PORQUE NÃO HÁ MACHADO QUE CORTE A RAIZ AO PENSAMENTO...
A TRIBUNA SEGUE OS TRILHOS DOS AUTOCARAVANISTAS ITINERANTES QUE CULTIVAM A LIBERDADE ALICERÇADA NA RESPONSABILIDADE, E QUE NÃO HIPOTECAM A CONSCIÊNCIA AO JOGO OPORTUNISTA DO DISCURSO POLITICAMENTE CORRECTO
O plenário da AR chumbou hoje o Projecto-Lei apresentado pelo PSD, que formalmente visava regulamentar o estacionamento das Autocaravanas, mas, como oportunamente aqui denunciámos, na realidade o único efeito prático que teria era o de conduzir ao acantonamento dos autocaravanistas.
OBRIGADO senhores Deputados do Partido Socialista, do Partido Comunista, do Partido Ecológico “Os Verdes” e do Bloco de Esquerda!
Apesar do ruído, da manipulação e da tentativa de usurpação da legitimidade representativa dos autocaravanistas a que temos vindo a assistir entre a comunidade autocaravanista, os deputados do PS, CDU e BE souberam interpretar devidamente o ensurdecedor silêncio dos autocaravanistas portugueses como um grito de protesto.
É bom saber que entre os nossos legítimos e democráticos representantes na AR há quem tenha sabido ouvir a voz e os argumentos da razão. Tanto mais que para isso não foi preciso nenhum frenesim de diálogos mistificadores de um homem só a falar sozinho, como o triste espectáculo a que temos vindo a assistir nos Fóruns e Blogs de autocaravanismo.
BEM HAJAM, senhores Deputados!
BEM HAJAM aos vários autocaravanistas que se manifestaram junto do GP do PS contra este PL.
Ao longo de 6 meses, diariamente, subimos a esta Tribuna para apontar caminhos, apoiar iniciativas válidas, divulgar e partilhar informações de interesse para os autocaravanistas, assim como para denunciar os erros e sobretudo as manobras perversas daqueles que se têm aproveitado dos autocaravanistas, manipulando-os.
Com a apresentação na Assembleia da República do Projecto-Lei 778/X atinge-se o culminar de um processo que no essencial visa alimentar vaidades pessoais e promover interesses materiais à custa do aprisionamento dos autocaravanistas em "AAA-Áreas de Acantonamento de Autocaravanas".
Desde o primeiro momento que aqui denunciámos as iniciativas errantes e perversas que culminaram na tentativa legal de nos acantonar, pondo fim ao autocaravanismo itinerante em liberdade. Na nossa mensagem de ontem fica bem evidente que afinal tínhamos razão desde a primeira hora.
Lamentavelmente os protagonistas principais deste processo são autocaravanistas, o que configura uma traição. Com o nosso silêncio de pesar da semana passada quisemos dar-lhes a oportunidade de virem a público retratar-se, pedir desculpa aos autocaravanistas, e dispor-se a tentar emendar o erro que cometeram. Infelizmente... em vez disso apressaram-se a ir para Cascais onde o manipulador DeAlém se exibiu ao mais alto nível, fazendo desfilar as suas marionetas enquanto se escondia por detrás do pano do palco.
Cascais foi anunciado como uma festa, e até já houve quem tenha escrito que foi um virar de página do autocaravanismo. Com efeito, no fim-de-semana passado em Cascais não se virou uma página, fechou-se o livro. A festa em que alguns participaram em Cascais afinal era o funeral do autocaravanismo livre, como ontem deixámos aqui demonstrado.
Os autocaravanistas tem o direito, e o dever, de recordar o nome dos principais responsáveis por esta tentativa de aprisionamento do autocaravanismo:
Luís Nandin de Carvalho (Newsletter, MIDAP, CAB, ONGA, CPA, ACP, Jurisconsulto especialista em lobbing, Secretário do ONGA, Director dos Gabinetes de estudos da Newsletter, Bar de Além, A. Camping, exGLRP, etc.)
Ruy Figueiredo (CPA-Clube Português de Autocaravanas e MIDAP-Movimento dos transversais ingénuos)
JJ Carvalho dos Santos (CCL-clube de campismo de Lisboa, CPA, MIDAP)
Seco dos Santos (MIDAP e CAB-Circulo de Autocaravanistas da Blogosfera)
Diogo Ferreira (MIDAP e CAB)
Ana Pressless Duque (MIDAP e CAB)
Luís Almeida (site Camping-Car Portugal e MIDAP)
Paulo Rosa (site Camping-Car Portugal)
Fernando Luís (site Camping-Car Portugal e MIDAP)
Rui Narciso (blog Pápa-Léguas e CAB)
Teresa Paiva (CPA)
Nuno Pires (MIDAP, CAB, CPA e CASaloios)
O comportamento destas pessoas deixa-nos envergonhados de sermos autocaravanistas. Por isso, e como gesto de solidariedade para com as vítimas da sua acção, recusamo-nos a continuar a partilhar o palco do autocaravanismo com pessoas deste nível.
É pois com pesar que anunciamos que de hoje em diante as nossas vozes vão deixar de ouvir-se na Tribuna Autocaravanista.
Aos companheiros que sempre souberam tributar-nos o calor do seu apoio, deixamos aqui um fraterno abraço.
Vamo-nos vendo por aí, on the road... a caminho da Europa.
Entretanto, deixamos-vos uma sugestão para este fim de semana: vão ao teatro.
Em Lisboa, na sala Garrett do Teatro D.Maria II, estará em cena o Vampiro, representado pela Companhia holandesa Stuffed Puppet Theatre assim apresentado:
Num parque de campismo holandês, que à primeira vista parece muito divertido, o dono e o seu assustador ajudante preparam planos sombrios. Vampyr é um conto de fadas para adultos, uma história que junta rituais, medos, romantismo, coragem, cobardia, condimentada com terror, humor e infidelidade.
Neville Tranter, actor-manipulador, apresenta-se sozinho em cena, num cenário que combina os dispositivos teatrais mais antigos com as tecnologias mais modernas, e evoca imagens que o público dificilmente esquecerá.
Se por ventura não conseguir bilhete, não se preocupe: há uma versão portuguesa que continuará em exibição num parque de campismo perto de si.
Mendes Bota e Nuno da Câmara Pereira subscrevem uma proposta de Projecto-Lei que tem como propósito regulamentar o autocaravanismo. Pelas considerações do preâmbulo, pesem embora algumas confusões conceptuais de que não serão os principais responsáveis, somos levados a crer que estes dois deputados do Grupo Parlamentar do PSD estão genuinamente convencidos da bondade do Projecto que subscrevem.
Infelizmente, os senhores deputados foram enganados pelas mesmas pessoas que têm vindo a enganar os autocaravanistas.
O que está em cima da mesa não é um diploma para salvaguardar a liberdade do autocaravanismo. Isto é um articulado deliberadamente enganador, é uma artimanha que entre os autocaravanistas só podia ser gerada pela mente perversa do manipulador DeAlém. Aliás, ele não perdeu tempo a vir a público reclamar os louros da coautoria do Projecto-Lei. Esse senhor, não satisfeito com o uso da internet para manipular e descredibilizar o autocaravanismo, permitiu-se agora envolver no seu jogo os srs deputados (cuja boa fé não questionamos).
Depois dos (poucos e hesitantes) aplausos que já se ouviram por aí, como se a existência de uma iniciativa legislativa fosse por si só uma boa notícia, estas nossas palavras podem parecer despropositadas. A quem assim pense sugerimos que leia com atenção o texto do Projecto-Lei e que com ele na mão coteje os seguintes comentários.
Na ordem jurídico-constitucional portuguesa é aos Municípios que compete regulamentar a utilização do espaço público, nomeadamente quanto às condições de circulação e estacionamento dos veículos automóveis. A competência regulamentar dos Municípios está sujeita aos limites da lei superior, estando-lhes vedada a capacidade jurídica para, por exemplo, criar sinais de trânsito.
De entre todos os problemas dos autocaravanistas, o que ressalta como principal quer no momento actual quer no futuro previsível, é a utilização de Regulamentos Municipais e de sinalização avulsa para, de forma indiscriminada, negar aos autocaravanistas o legítimo direito de estacionar as autocaravanas em condições que respeitam escrupulosamente o estabelecido no Código da Estrada.
O corolário dos dois factos anteriores é imediato, a salvaguarda dos legítimos direitos dos autocaravanistas só pode passar por dois caminhos: ou pela contestação casuística da discriminação aos autocaravanistas, em sede de Tribunal Administrativo, ou por um diploma legal de ordem superior que ponha fim às práticas regulamentares persecutórias dos autocaravanistas.
O Projecto-Lei em apreço salvaguarda os autocaravanistas da perseguição de que vêm sendo vítimas? Manifestamente NÃO. Pior do que isso, não só não impede a continuação dos actos persecutórios, como barra o caminho de afirmação dos nossos direitos por via judicial. Ou seja, deixa-nos completamente indefesos.
Com efeito, o que o Projecto-lei faz é legalizar a perseguição. Mas fá-lo de forma ardilosa, dando a entender que está a consagrar direitos aos autocaravanistas. De entre as 14 páginas do Projecto-Lei o que releva juridicamente são os artigos 2º, 3º, 4º, 5º e 14º, sobretudo estes dois últimos. O resto é retórica. Veja-se o que aí se estabelece.
