como campistas. E, assim sendo, ou acampam nos campings normais, ou nos campings especiais para autocaravanas definidos na Portaria, … ou são campistas selvagens como a AECAMP e a FCMP pretendem. O futuro se encarregará de mostrar quem é que chumbaria no primeiro ano de qualquer curso de Direito.
Ao que ele disse só acrescentaria isto: não podemos confiar a defesa dos nossos interesses aos donos dos parques de campismo, nem sequer às empresas mascaradas de clubes de automóveis.
Pela sua pertinência, transcreve-se de seguida, na integra, o texto de Paulo Rosa.
A separação dos representantes do “Autocaravanismo” e do “Campismo” é essencial.
Não adianta insistir que os representantes sejam comuns e que a defesa de interesses se assuma independente, pois as motivações e orientações são muito diferentes. Não adianta querer ou acreditar que uma federação de parques e clubes campistas vá defender uma actividade turística que pode utilizar, esporadicamente, ou não, os serviços dos campings. Esta perspectiva é tão real, como a realidade de os nossos campings, em geral, não darem um só passo em frente na adaptação dos seus serviços aos interesses e necessidades dos autocaravanistas. Falo concretamente de zonas de serviços e acolhimento anexos aos campings, de tarifas atractivas para autocaravanas, etc. Construir hoje para colher amanhã é algo que ainda não chegou à visão da generalidade dos empresários dos campings. Assim, criar modelos de negócio que captem os autocaravanistas é algo que não é implementado. Em alternativa insistem que, através de interpretações abusivas da Lei e redutoras da nossa actividade, sejamos obrigatoriamente encaminhados para os campings ao final do dia. Por outro lado, não chegaremos a lado nenhum enquanto não for aceite e reconhecida esta vertente do autocaravanismo, como forma de turismo itinerante, a qual é perfeitamente sustentável sem recurso aos campings, mas sim a zonas de serviços e parqueamento de ACs. Observe-se o desenvolvimento que este tipo de turismo tem em França, Itália ou Alemanha, onde este modelo funciona e é (bem) reconhecido e apoiado pelos governos, comparativamente com aqueles países onde o autocaravanismo é reconhecido apenas como uma modalidade campista (Croácia, Bélgica, Suíça, …etc). Para nós, autocaravanistas, o desejo é claro de não sermos representados por associações campistas. É essencial que a convergência no meio autocaravanista se assuma e as “plataformas sectoriais campistas” defendam os seus interesses específicos, os quais são bem diferentes dos nossos.Faço votos de que os nossos representantes olhem em frente, se inspirem no crescimento do autocaravanismo, para adiantar a marcha e as acções, deixando as federações e clubes campistas correrem ao seu ritmo, na defesa da sua actividade básica – o campismo.
_________________Paulo http://www.campingcarportugal.com/
Raul Lopes
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