sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Há um ano foi assim... o que fez o CPA entretanto?

Fez há algumas semanas atrás um ano que se realizou em Abrantes a Assembleia Geral do CPA. A Direcção de então apresentou no fórum do CPA o relatório que seguidamente reproduzimos.

Daqui a uma semana haverá nova AG do CPA onde cabe à Direcção prestar contas aos sócios. É óbvio para qualquer observador, mesmo desatento, que houve uma radical alteração na orientação seguida pela Direcção do Clube.
Foi abandonada a trajectória de afirmação institucional do CPA como legítimo representante do autocaravanismo, parecendo que a Direcção hesita entre ceder tal direito ao MIDAP ou à FCMP.

Abdicou-se do esforço de dar visibilidade ao Clube e ao autocaravanismo na comunicação social.

O Fórum que vinha sendo usado como instrumento de comunicação com os sócios e de abertura do Clube ao exterior, foi abandonado à sua sorte.

O combate pela dignificação da imagem social dos autocaravanistas foi completamente esquecido.

A promoção das vantagens materiais para os sócios limitou-se à colheita dos frutos do acordo feito com a Allianz-Castela&Veludo no mandato anterior.

A estratégia que vinha sendo construída no sentido de criar condições para a definição de legislação que enquadre o autocaravanismo e garanta os direitos dos autocaravanistas itinerantes foi abandonada, passando o CPA a subordinar-se à estratégia errante de Nandin de Carvalho.

O esforço de criação de novas áreas de serviço para autocaravanas foi abandonado pelo Clube, deixando tal tarefa a cargo de um vendedor de máquinas para AS (abandonando inclusivé os contactos institucionais onde havia expectativas de se criarem novas AS).

Em síntese, a actual Direcção de Ruy Figueiredo cortou com tudo o que de melhor se vinha fazendo pelo autocaravanismo. Mas já alguém se permitiu dizer que 2008 foi o melhor ano para o autocaravanismo. Aguardamos ansiosamente pelo Relatório de Actividades a submeter à AG para perceber o que fez afinal o CPA que justifique tal avaliação. Será por 2008 ter deixado os autocaravanistas mais próximos do que nunca de serem obrigados a refugiar-se nos parques de campismo?

Relatório sintético da actividade da Direcção do CPA em 2006 e 2007

Sem desprimor para o trabalho feito por outros, qualquer observador atento reconhecerá que em matéria de afirmação institucional do CPA, de visibilidade pública do autocaravanismo e de dignificação da imagem social dos autocaravanistas, se fez mais nestes dois anos do que nos restantes quinze. O mesmo se pode dizer no que se refere à promoção de áreas de serviço para autocaravanas ou no que concerne à luta contra as proibições de estacionamento. As condições do Protocolo de Seguros que assinámos falam por si. Cerca de 3 centenas e meia de novos sócios nestes dois anos são bem o testemunho da correcção do rumo que seguimos.Recordemos as principais realizações da responsabilidade desta Direcção.

1. Mantivemos a tradição do Clube organizando 12 eventos de confraternização dos sócios (o dobro da média anual dos últimos anos):

• Em 2006: Encontro do Cartaxo, Encontro de Castanheira de Pêra e Encontro da Murtosa, Passeio pelo Alto Tejo;

• Em 2007: Encontro do 16º Aniversário-Alenquer; Encontro da Nauticampo-Lisboa; Encontro de Abrantes; Acampamento da Ericeira; Passeio pela Serra de Montemuro; Inauguração da Área de Serviço da Batalha, de Abrantes e de Pedrógão;

2. Iniciámos o processo de reorganização interna do Clube, acertando o passo com a sociedade informatizada do nosso tempo(uma nota de reconhecimento para o esforço que a Amélia Reis fez para se adaptar às exigências da informática e da Internet)

• Actualizámos (pela 1ª vez) o ficheiro de sócios e reformulámos a ficha de sócio. Alteramos os procedimentos de gestão do ficheiro de sócios, acabando com o ficheiro em papel;

• Redefinimos os procedimentos contabilísticos, passando a contabilidade a fazer-se integralmente em suporte informático;

• Passámos a comunicar regularmente com os sócios através de e-mail;

• Registámos em nome do Clube um domínio na Internet, criámos e mantivemos nós mesmos uma página do CPA na Internet, qual janela do Clube aberta ao Mundo;

• Criámos uma Base de Dados sobre Áreas de Serviço e locais de pernoita acessível aos sócios via Internet;

• Criámos uma aplicação informática que permite a qualquer um fazer-se sócio do Clube através da Internet (mais de uma centena apenas em 6 meses);

• Criámos o Fórum-Autocaravanismo que passou a ser instrumento privilegiado de comunicação com os sócios e com os autocaravanistas em geral. Este fórum é actualmente uma espécie de ponto de encontro obrigatório dos autocaravanistas, registando entre 50 e 60 mil visitas mensais.

3. Abrimos o Clube ao Mundo e começámos a construir o prestígio institucional necessário para que o CPA seja visto como uma referência pela generalidade dos autocaravanistas e como um parceiro credível na defesa dos interesses dos autocaravanistas por parte das autoridades oficiais

• Durante este mandato foram enviadas às mais diversas entidades e à comunicação social cerca de uma centena de documentos com Comunicados de Imprensa, tomadas de posição institucional, esclarecimentos técnicos, propostas de parceria, etc. Há 391 Autarquias e 413 jornalistas que passaram a receber regularmente informação sobre as actividades do CPA.