O artigo 14º vem abrir a porta à criação de sinais de trânsito que tornem legal a proibição do estacionamento das autocaravanas, mesmo que respeitando as actuais normas do Código da Estrada. Desde a primeira hora que denunciámos como disparatada a ideia de pretender ver alterado o Código da Estrada. Por exemplo, actualmente o Código da Estrada tem um sinal com uma caravana, cuja existência se justificaria para sinalizar a localização de parques de campismo. Percorrendo o país, quantas vezes vemos esse sinal usado com essa finalidade? Ele é usado simplesmente para de forma abusiva (e por enquanto ilegal) proibir o estacionamento às autocaravanas. É fácil de ver o que acontecerá se no Código da Estrada for introduzido um sinal que permita discriminar as autocaravanas. De resto, se temos contestado a discriminação, que legitimidade têm agora os autocaravanistas para reclamar uma situação de privilégio para as autocaravanas relativamente aos restantes veículos automóveis? Está bem de ver que não é essa a finalidade deste anunciado sinal de trânsito. Isto é uma casca de banana!
O artigo 5º é, de entre todos os outros, o mais ardiloso. O nº 1 do artigo 5º parece generoso: autoriza o estacionamento em locais “de estacionamento exclusivo de autocaravanas” durante 48 horas. Isto é uma dádiva aos autocaravanistas? Não, é uma limitação dos direitos que decorrem do Código da Estrada, conforme resulta da articulação do artigo 5º com a alínea g) do artigo 2º. Em último caso este texto serviria para autorizar o estacionamento nos espaços de acolhimento às autocaravanas, como as áreas de serviço. Mas quem nos nega tal direito? E se ninguém o nega, para que precisamos nós de uma Lei a dizer que o temos? Simplesmente porque esta anunciada lei não está a dar, está a tirar. O que o nº 1 do artigo 5º se propõe conceder por 48 horas já o Código da Estrada autoriza por 30 dias.
O nº 2 do referido artigo 5º também não dá nenhuns direitos aos autocaravanistas, pelo contrário, retira-lhes o direito que o Código da Estrada nos dá de estacionar na via pública em condições de igualdade com os outros veículos ligeiros. Mais, obrigará os autocaravanistas a retirar do espaço público as suas autocaravanas quando não estão a viajar, pois em caso algum poderão estar estacionados no mesmo local por mais de 48 horas. Estacionar a autocaravana à porta de casa passará a ser proibido, bastará que um vizinho desejoso do espaço para estacionar o seu carro telefone para a polícia.
A conjugação do artigo 4º com os nºs 1 e 2 do artigo 5º resulta simplesmente nisto: bastará a qualquer Câmara reservar um terreiro de 100m2 a que chame “área de acolhimento de autocaravanas” para que por Regulamento (agora tornado legal) possa proibir o estacionamento de autocaravanas em todo o Concelho, sinalizando (agora legalmente) tal proibição com os sinais introduzidos pelo artigo 14º. Esta é rebuscada, é de Gra(nde)Mestre. Bem pode Nandin de Carvalho vangloriar-se de ter levado a sua carta a Garcia. Com efeito... só nos resta dar-lhe os parabéns: está quase a conseguir os seus intentos.
O artigo 4º só está no diploma justamente para permitir que o artigo 5º, sem o afirmar, legitime as práticas de acantonamento das autocaravanas nas cercas agora designadas de áreas de acolhimento (mistificando aquilo que os autocaravanistas designam por tal). Note-se que nestas ditas “áreas de acolhimento” não se aplica o limite de 48 horas de estacionamento, nem lhe é exigido que disponham de área de serviço. Porquê? Porque o que se está aqui a regulamentar não é o autocaravanismo mas sim os espaços de armazenamento das autocaravanas que o artigo 5º impede que fiquem estacionadas na via pública. O que se está aqui a regulamentar é a utilização dos parques de campismo falidos como espaços de acantonamento das autocaravanas. Na região de Lisboa, que dispõe de cerca de 4 mil autocaravanas, possuir um terreiro para encher de autocaravanas é muito mais rentável do que ter um camping. Um camping obriga a que se tenham equipamentos de qualidade e tem custos de funcionamento, converter um camping sem clientes num amontoado de autocaravanas fica muito mais barato e dá mais dinheiro. Não é Dr. Nandin de Carvalho? Destes negócios percebe o senhor, parabéns! Isto é muito mais inteligente do que inventar o conceito de praia no deserto de Alenquer. Afinal um mercado de 5 milhões de euros/ano, só na Região de Lisboa, desperta a imaginação e é motivação bastante para "levar a carta a Garcia", não é verdade?
O artigo 3º também só está no diploma para em articulação com o artigo 5º, beneficiando da confusão de conceitos estabelecida no artigo 2º, criar procura suficiente para rentabilizar os espaços de acantonamento das autocaravanas. De outra forma o ACP, por exemplo, não se interessaria pelo negócio de criar uma rede nacional de “áreas de acolhimento de autocaravanas” (de resto já anunciada como o grande contributo do ACP para o autocaravanismo). Se o que se pretendesse fosse combater o campismo selvagem não se precisava de recorrer a estes articulados rebuscados, nem se teria redigido nos termos em que está a alínea c) do artigo 6º. Cuidado, quando saírem não levem o periquito na autocaravana, se ele cantar isso é razão legal para a polícia vos negar o direito a estar estacionados na via pública. Se o cão ladrar ao ver a polícia aproximar-se da autocaravanas, imaginem só o que acontece.
Por força do estabelecido neste Projecto-Lei passará a ser possível (e legal!) ,por simples Regulamento municipal, proibir o estacionamento das autocaravanas fora das áreas de acantonamento, mesmo no curto período de tempo em que vamos ao restaurante, ao supermercado ou ao cinema. É este o preço que os autocaravanistas se arriscam a pagar em consequência de terem permitido ao manipulador DeAlém andar a divertir-se à sua custa.
As trapalhadas DeAlém não ficam por aqui. Por exemplo, quando no artigo 2º se introduz a definição de autocaravanista que lá está (como se disso precisássemos!), o que se está fazer é a tornar os autocaravanistas numa categoria diferente dos normais condutores. Ou seja, está-se a retirar-nos os direitos que o Código da Estrada nos concede enquanto condutores. Está-se a abrir o caminho para que em sede de regulamento "desta" Lei se obrigue os autocaravanistas a disporem de uma licença especial para conduzir a autocaravana. Como acontece no Brasil, por exemplo. Claro que a concessão dessa licença pode vir a ser autorgada ao ACP, que assim passa a ter mais um interesse em envolver-se no negócio do autocaravanismo. Por isso Nandin de Carvalho não perdeu tempo a propor que o ACP tenha um "parque de instrução" para autocaravanistas. Alguma razão o ACP precisava de ter para se empenhar na legitimação da fantochada que permitirá ao manipulador DeAlém continuar a sua obra: o designado Observatório Não Governamental do Autocaravanismo (presidido pelo ACP tendo como Secretário-Geral autonomeado o interessado Luís Nandin de Carvalho).
Ah, por certo já você estava a pensar: então e o nº 3 do artigo 5º não é muito bom para os autocaravanistas? Assim parece, mas também aqui o que parece não é. O problema com os POOC (Planos de ordenamento da orla Costeira) é o seu normativo impedir as autocaravanas de pernoitarem nos parques de estacionamento das praias. Mas actualmente nada impede os autocaravanistas de passarem o dia na praia deixando a autocaravana estacionada no respectivo parque, só têm que chegar antes dos outros condutores que aí desejem estacionar. Assim sendo, reservar um ou dois lugares do parque aos autocaravanistas não parece que seja grande compensação para a liberdade de ser autocaravanista que este Projecto-Lei nos retira.
O Problema dos autocaravanistas não é a falta de lugares para estacionar, o nosso problema é defrontarmo-nos com posturas municipais que nos proíbem de estacionar onde aos outros veículos é autorizado.
Em síntese, nenhuma das ideias consagradas neste Projecto-Lei é nova, nem uma boa notícia para os autocaravanistas. É fácil reconhecer a sua autoria, como fácil é fazerem-nos a justiça de reconhecer que há meses que na Tribuna Autocaravanista se tem vindo a denunciar esta cavalgada de instrumentalização do movimento associativo para fazer a coisa mais perversa que uma mente sã pode imaginar: acantonar as autocaravanas em cercas com a legitimação do próprio movimento associativo dos autocaravanistas (ainda que para tal seja necessário multiplicar organizações virtuais, obviamente sem qualquer tipo de legitimidade representativa).
Com este projecto o manipulador DeAlém deixou cair a máscara. Isto é uma traição aos autocaravanistas!
Quem duvidou da razão de ser de Luís Nandin de Carvalho andar num frenesim a criar organizações virtuais como o MIDAP, o CAB e o dito Observatório do autocaravanismo, tem agora perante os olhos a resposta. Só não vê mesmo quem não quer ver.
