
"Os turistas que viajam em autocaravanas vão ter mais um espaço para pernoitar no Grande Porto. O Parque Biológico de Gaia vai abrir, em Fevereiro do próximo ano, um equipamento destinado apenas a este tipo de visitantes.
PORQUE NÃO HÁ MACHADO QUE CORTE A RAIZ AO PENSAMENTO... A TRIBUNA SEGUE OS TRILHOS DOS AUTOCARAVANISTAS ITINERANTES QUE CULTIVAM A LIBERDADE ALICERÇADA NA RESPONSABILIDADE, E QUE NÃO HIPOTECAM A CONSCIÊNCIA AO JOGO OPORTUNISTA DO DISCURSO POLITICAMENTE CORRECTO
"Os turistas que viajam em autocaravanas vão ter mais um espaço para pernoitar no Grande Porto. O Parque Biológico de Gaia vai abrir, em Fevereiro do próximo ano, um equipamento destinado apenas a este tipo de visitantes.
Desta vez o caso ocorreu com um companheiro espanhol em Castilla-la-Mancha que foi acusado de estar acampado quando simplesmente pernoitava num parque de estacionamento público urbano. Contestou a decisão e, após recurso, viu a multa anulada e o processo arquivado, nomeadamente com base numa deliberação do Tribunal Administrativo da Andaluzia que considerou (a 15 Julho 1999, RJCA 1999\3141) que “Acampar”: implica ocupação e uma certa permanência continuada”, o que obviamente não é o caso de quem se limita a pernoitar algumas horas num local durante os seus périplos itinerantes.
Quando tive responsabilidades institucionais no autocaravanismo pedi que fossem denunciadas situações similares. Como tal nunca aconteceu, em Portugal continuamos sem jurisprudência que nos defenda.
Detalhes do caso relatado:
http://www.viajarenautocaravana.com/legislacion_detall.php?idg=28371
Gostávamos que a comunicação social e os agentes institucionais compreendessem que o Autocaravanismo é muito diferente de campismo.
Gostávamos que os utilizadores de autocaravanas entendessem que o único local indicado para fazer campismo são os parques de campismo.
Gostávamos que o CPA saísse do seu estado letárgico e re-assumisse o seu papel institucional de representante dos autocaravanistas.
Gostávamos que os nossos autarcas compreendessem as potencialidades do autocaravanismo para a dinamização do turismo e do desenvolvimento económico local.
Gostávamos que os nossos governantes fossem sensíveis à necessidade de se criar legislação justa e equilibrada sobre o autocaravanismo, entendendo-o como turismo itinerante que é.
Gostávamos que todos os intervenientes contribuíssem para a dignificação da imagem social dos autocaravanistas.
Desta vez o que me leva a fazê-lo é a seguinte comunicação do companheiro Ruy Figueiredo, presidente do CPA, recentemente feita no fórum do Clube a propósito do 37º Encontro do C.P.A.
Quero agradecer aos companheiros que quiseram dar-nos o prazer da sua presença neste fim de semana alargado.
É com este tipo de eventos que conseguimos o ambiente a que nos propuzémos para que os nossos associados se divirtam e confraternizem entre si.
Obrigado a todos os participantes.
O objectivo, a razão de existir, do CPA é promover a confraternização e a diversão dos sócios? Mas se é isso então melhor seria que nos fizéssemos todos sócios do INATEL, ao menos o INATEL oferece um diversificado programa de confraternização e organiza os seus passeios com irrepreensível profissionalismo.
Ainda não foi há três anos, mas já parece ter sido há uma eternidade, que o CPA dizia ter os seguintes objectivos, apresentados sob a forma de razões para se ser sócio.
Vale a pena ser sócio do CPA? Nós cremos que sim. Diariamente a Direcção do Clube trabalha para lhe dar mais razões para isso. Aqui fica o registo de 10 razões para ser sócio do CPA:
porque os autocaravanistas têm direito ao bom nome e a uma imagem social digna
porque queremos respeitar a lei e o ambiente, mas não queremos ser discriminados pelas autoridades que limitam o nosso direito de circular e estacionar
porque juntos defendemos melhor os direitos dos autocaravanistas
porque só um grande clube exclusivamente dedicado ao autocaravanismo pode dignificar e promover o autocaravanismo
porque só com um grande clube podemos esperar que se criem mais áreas de serviço e outras infra-estruturas de apoio às autocaravanas
porque ser autocaravanista é usufruir da natureza e percorrer o mundo em liberdade
porque é giro passear e conviver com outros autocaravanistas
porque juntando-se a nós poderá aprender com a experiência dos mais rodados
porque sendo sócio do CPA está mais informado sobre o que acontece no mundo do autocaravanismo no país e no estrangeiro
porque sendo sócio do CPA pode obter a carta de campista, a carta de autocaravanista e ainda beneficiar de vários serviços, nomeadamente no seguro da autocaravana
-------------------------------------------------------------------------------------------------
Mais de metade dos sócios do CPA entraram para o clube que a si mesmo se identificava desta forma. Reduzir o CPA a uma colectividade de entretenimento é defraudar quem se fez sócio convencido de estar a dar força ao movimento autocaravanista para melhor defender os nossos interesses colectivos.