• O Boletim oficial do CPA sofreu uma profunda reestruturação tanto do ponto de vista gráfico como do seu conteúdo e dimensão, adquirindo uma dignidade que lhe faltava, com o que se conquistou para o Clube uma nova imagem institucional e se aumentou o potencial de obtenção de patrocínios publicitários.

• Os protocolos assinados com a ExpoBatalha, a Exponor-Natura e com a FIL-Nauticampo permitiram ao CPA passar a dispor de um stand próprio digno e gratuito em todas as grandes feiras-exposições de autocaravanismo em Portugal, aí se dando a conhecer e aí acolhendo os sócios. A Expo-Natura ostentou o símbolo do CPA nos seus cartazes de promoção. Imaginam qual é o valor comercial destes protocolos?

• Criámos a CARTA de AUTOCARAVANISTA, com tudo o que ela encerra de simbólico.
• Colaborámos com a revista espanhola El Camping y su Mundo na elaboração de um Guia de Áreas de Serviço na Península Ibérica, que contribuirá não só para divulgar o CPA além fronteiras como para promover o autocaravanismo em Portugal.

• Contribuímos activamente para que se tenha falado mais de autocaravanismo na sociedade portuguesa durante este dois anos do que em todos os 25 anos anteriores juntos. As quase 7 mil mensagens no Fórum, as reportagens do jornal Público e a entrevista dada à rádio TSF são apenas os exemplos mais marcantes onde o CPA e o autocaravanismo mereceram um destaque nacional sem precedentes.

4. Contribuímos decisivamente para a abertura de uma nova página nas condições em que se pratica o autocaravanismo em Portugal. Por força do trabalho de credibilização institucional do CPA, não só passámos a ser escutados enquanto representantes dos interesses dos autocaravanistas, como passámos a ser reconhecidos enquanto parceiro estratégico. Isso permitiu que as condições para se praticar o autocaravanismo em Portugal tenham conhecido um sério e decisivo impulso, ao mesmo tempo que reforçámos as vantagens materiais oferecidas pelo Clube aos sócios. São disso exemplo:

• O acordo negociado com a Allianz e a Castela&Veludo que veio revolucionar o mercado português de seguros de autocaravanas. Muitos sócios passam a poupar num só ano mais do que aquilo que pagaram de cotas ao CPA em toda a sua existência (isto caso tenham sido sócios fundadores). Por isso este acordo é também uma garantia de financiamento permanente do Clube, pelos novos sócios que irá trazer ao CPA. É a garantia de viabilidade financeira do Clube. Mas não é só o Clube que ganha, mesmo os nossos detractores ficam a ganhar. Não fosse o nosso trabalho e todos os autocaravanistas continuariam a pagar o dobro do que pagamos agora pelo seguro da autocaravana.

• Quando iniciámos funções havia em Portugal 2 áreas de serviço para autocaravanas de acesso não condicionado. Hoje existem 15 (sem contar com os espaços fechados dos campings).Por força dos protocolos que criámos passámos a ter em Portugal áreas de serviço em campings que estão abertas aos autocaravanistas sem necessidade de pernoitarem no parque, o que é uma inovação. Inovação é também o azulejo de certificação, que além do mais é uma montra de publicidade ao CPA. Agora até se diz que é fácil criar uma área de serviço, até parece que elas nascem como os cogumelos. Então porque não surgiram elas nos últimos 15 anos? Alguém acha que seria tão fácil como o é agora criar uma área de serviço se não fosse o projecto técnico que elaborámos, a apresentação que dele fizemos a quase 4 centenas de Autarquias Locais, a forma como gerimos a imagem pública do CPA e das inaugurações entretanto realizadas? Há mais de 10 anos que no CPA e na Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal se tentava definir um Projecto de Área de Serviço. Nós fizêmo-lo e encontrámos parceiros para o concretizarem. Poder-se-ia ter ido mais longe, mas infelizmente houve que “deixar cair” quase 2 dezenas de processos de negociação em curso para a criação de outras tantas áreas de serviço. Apesar disso, nos próximos meses seremos chamados a estar presentes na inauguração da área de serviço de Moncorvo, na de Nelas e na de Coimbra (sim, leu bem: Coimbra, na margem do Mondego).

• Os primeiros passos no dossier legal foram dados com as diligências junto da GNR da PSP da DGV e do Provedor de Justiça. Tais diligências, no sentido de esclarecer as condições jurídicas da prática do autocaravanismo em Portugal, foram a partir de certa altura interrompidas por falta de condições internas para prosseguir o rumo definido. Mafra é uma boa ilustração: apesar do apelo feito, quantos foram os sócios que transmitiram à Câmara o seu apoio à proposta que a Direcção do Clube colocou à consideração da Câmara e da Assembleia Municipal? Nenhum!

À luz da experiência vivida pela Direcção que hoje cessa funções, cabe agora aos sócios reflectir seriamente sobre o rumo que querem para o Clube. Em particular impõe-se avaliar se o movimento autocaravanista português, e o CPA em particular, estão preparados para enfrentar a batalha da institucionalização jurídica do autocaravanismo em Portugal.


A Direcção do CPA
Ruy Figueiredo, presidente
Raul Lopes, vice-presidente
Emidio Campos, tesoureiro
Abílio Mira
Nuno Ribeiro
Vitor Santos

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