Bem que nós alertámos para o perigo de deixar andar o manipulador DeAlém à solta (sabíamos bem do que falávamos, pois durante dois anos mantivê-mo-lo de rédea-curta) . Perverso como é, em vez de abrir portas para passarmos com as autocaravanas, tenta derrubar as muralhas que nos protegem das investidas inimigas. Está profundamente enganado quem pense que Nandin de Carvalho pode abrir alguma porta por onde passe a defesa dos interesses dos autocaravanistas.
Tudo o que precisávamos era de uma Lei que impedisse a continuação de práticas municipais de perseguição às autocaravanas estacionadas na via pública, no respeito pelo estabelecido pelo Código da Estrada (que compete às Autarquias Locais respeitar). Afinal precisávamos, simplesmente, que a Lei existente fosse respeitada pelas autoridades oficiais. Em vez disso o que fez Nandin de Carvalho? Empenhou-se na legalização da perseguição aos autocaravanistas, cuidando de pelo caminho arranjar motivos de interesse para que outros parceiros se interessassem pelo negócio associado ao autocaravanismo. É vergonhoso de verificar que esta tentativa de acantonar os autocaravanistas está a ser executada pela mão de quem se diz autocaravanista, mas não o é menos verificar que tal tem vindo a ser legitimado pela acção (e pela omissão) daqueles que no movimento associativo têm a responsabilidade de dar voz ao interesse dos autocaravanistas. Isso é uma traição!
O autocaravanismo está pois à beira de resvalar para o abismo, e os responsáveis são todos aqueles que ignorando as sucessivas denúncias que fomos fazendo, legitimaram a farsa, especialmente aqueles que se permitiram surgir na Assembleia da República como representantes dos autocaravanistas portugueses. A todos esses, sem excepção, apontamos o dedo.
Como é fácil de ver estamos perante uma armadilha para o autocaravanismo. Uma traição! Não adianta ter a ilusão de que o problema se resolve com “sugestões de alteração” (que de resto nos não compete fazer). A única maneira de evitar que sejamos todos presa fácil desta manobra ardilosa é impedir a aprovação deste Projecto-Lei. E só há uma maneira de o fazer: apelar ao Grupo Parlamentar do PS para que inviabilize esta iniciativa legislativa.
Enquanto os nossos dirigentes associativos se ocupam da organização de arraiais, aqui ficam alguns contactos que podem ser usados por aqueles que se não resignam e pretendam sensibilizar os deputados do PS para o problema:
"Podem pois calar-se os profetas da desgraça que, por despeito e incapacidade, procuram denegrir o autocaravanismo e que apoucam estas iniciativas registadas desde há um ano com a fundação do MIDAP e que agora chegam com sucesso ao seu termo com o Seminario de Cascais."
DeCarvalho, in Newsletter
Não somos profetas da desgraça, mas honramo-nos de desde a primeira hora ter denunciado a falsa generosidade de propósitos do salvador do autocaravanismo.
Agora que o seu jogo de mistificação conceptual e de manipulação atinge o auge, decidimos fazer uma interrupção silenciosa. Não por despeito, nem por incapacidade, mas como forma de protesto por esta ardilosa tentativa de legalizar o acantonamento das autocaravanas em cercas a que querem chamar “áreas de acolhimento de autocaravanas”.
Por vontade de muito poucos, as "áreas de acantonamento das autocaravanas" passarão a ser o único sítio onde o estacionamento de autocaravanas será autorizado por mais de 48 horas, retirando-nos os direitos que o actual Código da Estrada nos consagra.
Os espaços de recolha de autocaravanas vão florescer pelo país fora, tal como os campings floresceram com a instalação permanente de caravanas.
O momento é pois da maior gravidade para o autocaravanismo. Cansados de gritar, remetemo-nos agora a 7 dias de silêncio, esperando desta forma contribuir para ajudar à reflexão daqueles que têm a obrigação de fazer ouvir a sua voz.
Com o nosso silêncio dos próximos dias também queremos partilhar a tristeza dos milhares de autocaravanistas que, ignorando o que se está a passar ou sentindo-se impotentes para travar mais esta trapalhada, virão a ser as vítimas dos gestos irreflectidos de meia dúzia de pessoas que têm vindo a arrastar o autocaravanismo por caminhos pantanosos e que agora se preparam para o projectar no abismo.
Aqueles que com a sua cumplicidade têm incentivado e conferido uma pseudo legitimidade às iniciativas errantes e sem nenhuma representatividade, têm agora a oportunidade de se redimir, fazendo ouvir a sua voz em defesa dos autocaravanistas exigindo ampla discussão e não coloquiais discursos de puro exibicionismo, vazios de debate e do contraditório, e realizados nas costas dos principais interessados.
Se não conseguis ouvir as vozes de protesto que se vão levantando, ouvi pelo menos o ensurdecedor silêncio que deixou confrangedoramente a falar sozinho o dito jurisconsulto que se apresenta como salvador do autocaravanismo.
Pensem: quantas vozes se levantaram em defesa desta iniciativa disparatada?
O vosso silêncio só vos compromente ainda mais com esta traição ao autocaravanismo. Mais vale falar tarde do que nunca!
Afinal companheiros, o que nos trás o “iluminado” projecto de lei do autocaravanismo apresentado pelos deputados do PSD(eCarvalho) e a fobia legisladora de uma minoria? Que mais valia nos trás o referido projecto? Sejamos frios na análise!
Genericamente promove mais regras, minorando os nossos direitos. Exige um maior policiamento, logo mais “perseguição”. Traz-nos o “acantonamento” forçado, logo maior discriminação. E finalmente, obriga-nos ao contra-relógio, ou melhor, oferece-nos uma bomba-relógio, já que se nos atrasamos, pode “rebentar-nos” na mão uma coima que nos deixará umas semanas com a AC na garagem… (para os que a têm).
Quando formos passar um fim de semana fora, a qualquer lado, (e não pode ser daqueles prolongados ou com “ponte”), não se esqueçam do cronómetro em casa, pois o vosso tempo de lazer será contabilizado ao minuto. Não se descuidem no café, na cervejaria, no museu, na praia, no restaurante, na loja de artesanato, pois a factura pode crescer muito... em pouco tempo!
Em algumas artérias de cidades e vilas é comum o parquímetro, naturalmente fixo. Com esta lei, as nossas autocaravanas passarão a ser, elas próprias, uns parquímetros móveis!
Qual “cinderela” em conto de fadas, o autocaravanista tem que se precaver quanto à possibilidade do súbito fim do “sonho de liberdade” que pensou realizar quando comprou uma autocaravana. Se o tempo passar para além da hora marcada, o sonho virará um pesadelo!
Por isso não adormeça. Ponha o despertador a tempo. A sesta terá que ficar para a próxima paragem.
Com as papas do reconhecimento do interesse económico do Autocaravanismo (como “enchemos” o nosso ego com tão pouco!) e os bolos das ESA – Estações de Serviço para Autocaravanas em Bombas de Combustível (quase só as das auto-estradas, porque as outras ficam dentro das localidades e foram excluídas!), este projecto é, sobretudo, um atropelo ao livre estacionamento a que temos já direito por via do Código da Estrada.
Senão, pergunta-se:
- Para que existam hoje - embora em número ainda insuficiente - umas quantas áreas de serviço e “acolhimento” para as AC’s (Abrantes, Batalha, Aldeia da Luz, S. Pedro do Sul, Vermoil, Aveiro, Izeda, Castro Marim, Vila N. Gaia, Estarreja, Valhelhas, Terrugem, Moncorvo, Lorvão, Freixo Numão, etc., etc.) foi necessária alguma lei? Não! Estas resultaram da iniciativa e da conjugação de esforços de pessoas individuais ou entidades associativas e afins, e de compromissos e interesses livremente assumidos por parte de autarquias.
- Para que em França, Itália, Alemanha, etc. existam “centenas e centenas” de “áreas de acolhimento” ou áreas de serviço e pernoita, foi necessária a existência de uma Lei das respectivas Assembleias Legislativas? Não! Estas resultaram do interesse do poder local e da “sedução” que o movimento associativo exerceu junto delas.
- Para que sejam devidamente penalizados os procedimentos negativos, para a sociedade e o ambiente, que alguns proprietários de autocaravanas têm na sua passagem/estadia por esse país fora é necessária uma nova Lei? Não! Já existem regulamentos e leis que proíbem e reprimem quem prevarica. Basta fazê-los cumprir!
- Naqueles países, para que fossem corrigidas algumas discriminações e perseguições injustas aos autocaravanistas foi preciso uma Lei? Não! Bastou a actuação do movimento associativo junto da Justiça para que as leis gerais que existem, - tanto lá, como cá - repusessem a legalidade.
Então para que nos serve esta projectada Lei?
- Esta projectada lei, ardilosamente elaborada, parece querer dar-nos algo de substancial, quando na verdade nos tira muito mais do que o que nos dá. Vemos várias alíneas de (correctos) deveres, inspirados, aliás, no que o Movimento há muito assumiu como seus, mas quanto a direitos... estamos conversados! - passaremos a andar a “toque de caixa”, de terra em terra à procura de uma vaga numa, ainda imaginária, Área de Acolhimento a Autocaravanas ou, naturalmente, num camping, para podermos descansar um pouco mais. De contrário, seremos forçados, de 48 em 48 horas a fugirmos à polícia.
