quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Nauticampo2009: Um (mau) sinal dos tempos!

A edição deste ano da Nauticampo, sempre considerada, em Portugal, a maior e melhor feira em matéria de autocaravanismo, (entre outras actividades de lazer e “ar livre”), deixou muito a desejar.

Reflectindo, certamente, a actual crise económica mundial e, em particular, a crise que afecta os portugueses, esta exposição esteve longe de outros tempos.

O “desânimo” - descrença e incerteza - assolou os expositores, que apostaram o mínimo na sua presença e, a própria organização, receando, também, um fiasco em termos de visitas, foi desta vez pródiga na distribuição, via internet e mesmo postal, de entradas gratuitas para o certame.

Foram notadas ausências de algumas marcas que marcaram presença significativa em anos anteriores e que até tinham tido alguma penetração no nosso mercado, como foi, por exemplo, o caso da Joint.


Notada foi, também, a “maior” presença de algumas marcas “novas”, ditas “brancas”, embora isso não transpareça à partida, e que são resultantes da crise que atravessa o sector. Aumentou, claramente, o número das marcas que, com créditos firmados na gama média e alta, recorrem a este estratagema para, por um lado limitarem a desvalorização da "imagem de marca" dos seus produtos tradicionais, e por outro, procurando minimizar as quebras na facturação e na penetração num mercado em regressão forçada, que se espera limitado no tempo.
O aparecimento dessas marcas “alternativas” acabou por ser, talvez, o facto mais saliente e “inovador” de uma feira marcada pela “indiferença”. Sinal dos tempos.

Resta observar que a disposição do certame foi muito confusa, misturando-se amiúde, as autocaravanas (e caravanas) com as tendas e a oferta das casas pré-fabricadas destinadas à implantação e/ou aluguer em parques de campismo ou resorts similares, além de outros veículos com características mais próximas da uma utilização extra-urbana.





Se quiséssemos um quadro de confusão entre campismo e autocaravanismo, não precisavámos de ir mais longe!

Uma palavra, também, para assinalar a presença algo escondida do CPA, num canto de fundo, situação que tentou colmatar usando, por cima do stand, um placard identificativo maior, para minimizar a sua localização desfavorável.
A presença da Allianz e da FCMP ladeando as entradas do pavilhão dedicado à “mixelânia” que descrevi acabavam por ser os stands mais bem localizados, tendo aquela seguradora, fortemente ligada ao autocaravanismo, por via do seu protocolo com o CPA, tido a companhia da revista “El Camping e su Mundo” que distribuíu, uma vez mais, de forma gratuíta, o último número onde, como já foi observado nesta tribuna, reproduzia a posição da Tribuna Autocaravanista a propósito da portaria 1320/2008.
Uma pequena nota para referir a limitada percepção que se podia tirar da “presença” do projecto “Portugal Tradicional”, cujo desenvolvimento poderia ser positivo, mas que requeria uma maior visibilidade, que a mera presença com um cartaz torna demasiado limitada.



Finalmente, resta esperar que os efeitos nefastos desta crise se esfumem, para que o mercado do autocaravanismo possa voltar à “normalidade”, e que, entretanto, não se adense o nevoeiro que paira sobre a liberdade do autocaravanismo como forma de turismo itinerante, particularmente, se nos dermos conta das movimentações de entidades com forte pendor comercial como a ACAP e a AECAMP, que “co-ligados” com sectores associativos com uma “filosofia” muito próxima, como a FCMP (e o ACP não?), pretendem criar uma “plataforma” de interesses comuns de duvidosa utilidade para os os autocaravanistas “nómadas”.


Laucorreia

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