Das 10 razões que o CPA invocava em Fevereiro de 2006 como justificativas dos autocaravanistas se tornarem sócios do Clube, quantas continuam actualmente a ser verdadeiras?
Impõe-se pois perguntar: quem divide o movimento associativo, é quem desrespeita os autocaravanistas, ou quem denuncia os dirigentes que revelam essa falta de respeito?
Afinal quem é que divide o movimento associativo: quem critica a opção por estes caminhos que nos enfraquecem e desmerecem, ou aqueles que conduzem o autocaravanismo por vielas estreitas que só servem para nos levar a lado nenhum?
“Os bons exemplos, em termos de organização e luta por ideais comuns, continuam a vir de Espanha. Penso que deveria ser sob esta forma que os autocaravanistas portugueses deveriam "esgotar" as suas forças e não de outras, menos produtivas e difusoras de imagens negativas"Quem o afirmou isto foi Paulo Rosa no fórum do seu CCP-Clube Camping-car Portugal.
Claro que Paulo Rosa tem todo o direito a pensar que... mas o que é facto é que pensa mal. Como outros que por aí andam clamando unidade enquanto servem veneno, ele está equivocado.
Não é possível lutar por ideias comuns sem primeiro as discutir, sem primeiro submeter as ideias diferentes ao escrutínio da legitimação democrática. Em democracia é assim que se definem as ideias comuns e se identificam os rumos colectivos a prosseguir. Antes de nos unirmos, precisamos de saber claramente por que estamos a lutar, para onde estamos a caminhar. A unidade não é um valor em si mesmo, não pode ser vista como um fim. Só faz sentido invocar a unidade quando ao serviço de um superior desígnio colectivo. Nunca como valor em si mesmo.
Espanha não é excepção, pelo contrário, é mesmo um caso paradigmático que demonstra o contrário do que Paulo Rosa afirma. Antes de atingirem o actual estado de maturidade organizacional, os autocaravanistas espanhóis protagonizaram (e continuam a protagonizar) intensas disputas de ideias (por vezes atingindo níveis de agressividade verbal que eu nunca vi plasmada noutro qualquer local).
Os vários fóruns de autocaravanismo em Espanha revelaram a existência de diferentes sensibilidades e diferentes estratégias de afirmação institucional do autocaravanismo. Primeiro surgiu a PACA-Plataforma Autónoma de Autocaravanas com uma ambição federativa, que antes de atingir a actual estabilidade foi atravessada por uma avassaladora disputa interna e por um processo de demissões em cadeia.
A partir dos fóruns existentes formaram-se grupos e mais tarde Clubes de base regional. Posteriormente formou-se a FEAA- Federación de Asociaciones Autocaravanistas de España num processo que foi tudo menos pacífico (e que continua a não sê-lo, até porque há clubes que não pertencem à Federação).
Entretanto, sujeita a uma intensa onda de criticas, a velha Federação Espanhola de Campismo (FECC) inflectiu a trajectória e passou a inscrever o autocaravanismo na sua agenda, em clara disputa com a PACA e a FEAA, mas, ao contrário do que acontece com a Federação campista portuguesa, aceitando conviver com as organizações representativas dos autocaravanistas.
Em síntese, os companheiros espanhóis em cerca de 4 anos edificaram um invejável edifício institucional que lhes permite actualmente ensaiar formas colectivas de defesa dos direitos dos autocaravanistas (já com resultados palpáveis, mas sem falsas unidades uniformizadoras).
Não foi com falinhas mansas, com discursos politicamente correctos nem com patuscadas que os espanhóis aqui chegaram. Chegaram aqui porque houve autocaravanistas que se expuseram publicamente, porque houve autocaravanistas que “esgotaram” as suas forças esgrimindo com outros argumentos em defesa das suas convicções e sugerindo novos e ousados trilhos para o autocaravanismo. Chegaram aqui porque houve quem desse a cara, sem receio dos tomates que lhe atirassem ao caminho!
Os companheiros espanhóis chegaram aqui porque a discussão, a reflexão crítica, é a fonte da verdade, a luz que ilumina o caminho colectivo. Não foi por fazerem patéticos apelos à unidade, pois que qualquer pessoa lúcida compreende que a unidade na acção tem um estreito trilho para se materializar, e normalmente esgota-se nos sorrisos e abraços partilhados nas patuscadas ou no meramente simbólico cumprimento de estrada.