Se há um ano tínhamos uma mão vazia e outra cheia de nada, amanhã teremos uma vazia e outra acorrentada.
Foi este o serviço público prestado aos autocaravanistas pelo frenético, mas insignificante e sem legitimidade representativa, grupo de protagonistas transversais que surgiu entre nós nos últimos meses. Os mesmos que ainda há pouco nos garantiam que a GNR lhes tinha assegurado que não havia nenhum problema legal com o estacionamento das autocaravanas. Se então falaram verdade aos autocaravanistas, como se justifica agora este Projecto-Lei para regulamentar o estacionamento das autocaravanas? Para pior já basta assim!
A todos os companheiros autocaravanistas descomprometidos
Há muito que venho escrevendo sobre a liberdade do autocaravanismo. Quer eu, quer os restantes integrantes desta Tribuna, temos chamado a atenção para as diferentes iniciativas e as diferentes formas com que alguns pretensos amigos e defensores da modalidade procuram camuflar os seus potenciais intentos.
Apresenta-se-nos agora uma nova etapa tão difícil como perigosa. Difícil de interpretar e perigosa na sua formulação já que é susceptível de induzir em erro qualquer incauto bem intencionado. Refiro-me ao pré-projecto apresentado ou a apresentar por 2 deputados em sede da AR.
O que para já sugiro a todos, sem querer emitir juízos de valor, é que parem para pensar em profundidade e dêem à vossa mente a liberdade para seguir todos os percursos, nomeadamente em matéria de contraditório. Pensem no que têm e no que verdadeiramente pode resultar de valor acrescentado, se esse projecto vier a ver a luz do dia, ou se pelo contrário, ele nos vai limitar mais do que aquilo que, pontualmente, já nos acontece.
Procurem questionar-se sem preconceitos, assumam sem receios ou pruridos as dúvidas, todas elas, mesmo que vos pareça injusto questionar a boa fé dos 2 deputados, que julgo não estar em causa mas, ainda assim, ousem interrogar-se.
Lembro-vos, tão só, que em países europeus bem mais avançados - nesta e noutras matérias - e onde o nosso estilo de vida “carrega” mais anos e muitos mais praticantes do que entre nós, não existe nenhuma lei específica e, no entanto, é um prazer sempre renovado, podermo-nos movimentar livremente neles, como a França, apenas para dar um (bom) exemplo.
O autocaravanismo pode (e deve) ser aproveitado para o desenvolvimento local, em especial das localidades que se situam no interior. Já se sabe que junto ao litoral cada vez há mais proibições, umas vezes justificadas pelos maus comportamentos, outras vezes por manifesta e injustificável discriminação negativa dos nossos veículos. Assim as localidades longe da orla costeira podem aproveitar esta situação para atrairem os autocaravanistas para as suas terras e assim ajudarem a dinamizarem o comércio e serviços da região.
Evoramonte pode ser um desses exemplos. No blog Discutir Evoramonte - Espaço de debate sobre a Vila de Evoramonte, um dos pilares em estudo para o desenvolvimento desta vila alentejana é a construção de um parque para autocaravanas:
"(...) Ficam aqui para discussão algumas propostas de iniciativa privada ou pública para desenvolver Evoramonte:
1 – Sensibilizar os proprietários de habitações do castelo para em vez de venderem, REQUALIFICAREM e aderirem à Rede Europeia de Turismo de Aldeia (Genuinland). Existem apoios de fundos comunitários para a requalificação…
2 – Encontrar um espaço na adjacente rural da vila para criar uma QUINTA PEDAGÓGICA. Pode funcionar em época alta como atracção para os turistas e em época baixa com escolas e infantários mesmo os provenientes dos grandes centros urbanos.
3 – Construir um PARQUE DE AUTO-CARAVANAS junto da vila. Passam milhares de turistas em auto-caravanas por ano em Evoramonte que nem param por falta de condições de permanência atractivas como um parque dotado de pontos (pagos) de água, electricidade e sombra…
4 – Construir uma PISCINA equipada com BAR que, ao mesmo tempo, sirva o PARQUE DE AUTO-CARAVANAS, outros turistas e os jovens da terra que muitas vezes se deslocam para Estremoz, Redondo, Montemor, etc..
5 – Criar, perto da Estrada Nacional, numa das entradas da vila, um PONTO DE INFORMAÇÃO E APOIO AO TURISMO, em parceria público-privada, com venda de produtos regionais, informações sobre alojamento e restauração local, apoio logístico (fax, internet). É que um posto de turismo escondido no castelo não chama ninguém.
6 – Criar uma ZONA OFICINAL para instalar, apoiar e dar condições dignas de funcionamento às empresas de construção e serralharia (existentes), etc. e, ao mesmo tempo, fomentar o aparecimento de novas actividades. Na vila existem jovens com formação nas áreas da mecânica, electricidade, etc., que não se estabelecem por falta de um espaço próprio.
Por agora, ficam algumas sugestões para fixar os nossos jovens, criar postos de trabalho, fomentar o turismo e, consequentemente, a economia local. Valem o que valem. Espera-se que outras, melhores de preferência, surjam neste espaço de discussão que se quer aberto, democrático, honesto e, acima de tudo, construtivo! Comentem, discutam, proponham para mudar Evoramonte para MELHOR! "
Apesar da entidade que se diz tuteladora do movimento autocaravanista parecer estar mais interessada em festas e confratenizações espero que assuma as suas obrigações e disponibilize os seus meios para colaborar com Evoramonte na concretização de mais uma infra-estrutura para os autocaravanistas... Já chega de conversa fiada e se passar à acção.
Foi entregue na passada 4ª feira, na Assembleia da República, um projecto de Lei que se propõe regulamentar e disciplinar a actividade do autocaravanismo, criando um regime relativo às condições de circulação, parqueamento e estacionamento de autocaravanas.
Após uma leitura transversal e muito na diagonal é preciso não entrar em euforia pela novidade e ter muito cuidado na leitura do articulado que nalguns aspectos se revela meritório mas noutros altamente penalizador e preocupante, por exemplo:
Artigo 5.º (Estacionamento) .
1. As autocaravanas podem ficar estacionadas nos locais de Estacionamento Exclusivo de Autocaravanas, até ao limite de 48 horas. 2. Nos locais onde não exista Estacionamento Exclusivo de Autocaravanas, estas podem ser estacionadas no espaço público não reservado a certas categorias de veículos motorizados previstas no Código da Estrada, desde que por um período não superior a 48 horas. 3. Nos parques de estacionamento previstos nos Planos de Ordenamento da Orla Costeira, deverá ser reservada uma área não superior a 10% da área total, exclusivamente destinada ao estacionamento e pernoita de autocaravanas, por um período não superior a 48 horas.
Onde vamos nós estacionar as nossas autocaravanas quando não andamos em viagem?
Nos próximos dias abordaremos detalhadamente esta proposta de lei.
De cada vez que aqui me refiro ao CPA há por aí uns sendeiros de hálito salazarento que sobem ao castelo de Abrantes a urrar. Clamam pela unidade dos Cruzados DeAlém e de Aquém para silenciar esta Tribuna, perigoso reduto de infiéis ao bem-comum, “totalitários” “intelectualóides” e doidos varridos a precisar de urgente internamento psiquiátrico (entre outros “mimos”). Coitados, faz pena vê-los esgrimir tanto ódio e tanta tentativa reles de assassinato de carácter.
Exibindo a sua falta de educação e a sua diminuta capacidade intelectual (que a miude os impede mesmo de perceber o que aqui escrevemos), tentam atingir-nos com as suas atordoadas, não compreendendo que o insulto só a si próprios denigre, pois que sendo incapazes de discutir civilizadamente uma só ideia que seja, o que resulta das suas palavras é simplesmente um hino de louvor à ignorância. Tal como Salazar, sentem-se incomodados pelo facto de haver quem tenha craveira intelectual reconhecida. Por haver quem se atreva a pensar autocaravanismo e ouse dizer em público o que pensa.
Apetece-me fazer-lhes a vontade. Não por tais criaturas, mas por mim próprio que já estou farto de escrever sobre as derivas errantes do CPA e do MIDAP-Dc . Mas de cada vez que digo a mim mesmo que não vou escrever sobre coisas patéticas, logo os protagonistas do costume me obrigam a reconsiderar, pois há coisas que não podemos ignorar. Há coisas que é preciso denunciar!
Já há dias o companheiro Eugénio nos transmitiu o seu grito de indignação:
... já que se fala em ridículo, junto este também ... o Boaventura, sim o tal que em Abrantes gritou alto e bom som, "acabar com as ervas daninhas"; "correr com o professor" e outras coisas similares, é o mesmo que a "mando" do Ruy Figueiredo, segundo ele diz: "lhe deu os contactos, nº tlm e emails" anda a angariar autocaravanistas pra irem a Almeida, "a mais um arraial" com José Cid, Malhoa e afins, há e tudo grátis!! ... valhe-me Sto Ambrósio; o Ruy que sempre ignorou os sócios, que nunca respondeu no Fórum CPA quando foi interpelado pelos mesmos, agora delega nos seus "acólitos" a angariação pra arraiais... não há pachorra! ...
A situação a que se refere o companheiro Eugénio é grave de mais para poder ser ignorada por quem quer que esteja preocupado com o futuro do autocaravanismo em Portugal. Desta vez, para não variar, a Direcção do CPA voltou a esquecer a responsabilidade institucional do Clube e continua a permitir-se usar os sócios para apanhar as canas dos foguetes que o Boaventura lançou. Ora veja-se esta amostra do desnorte que grassa no CPA.
· A 14 de Dezembro, o vendedor Boaventura usa o Fórum do CPA para anunciar que 3 meses depois iria ser inaugurada uma Área de Serviço “no Parque Fluvial a borda da Ribeira de Meimôa na Freguesia de Benquerença”. Para que não houvesse dúvidas de quem era o mordomo da festa, Boaventura acrescenta: “Foi-me prometido pelo Srº Presidente da junta que haverá uma pequena supresa e animação”. (no lugar de "supresa" deve ler-se comezaina à borla).
· A 5 de Fevereiro “o CPA” vem de mansinho anunciar a AS como se de obra sua se tratasse: "Companheiros Nova Área em Benquerença Esta nova Área será inaugurada no fim de semana de 13 a 15 de Março. Mais informações sobre a inauguração serão fornecidas brevemente."
· Mas, um mês depois é de novo Boaventura quem vem a terreiro: “comunico-vos que a data de 13/14 de Março prevista para a inauguraçãoda A/S em Benquerença fica adiada por motivos alheios á nossa vontade”
· Em Abril, 2 dias depois da AG (onde não consta que o anúncio tenha sido feito), ficamos a saber que: “O CPA vai realizar o seu 40º encontro de 29 a 31 de Maio de 2009, integrando no programa a inauguração da àrea de Serviço de Bemquerença”.
· Só que, dias depois, quando nada o faria supor, o CPA vem dizer que: “O 40º Encontro anunciado é adiado devido ao convite feito pela Cãmara de Almeida aos autocaravanistas através do CPA, para a 3ª Edição da Feira das Artes e da Cultura e Festa do Bacalhau, nos dia 29, 30 e 31 de Maio.”
Que falta de profissionalismo!!!!
Desde o dia 1 de Abril que a Feira de Almeida estava anunciada. Agora é que a Câmara de Almeida convida “através do CPA”? O que se passou que justifique a anulação do Encontro em Benquerença?
O que aconteceu, simplesmente, foi que o Sr. Boaventura (que não tem qualquer cargo dirigente no Clube) já se tinha comprometido a levar “muitas autocaravanas” para a patuscada do bacalhau, pomposamente designada por “Encontro luso-francês de autocaravanistas em ambiente cultural”. Ou seja, o arraial do Boaventura et ses amis. A prova de que tal evento nada tem a ver com o CPA é que o Clube disse aos sócios esta coisa extraordinária: “os interessados devem contactar o companheiro Cândido Boaventura para: candidoemilia@iol.pt “.
Será que o CPA deixou de ter sede, telefones, funcionária e email? Ou esta é mais uma forma de tentar justificar o injustificável: como é que o sr. Boaventura dispõe da lista de contactos telefónicos de todos os sócios do Clube?
Como é possível que o CPA deixe de acarinhar a inauguração de uma área de serviço, anulando mesmo um Encontro do Clube já anunciado, para ir atrás dos foguetes do Boaventura? Será que para o CPA uma patuscada vale mais do que uma Área de Serviço? Como pode um Clube com o historial do CPA deixar-se instrumentalizar pelos interessesinhos do amigo do presidente Ruy Figueiredo? Afinal quem manda no CPA? Como pode a vontade do Boaventura sobrepor-se a uma decisão da Direcção?
Com estas trapalhadas o CPA está a prestar um péssimo serviço à imagem do autocaravanismo português. Um clube que assim se comporta não pode esperar ser levado a sério pelas instituições públicas, nem sequer pelos autocaravanistas que não sejam afectados pela gula de alarves provincianos.
E não se pense que isto é uma estratégia para criar mais uma AS. Há 3 anos aconteceu exactamente a mesma coisa, e já então se disse que a razão de ser da patuscada em Almeida era a criação de uma área de serviço. Já então houve quem tentasse manipular e servir-se do CPA para fins de promoção pessoal. Por isso a Direcção de então decidiu que não se associaria ao evento. Mas já há 3 anos, mesmo contrariando a decisão da Direcção a que presidia, Ruy Figueiredo decidiu ir “a título pessoal” à patuscada do seu amigo Boaventura. E este retribuiu-lhe o apoio com a deselegância de falar aos jornalistas na qualidade de representante dos autocaravanistas portugueses, tudo tendo feito para que a presença do presidente do CPA no local fosse ignorada. Tanto assim que até houve quem viesse a público afirmar que o mérito das 6 dezenas de autocaravanas presentes se devia ao esforço de mobilização dos dirigentes de outro clube.
Enfim, há 3 anos, como agora, parece que Ruy Figueiredo não aprendeu a lição. Por isso companheiro Haddock se o espectáculo do Ruy Figueiredo e do seu tradutor Boaventura em Abrantes foi fonte de inspiração para a sua rábula dos gauleses, recomendo-lhe vivamente que não perca a parte II em Almeida, onde le moussier Boneventure exibirá perante ses amis francius os seus predicados. Os franceses retribuirão com um convite para outra patuscada em terras gaulesas, a que não faltarão les 2 amis portugas. Os francius não têm bacalhau, mas têm bom vinho! Ah... e oferecem medalhas de "mérito" a quem lhes serve de guia em Portugal e os leva a degustar umas patuscadas, de preferência pagas pelas Autarquias Locais.
Assim vai o autocaravanismo português... Até quando vamos continuar a confundir responsabilidades institucionais com interesses e caprichos de vaidade pessoal? Como disse o Eugénio: ... não há pachorra!
Em Novembro do ano passado o presidente da Câmara Municipal de Bragança, Jorge Nunes, anunciava a intenção de criar um parque de estacionamento com “pequenos equipamentos que permitam resolver necessidades elementares, como seja despejar os depósitos sanitários" junto ao parque de merendas da Mata do Castelo. Na altura estimava-se que as obras começassem durante o Inverno para estarem prontas na próxima Primavera.
Contundo a pouco mais de um mês do Verão, ainda não se iniciaram as obras, mas segundo a Rádio Bragança, até ao final de mês de Maio deverá arrancar a qualificação do espaço para receber as autocaravanas.
Castelo de Bragança vai ter parque de autocaravanas
É um investimento de 15 mil euros, que o presidente da junta de freguesia de Santa Maria, Jorge Novo, considera uma mais-valia para os visitantes. As obras devem começar ainda este mês. Jorge Novo justifica a necessidade da intervenção, dizendo que aos fins-de-semana, a zona adjacente ao castelo se enche de autocaravanas. "Ainda no fim-de-semana do 25 de Abril estavam muitas autocaravas aqui estacionadas mais os autocarros" diz o autarca. Jorge Novo refere que o estacionamento em geral, na zona do castelo, continua a ser uma preocupação e que "no verão é caótico" e por isso a próxima intervenção a fazer, é para ordenar o estacionamento. Para já, vão ser as autocaravanas que vão ter um espaço junto ao castelo de Bragança. As obras de construção do parque de autocaravanas devem começar ainda no mês de Maio. Uma obra que representa um investimento de 15 mil euros.
Recentemente tive oportunidade de fazer um périplo que me levou a percorrer a costa atlântica portuguesa entre Albufeira e Sines. A experiência pessoal enquanto turista itinerante só não foi melhor porque as condições climatéricas não ajudaram. Mas terminei esta viagem muito apreensivo quanto ao futuro do autocaravanismo enquanto forma diferente de estar na vida e conviver em liberdade com os outros e a natureza.
Um pouco por todo o lado se avistam placas e sinais anunciando que é proibido fazer campismo. Claro que sou o primeiro a defender que a prática do campismo fora dos campings deve ser punida. O problema não é esse, mas sim o facto de tais indicações significarem, no entendimento de quem as colocou, que dormir dentro de uma autocaravana é fazer campismo. Sempre a eterna associação que nos persegue por todo o lado, o entendimento de que autocaravanismo é uma modalidade de campismo (e ainda há quem aplauda a intervenção da FCMP quando se reclama de representante do autocaravanismo!!!!!!).
Noutros casos, como as fotos seguintes ilustram, é-se mais explícito:
Dirão que esta sinalética é ilegal, e têm razão (não confundir com proibição instituída pelos POOC), mas o problema é que ela serve de pretexto às autoridades policiais para incomodarem e escorraçarem os autocaravanistas.
O que fazem os líderes autocaravanistas face a isto? Nada. Ou por outra, quase nada, já que pela mão do Pai Natal chegou ao Quartel da GNR no Carmo uma menina loura maquilhada de bruxinha crescida... para animar as tropas e dar aulas à polícia (sobre touring?). Ao mesmo tempo, com a bênção do CPA e do MIDAP-Dc, a Federação pagou a um advogado para sossegar os autocaravanistas garantindo-lhes que não é proibido pernoitar nas autocaravanas estacionadas... dentro dos parques de campismo.
Enquanto isto, tendo como pivots as Câmaras Municipais, atiram-se à água milhões de euros do dinheiro dos contribuintes para construir marinas. Por ironia, a maioria desses milhões foram pagos pelos contribuintes alemães, os mesmos que depois são escorraçados daqui quando viajam em autocaravana.
Os estudos feitos revelam que um turista convencional não gasta mais dinheiro por onde passa do que um autocaravanista. Os autocaravanistas não vão dormir aos hotéis? E então... muitos dos viajantes em iate também dormem no interior do barco ancorado na marina!
Nada tenho, obviamente, contra o turismo náutico. Mas não posso deixar de me interrogar: o que será que leva as Câmaras a escorraçarem os autocaravanistas e a gastarem milhões com as marinas?
Estaremos a precisar de chamar a atenção das revistas cor-de-rosa exibindo uns jovens de corpos atléticos acompanhados por beldades louras bem bronzeadas passeando-se em autocaravana? Ora aqui está uma oportunidade para os amantes do touring "mostrarem serviço"...
Dir-se-á que a razão de ser do problema é haver donos de autocaravana que na falta de áreas de serviço fazem despejos para as linhas de água. E os milhares de pessoas que diariamente se deslocam nos barcos que sulcam as águas do Oceano, onde vão drenar os seus WC's? E qual o destino dos detritos das WC dos comboios que diariamente transportam milhares de pessoas? E quantas são as Autarquias que descarregam no rio e/ou no mar os esgotos domésticos?
Deixemo-nos de hipocrisias! Claro que o ambiente é um valor que não pode ser posto em leilão, mas bem sabemos que no caso não é isso que está em causa. Se a preocupação das autoridades com os autocaravanistas tivesse a ver com razões ambientais, então a atitude seria outra.
O dinheiro público gasto por cada barco que passa uma noite numa marina (mais de 700 euros), não tem nada a ver com a taxa de utilização paga pelos ditos turistas que na marina têm ao seu dispor um amplo conjunto de apoios logísticos (WC, duches...). Ou seja, pelo custo para os contribuintes de um barco numa noite na marina construía-se uma área de serviço para autocaravanas como esta:
O que na minha modesta opinião nos servia perfeitamente, pese embora andar por aí quem considere fazer um grande favor ao autocaravanismo em vender máquinas para áreas de serviço (que depressa deixarão de funcionar). Enfim...
É por essas e por outras tais que cada vez mais vejo os autocaravanistas serem remetidos para os descampados, lixeiras e terrenos de ninguém, como as fotos anteriores ilustram. Nesta viagem que fiz não observei práticas de campismo selvagem em autocaravana, mas não obstante foram sempre estas as condições em que vi estacionadas as autocaravanas.
São imagens deprimentes que me trazem à memória os acampamentos de ciganos em trânsito, invariavelmente nos descampados e terrenos inóspidos situados fora dos povoados.
Estarão os autocaravanistas condenados a ser os ciganos do século XXI?
É verdade que cada vez vemos mais autocaravanas na estrada, e com condutores mais jovens. Mas a manterem-se estas condições para a prática do autocaravanismo, temo pelo futuro desta forma de turismo itinerante em Portugal.
Porto-Covo poderá ser disso um caso paradigmático. Há 2-3 anos de passagem por esta emblemática aldeia contei cerca de 130 autocaravanas pernoitando por lá. Entretanto, um dos terreiros dantes ocupados pelas AC (sobranceiro ao porto-pesca), assim como o parque de estacionamento da Praia Grande, foram-lhes interditos com limitadores de altura. Aquele que estava identificado como sendo a área de serviço foi urbanizado (e a possilga destruída). Resultado, desta vez apenas contei por lá um quarto das autocaravanas que lá estavam da última vez que lá tinha estado (na mesma época do ano). No Verão... será melhor pensarem em destinos alternativos.
A aldeia modernizou-se, crescem os apartamentos para alugar, mas seguramente os comerciantes locais vão sentir saudades dos autocaravanistas. Desta vez, as poucas horas que lá permaneci ainda me levaram a deixar mais de 60 euros na rua central. Mas não sei quando voltará isso a acontecer.
O pior é que temo não ser o único. E por este andar das coisas temo pelo próprio futuro do autocaravanismo livre em Portugal. Custa-me a perceber aliás como podem os dirigentes do movimento associativo dormir sem insónias, organizando arraiais, procissões e patuscadas enquanto o autocaravanismo se atola neste pantanal.
Cuidado, Porto-Côvo pode ser um sinal premeditório, um aviso do que espera os autocaravanistas em Portugal. Os paraísos para o autocaravanismo poderão acabar bem antes dos paraísos fiscais que estão por detrás da actual crise económica mundial.
A re-abertura do parque de campismo para autocaravanas em Tomar está cada vez mais próxima. O Semanário "O Mirante" noticia que o Parque está a sofrer obras de beneficiação e que a Câmara Municipal de Tomar já aprovou o plano de sinalização direccional do parque. Mais uma boa notícia para os autocaravanistas que passam pela cidade do Nabão. A notícia completa é a seguinte:
Câmara de Tomar aprova sinalização do Parque de Campismo
A Câmara Municipal de Tomar aprovou por unanimidade o plano de sinalização direccional do parque de campismo da cidade. O equipamento está, neste momento, a sofrer obras de beneficiação com vista à sua reabertura, após seis anos encerrado. Segundo o presidente da Câmara de Tomar, Corvêlo de Sousa (PSD), numa primeira fase o parque destina-se, exclusivamente, ao estacionamento de auto-caravanas. A sinalização direccional, que vai ser implantada em vários pontos da cidade, tem o propósito de facilitar o acesso dos caravanistas ao parque de campismo. Os vereadores do grupo “Independentes por Tomar” (IpT) aplaudiram a iniciativa mas criticaram o facto do equipamento estar encerrado desde 2002, mantendo-se os encargos com o pessoal. “Conhecedores das obras que estão a ser realizadas, e com esta proposta de sinalização em cima da mesa para aprovação, podemos afirmar que este é um passo para a valorização do nosso parque urbano”, declararam para a acta. Os “IpT” apresentaram a 9 de Dezembro uma proposta com vista à transformação do antigo parque de campismo da cidade num parque para roulottes e auto-caravanas embora a ideia da criação de um parqueamento para caravanas já tinha sido anteriormente proposta por Carlos Silva, vereador do Partido Socialista (PS), sem precisar, no entanto, a localização. Argumentos que foram acolhidos favoravelmente pela maioria social-democrata. Corvêlo de Sousa não adianta a data exacta para a reabertura do parque de campismo de Tomar mas está confiante que seja ainda durante esta Primavera.
Nesta tribuna, e muito justamente, aqui divulgámos, o texto de Vítor Andrade sobre o MANIFesta 09 a ter lugar em Peniche nos dias 21 a 24 de Maio.
Fizemo-lo, naturalmente, “sem nada pedirmos em troca”, ou sequer reivindicar qualquer protagonismo ou reclamar qualquer “parceria”.
O evento, fruto da iniciativa da ANIMAR e da conjunção de vontades da Câmara Municipal de Peniche e da ADEPE, tem uma componente apelativa para o Autocaravanismo, resultante do trabalho e da forte motivação do companheiro Vítor Andrade, do qual já vimos bons resultados em S. Pedro do Sul, aquando da realização das várias edições do Gesto Eco-Solidário.
É, por isso, confrangedor verificar como se “acotevelam” e se “põem em bicos de pés” algumas das entidades de quem se esperaria uma postura séria, contributiva sim, mas humilde e reconhecedora de méritos terceiros.
Ao visitarmos os fóruns quer do CPA, quer do CCP, constatamos a fobia de protagonismo, em ambos os casos, por parte dos respectivos responsáveis e da “forçada” (e forçosa, diremos nós) “emenda” ensaiada pelo moderador do CampingCarPortugal.
Senão vejamos:
Companheiros O CPA numa acção conjunta com o Clube de Campismo e Caravanismo de Barcelos e o CampingCar Portugal convida os seus associados a estarem presentes na MANIFesta de 21 a 24 de Maio.
Companheiros, Numa acção conjunta entre o Portal CampingCar Portugal, o Clube de Campismo e Caravanismo de Barcelos e o CPA, convidamos todos os autocaravanistas, que possam estar presentes, a comparecerem na MANIFesta de 21 a 24 de Maio, em Peniche. Esta participação é livre de qualquer inscrição ou pagamento, estando previstos estacionamentos dedicados às autocaravanas. … … … Paulo moderador (In forumCCP) -------------------------------------------------------------------------------------
Bom dia companheiro Paulo! Pode-nos esclarecer em que consiste a acção conjunta do CCP,CCCB e CPA para a Manifesta em Peniche?
Caro amigo Dematos, A iniciativa de ter os autocaravanistas na MANIFesta é exclusiva do companheiro Vitor Andrade, dada a sua proximidade à ANIMAR e às ADL. É uma ideia antiga e que nos foi ventilada após o Verão de 2008 (não nasceu agora!). O Portal CampingCar, o CPA e CCCB foram convidados pelo referido companheiro para a criação desta "acção conjunta" (reforço: o CampingCar é só e apenas convidado!).
A referida "acção" é, só e exclusivamente, de divulgação deste evento.
É verdadeiramente lamentável o espectáculo “mediático” e triste a que se prestam tão ilustres defensores do Movimento Autocaravanista.
O CPA, que deveria ser o Clube de referência do Autocaravanismo em Portugal, depois de ter falhado essa missão, e de continuar a falhar, por evidente vazio de ideias, a organização coerente e objectiva dos colóquios ocorridos em Abrantes e na FIL durante a Nauticampo, parece cada vez mais orientado para a sua vocação de nascença: as festas e romarias. Basta atendermos às notícias veiculadas na imprensa sobre o Encontro de Abrantes e à total ausência de repercussão que esses eventos tiveram - até no respectivo fórum - para a clarificação da modalidade. Já todos perceberam que existem muitas autocaravanas, já todos perceberam que os autocaravanistas são potenciais turistas itinerantes e que apreciam a natureza, as cidades, os monumentos, a gastronomia, as manifestações culturais, etc. Mas falta o essencial – a dura batalha pela não discriminação e pela criação das condições essenciais ao usufruto deste tipo de veículo/equipamento com dignidade e liberdade.
É por isso que qualquer companheiro insuspeito, como o é Vítor Andrade, seja forçado a referir, nos dois respectivos fóruns, o seguinte:
…..... Durante este tempo tenho sentido, como ninguém, o quanto falta faz uma instituição que represente e onde os ACs se sintam representados. Mas como sou uma pessoa persistente, não tendo cão caço com o gato. ….....
É claro que estas palavras se fossem ditas pelos subscritores desta Tribuna, não passariam de mais uma crítica infundada, feita de má vontade, por pessoas mal intencionadas e “intelectualóides”! Não faltaria uma chuva de comentários azedos em fóruns, blogues, esferas e outras geometrias feitas a esquadro e compasso dos que à crítica fundamentada nas ideias e na razão, respondem com a calúnia.
Mas como somos, também, persistentes, manteremos vivo o nosso olhar crítico, verdadeiramente independente e livre.
Passaram-se 150 dias sobre a criação da Tribuna Autocaravanista. Os propósitos que nos levaram a enveredar por este trilho verdadeiramente livre e independente estão plenamente justificados à luz da evolução do autocaravanismo em Portugal, sobretudo se tivermos em conta a intervenção dos principais “actores” nesta matéria. O grito de alerta que há cinco meses lançámos, e que caiu como uma pedrada no charco, tinha toda a razão de ser, como a realidade se encarregou de demonstrar.
Assumimos na altura uma ruptura, talvez incompreendida por muitos companheiros, essencial à clarificação e à “separação do trigo do joio”. É hoje indiscutível o papel que temos desempenhado na desmistificação de atitudes e procedimentos que, para além de quererem iludir as consciências livres de cada autocaravanista, procuravam calar qualquer voz crítica que os desmascarasse e que se opusesse ao acondicionamento mental (e físico) de um colectivo que, justamente ávido de um futuro mais digno, poderá não distinguir o acessório do essencial.
Invocando em vão o interesse colectivo, foram-se amontoando contradições e tentadas várias posições de “concertação” entre agentes com diferentes interesses e objectivos. Procurou-se, mascarar essa realidade com base em múltiplas plataformas “colectivas”, reuniões, círculos, etc., entre várias outras geometrias desenhadas a esquadro e/ou a compasso de espera da sua oportunidade mediática (ou política?).
Caluniou-se e denegriu-se quem não aceitou um jogo viciado onde a regra foi a da confusão de princípios e conceitos, em nome de uma unidade que não existirá nunca, se não for assente, precisamente, na clareza e na objectividade das metas a atingir e na verdadeira identidade do que é ser autocaravanista.
Para além do dúbio posicionamento do CPA, então clube de referência do movimento, balouçando entre a vertente “campista” e o canto de “novas sereias”, foram surgindo no espectro nacional um conjunto de “entidades”, umas mais virtuais que outras, que procuraram mudar de alguma forma o cenário, mas não a realidade.
Quando fomos protagonistas da evolução do CPA fomos mal considerados. Quando perante os primeiros sinais antecipámos o seu apagamento e desagregação, foi-nos respondido que essas evidências não passariam de “nados-mortos”. Infelizmente, a realidade está aí para nos dar razão, tal como previmos noutras situações.
A pulverização sem critério não uniu, mesmo que conjunturalmente o possam querer fazer crer, os seus protagonistas. A falta de critérios é gritante. O oportunismo mediático é avassalador. Quando a poeira assentar e o pano da teatral encenação se correr, vamos ver o que resta.
Pela nossa parte continuaremos a defender princípios e critérios objectivos ao serviço da liberdade autocaravanista. Denunciaremos o que pensamos oportuno fazê-lo, criticaremos o que nos parecer menos próprio e, como não podia deixar de ser, apoiaremos e elogiaremos o que de bom vier a ser feito para bem da comunidade que partilha os sentimentos e o estilo de vida do turismo itinerante em autocaravana.
Por isso, como dizia o poeta (Zeca Afonso):
Venham mais cinco
Duma assentada Que eu pago já Do branco ou tinto Se o velho estica Eu fico por cá
Se tem má pinta Dá-lhe um apito E põe-no a andar De espada à cinta Já crê que é rei Dáquém e Dálém-Mar
Não me obriguem A vir para a rua Gritar Que é já tempo D'embalar a trouxa E zarpar
A gente ajuda Havemos de ser mais Eu bem sei Mas há quem queira Deitar abaixo O que eu levantei
A bucha é dura Mais dura é a razão Que a sustem Só nesta rusga Não há lugar Pr'ós filhos da mãe
Não me obriguem A vir para a rua Gritar Que é já tempo D'embalar a trouxa E zarpar
Bem me diziam Bem me avisavam Como era a lei Na minha terra Quem trepa No coqueiro É o rei
Em Janeiro abordamos aqui na Tribuna a construção do Parque de Campismo Ecológico ZMAR e as suas possíveis implicações para o turismo itinerante na costa vicentina. Agora que o referido empreendimento está prestes a abrir (prevê-se a inauguração para o próximo mês) a Revista Visão publica hoje uma extensa reportagem que é aqui antevista:
Vem aí um megaparque de campismo ecológico na Costa Alentejana
Chama-se ZMar e está localizado entre o Almograve e a Zambujeira do Mar. Totalmente construído em madeira, este empreendimento tem uma área equivalente a 81 campos de futebol e uma capacidade para receber 3.000 pessoas. A inauguração está prevista para o mês de Junho.
Este Eco Camping está equipado com diversos serviços e zonas de lazer. Possui um parque aquático, com uma piscina gigante ao ar livre e uma mais pequena para as crianças. Mas sem dúvida que a área que promete concentrar as atenções é a piscina de ondas gratuita para os campistas. Para cuidar da saúde existe ainda um ginásio, hidromassagem, banhos turcos, salas de massagem e um centro médico.
Não perca toda a reportagem sobre este parque de campismo ecológico na edição da Visão! Quinta-feira nas bancas!
Sevilha, Granada e Córdova: um “triângulo” incomparável de arquitectura branca misturada com o árabe, aglomerados labirínticos de ruas, cheiros a tapas e cavalos, sol fortificante e alegre, pessoas, agitação, alegria, horas tardias, noche animada...
...e, aliadas à Semana Santa, as três cidades andaluzas ganham ainda mais cor e luz.
Sevilha foi a primeira ponta do “triângulo”. Três dias antes de Domingo de Ramos, as procissões aguardavam, mas a cidade já fervilhava de palanques, filas de cadeiras pelas avenidas principais e colchas vermelhas a acenar às varandas.
Esse era o ar espanhol, morno e “habitué”; mas Sevilha ganhou entretanto um ar mais cosmopolita, relembrando algumas cidades do norte europeu, com a sua rede de bicicletas de aluguer que se estende por toda a cidade em múltiplas estações e com a mais recente inovação, um metro à superfície todo ecológico e de linhas modernas.
Desta vez, sem mapas, explorámos os cantos à casa ao sabor da intuição e dos apelos visuais: a catedral e a sua Giralda
(li recentemente que a catedral consta do Guiness como a maior do mundo); a judiaria; as pequenas plazas repletas de esplanadas e pessoas tapeando e bebendo canhas;
a praça da Maestranza, qual palácio ao Toro; um merecido jantar numa taberna típica, com croquetas, ensaladilla russa, tortilla, pescoço de boi ou um lanche de canhas e croquetas, reencontrando por mero acaso pessoas que não víamos há mais de 15 anos…
Do lado oposto há ainda a possibilidade das ruas comerciais, como a Tetuan, onde apetece fazer como os espanhóis: entrar e alargar os cordões à bolsa…
Para pernoitar tínhamos a indicação, via net, de uma zona na Marina de Gelfes, fomos lá, mas havia um portão fechado e acabámos (como já havia acontecido em anos anteriores) no camping Vilson, bem servido de autobus, 500 m já em Los Hermanas. Os autocarros são frequentes e circulam até perto da meia-noite. O pior mesmo é que entre parque (para 4) e bilhetes fizemos uma diária de 40€.
Antes de chegar ao segundo ponto do triângulo (Granada), ainda há a hipótese de passar pela serra e gozar um belo sol, mesmo frente ao mar. A volta foi por Ronda, local de difícil estacionamento para AC e servida apenas de um camping caro (30€ antes da Semana Santa, 35 € nas ditas Festas), a 3 km a pé até ao pueblo. Optámos por não ficar, uma vez que já conhecíamos, mas com pena de não haver ali uma área para AC.
E a partir dali constatámos que a vida do autocaravanista cada vez se torna mais difícil, sobretudo em locais à beira-mar. Em Marbella não arriscámos e não vislumbrámos muito espaço; até Cala de Mijas espaços reduzidos e poucos parques de estacionamento, nalguns, estreitos, algumas AC arriscavam e tinham mesmo por cima a autovia barulhenta. Encontrámos um bom espaço ferial em Cala de Mijas (N36º 30’20,2’’ W4º 40’ 53.6’’) onde descansámos e pernoitámos sossegadamente, ao lado de outra.
Antes de continuar pela costa, havia que fazer um pequeno desvio até Mijas, pueblo serrano e solarengo, que inaugurava a manhã com a procissão de Domingo de Ramos. Desde a ermida na rocha até à Igreja de Nossa Senhora da Conceição, os ramos de palmeira e oliveira são agitados por uma multidão ruidosa que, depois da missa, sai em procissão pelo centro, acompanhando o andor de Jesus montado no burrico, como não podia deixar de ser, já que Mijas é o berço dos burros.
Espanha é também touradas, por isso não nos pareceu nada mal visitar uma praça miniatura e bem típica, a de Mijas, claro!
(O táxi de Mijas)
Para almoço alguma vez tinha de ser a famosa paella, e, recordados de um pequeno bar em Mijas, há mais de 12 anos, que fazia uma excepcional, bisámos. Mas como tudo na vida, a segunda vez nunca é igual à primeira…
A partir de Mijas, há outro roteiro processional aconselhado - Málaga - mas ao que parece pernoitar ali não é fácil. Em cidades grandes há sempre o factor insegurança que nos faz recuar, optamos pelo camping, mas neste caso, o de Málaga era a mais de 30Km. Talvez tenhamos saltado alguma coisa, não percebi, o facto é que antes de Málaga conseguimos ficar em Torremolinos, mas já depois de Málaga, só Motril.
Em Torremolinos a discriminação AC é visível em placas como esta:
ainda assim, no final do Paseo Marítimo a proibição não existe e passámos lá uma boa parte da tarde, para passear e rodar nas biclas ao longo do Paseo. À noite passámos para a parte proibida, já que não havia guarda nem ninguém. A polícia passou e nada disse, ao lado uns franceses.
Até Motril tínhamos a indicação de duas zonas de AC em Nerja, fomos lá mas estavam ambas fechadas ?!
Acabámos em Motril, na praia de Granada, depois dos dois campings. Já conhecíamos e sabíamos ser seguro, ainda por cima com a vantagem de estar na 1ª linha da praia. O pior é que precisávamos de despejar e encher! Dando o exemplo civilizado, pusemos gasolina, pedimos autorização para encher, despejámos (sorrateiramente) a sanita no WC exterior da Gasolinera, demos banho à Casinha nas lavagens automáticas de carros, para podermos, em simultâneo, despejar as águas sujas. Talvez não tenha sido o mais higiénico, mas depois de termos pedido autorização nos campings de Motril, e de a terem negado, não havia outra hipótese. Por que razão os campings não têm um preço simbólico para AC, só para despejos e reabastecimento? Porque se calhar é melhor estas andanças, ou então fazer como a senhora alemã que estava ao nosso lado: pegar na sanita e despejá-la no mato, do outro lado da estrada?!
(Motril)
Em poucas horas, do Verão passámos ao Inverno: já que se vai a Granada, por que não uma subida até à Sierra Nevada? A época é de facto de estância de Inverno, os turistas abundam, o desporto deslizante está no auge! No topo da montanha (2.379 mt alt.) há uma zona para AC, por 10€ diários, com água e sítio para despejos ( N37º 05’ 57.9’’ W 00 3º 23’ 33,2’’). Estava bastante cheio, também com portugueses armados dos seus skis, gorros e gaffas de sol! Para quem não pratica, como nós, o passeio até ao pueblo, ou melhor, uma base de lojas caras, restaurantes e hotéis, é uma espécie de passeio por uma base de astronautas, onde os alliens somos nós próprios.
Mas vale a pena estar no meio de tanta neve, num cenário de algodão doce com temperaturas nocturnas de 5 º negativos! Impressionante! Mais impressionante ainda é a carrinha não pegar no outro dia de manhã, quando nos propomos descer até Granada! Tem de se chamar o especialista, que com um milagroso spray a põe a funcionar em 5 segundos e estende a mão para em troca receber 60€, bela aventura na neve!
O que vale é que Granada é cor e alegria! Haja sol, novamente! E dinheiro, claro, porque aqui vale mais jogar pelo seguro e ir até ao Camping Sierra Nevada (36,60€).
Granada é aquela jóia árabe, onde apetece estar, ficar, sonhar…
Chega-se à Plaza Nueva e há logo um íman a puxar-nos para o emaranhado de ruelas do Albaicin, bairro típico, de recantos árabes, labirínticas calles onde apetece perdermo-nos e espreitar pela portas, muros, e pátios. Subindo ao mirador San Nicolás , o Alambra esmaga-nos,
de beleza, num choque de frente.
Gastam-se rolos de fotografia, para além de ter a sensação de paragem no tempo, com tanta concentração, de hippies, por metro quadrado. Esperar-se-ia mais pelos árabes, mas à falta deles, populam os hippies e o artesanato mourisco e as teterias e o cheiro a incenso marroquino…
(mirador San Nicólas)
Parar, estar e contemplar são sempre verbos que por ali reinam: andar pelo Albaicín e parar no Miradouro; descer a Calle do rio entrea plaza Nueva e o Passeo dos Tristes, e parar aí, olhando as pessoas, ouvindo música dos muitos grupos de jovens que por ali conversam , namoram, dormitam…
(Passeo dos Tristes)
Ou andar mais ainda e fazer um intervalo para uma tapa regalada entre duas canhas, quejo, presunto, patatas, azetonas…
(Teteria no Albaícin)
E eis que irrompe, pelo peso da História e do passado “herege”, o culto e peso do catolicismo, com outro cheiro a incenso e outra música: a das bandas que choram Cristo. Afinal era quarta-feira santa e os andores de centenas de quilos, escorriam lentamente pelas calles, enclausurando-nos no labirinto e fazendo-nos calcorrear avenidas à espera do autocarro até ao Camping…
Faltava a ponta do triângulo, desta vez Cáceres, onde uns amigos eborenses, igualmente andarilhos (numa Westfalia vermelha e hippie), já vacaceavam.
Em Cáceres, cidade mais pacata e espaçosa para AC, há a possibilidade de pernoitar gratuitamente, ao lado do espaço ferial, onde muitos buses param. Um pouco barulhento mas passa-se. Muitas AC, algumas portuguesas, como um sr. da Guarda que muito dialogou connosco sobre outras paragens, como Noruega (ai, ai…).
Em Córdova, as procissões são uma constante, desde Domingo de Ramos, cinco e seis por dia. Na quinta e sexta-feira Santa quase tropeçámos nos andores e fomos encurralados por nazarenos encapuzados de preto, roxo, vermelho…
Uma “quadrilha de costeleros” carrega o andor – quase uma vintena deles – com camisolas a proteger ombros e cabeça, debaixo do peso, quase sem verem. Em alguns dos andores, a quadrilha, em uníssono, dá um salto e o andor sobe. O público aplaude, a procissão passa, de 30 em 30 metros, durante 5 minutos, o andor volta a parar para depois subir e continuar, horas sem fim.
(preparativos)
(debaixo do andor)
(o andor)
As procissões entravam e saíam na Catedral: Dolores, Sepulcro, Expiración, Cristo na cruz, a Virgem chorando, a última ceia, Cristo morto…
A mesquita árabe ali ao lado, duas religiões quase irmanadas, a Judiaria no lado oposto, as rezas, as pipas no chão, o incenso…
Córdova é mais um exemplo do espírito andaluz, luz e cor e sol (33º para no dia seguinte serem apenas 20º), as pensões e hotéis sempre “completo”.
E sempre uma rua estreita para descobrir, um páteo andaluz, um arco em ferradura, malvas às janelas…
Na Plaza de la Corredera há alegria e artesanato de outros tempos, surge quase cozida ao emparedado Templo Romano. Nada que se compare ao de Évora…
(La Corredera)
(Templo Romano)
Na Plaza del Poltro - e as suas joalharias nas redondezas - apetece tapear…
Em San Pedro apreciar mais uma reunião de uma congregação…
Muito e sempre mais a repetir…ficaram a faltar-nos saborear algumas tapas, por exemplo, em La Bacalá, taberna típica com bom ambiente.
Estava na hora de voltar à realidade, Córdova-Zafra-entrada em Portugal por Mourão e, para descansar, uma noite bem dormida no descanso alentejano, na Aldeia nova da Luz, na recém-inauguradazona para AC. O Alqueva ao fundo, outra vez o frio. Alentejo, mas parecido às noites frias andaluzas.