Enquanto em Portugal continuarmos sobretudo preocupados com a imagem com que ficamos na fotografia, cultivando a simpatia das palavras ocas e de circunstância... continuaremos divididos, pois tal significa que há quem não tenha aprendido nada com a História nem com a Biologia, ou com as abordagens sistémicas da natureza. Qualquer delas nos demonstra que a fonte do progresso é a diversidade sistémica conjugada com a dinâmica da luta das espécies (seja pela sua sobrevivência, seja pela sua afirmação gregária).
Para quem queria dar-se ao incómodo de reflectir sobre isto, abstraindo-se das pessoas concretas envolvidas, lembro apenas que Salazar também impôs ao país o governo da União Nacional, ... com os resultados que a história testemunha.
Continuando com os lapsos, apesar de neste caso, corresponder mais correctamente a uma omissão. Na página 11 é publicada uma lista das AS para autocaravanas existentes em Portugal. Deveria ter sido aqui incluida as AS dos parques de campismo de Alenquer e da Praia de Pedrogão. Afinal de contas foram AS que foram criadas através de um protocolo com o CPA e uma vez que se encontram dentro de parques de campismo, os respectivos responsáveis comprometeram-se com o CPA a permitir a sua utilização por autocaravanistas que não pernoitem no parque. É preciso ser muito cuidadoso com estes aspectos e aproveitar sempre que possível para agradecer e enaltecer a construção de AS pelos parceiros do CPA.
Página do Portugal Tradicional:
Fórum dos Autocaravanistas-Amigos do Centro
Fórum Praça Pública dos autocaravanistas
Fórum Casinha Itinerante
A Tribuna Autocaravanista vai ficar atenta ao que se for dizendo nestes novos espaços de expressão autocaravanista (para aceder carregar nos hiperlinks).
Depois de escrutinada no Fórum e na Direcção do CPA, o Clube decidiu adoptá-la como a sua Cartilha. Hoje penso que a Cartilha é património geral dos autocaravanistas, pois tornou-se no seu código de referência comportamental.Sinto-me feliz com este percurso da Cartilha.
Compreenderão que me sinta orgulhoso por ter contribuído decididamente para que tenhamos hoje em Portugal uma Cartilha do Autocaravanista, mas compreenderão ainda melhor que a dignificação social da nossa imagem passa por cada um de nós saber interpretá-la adequadamente e torná-la numa referência do nosso comportamento. Nunca é demais lembrar e divulgar a Cartilha entre os autocaravanistas.
Assim sendo, não poderia escolher outro texto para abrir aqui a secção BAU da MEMÓRIA que não fosse a CARTILHA do AUTOCARAVANISTA .
----------------------------------------------------------------------------------
Cartilha do Autocaravanista: respeitar para exigir ser respeitado
Os autocaravanistas têm direito
- Ao bom nome e a gozar de uma imagem social dignificante, já que voluntariamente se obrigam a cumprir com as obrigações instituídas nesta Carta de direitos e obrigações do autocaravanista.
- A usufruir da natureza, no escrupuloso respeito pela preservação do seu equilíbrio ecológico.
- A circular e estacionar as suas autocaravanas nas aldeias, vilas e cidades do mundo inteiro, no respeito pelos regulamentos de trânsito legalmente instituídos.
- A não ser discriminados e a exigir ver respeitados os seus direitos por parte das autoridades político-administrativas, autoridades policiais, comerciantes de autocaravanas, operadores turísticos, bem como pelos outros autocaravanistas.
Obrigações dos autocaravanistas
Em contrapartida dos direitos definidos na secção anterior, os autocaravanistas obrigam-se a adoptar as seguintes normas de conduta:
- Estacionar sem transgredir nem perturbar. Respeitar rigorosamente a regulamentação de estacionamento dos veículos automóveis ligeiros e, adicionalmente, estacionar sem perturbar: a segurança do tráfego, a segurança dos peões, a visibilidade de estabelecimentos comerciais, de monumentos ou de residências particulares. Sempre que possível, devem evitar-se grandes concentrações de autocaravanas, e o estacionamento junto das entradas dos Parques de Campismo.
- Distinguir acampar de estacionar ou pernoitar. Quando estacionada a autocaravana no espaço público no respeito pelo número anterior, os autocaravanistas têm o direito de aí pernoitar, mas não podem acampar. Entende-se por acampar a ocupação por parte da autocaravana de um espaço que vá para além do seu perímetro, salvaguardados os elementos salientes autorizados, como espelhos, porta-bicicletas, etc. Considera-se ocupação do espaço extravasando o perímetro do veículo situações como a abertura de janelas para o exterior, o uso exterior de toldos, estendais, fogueireiros, mesas, cadeiras e similares.
- Só acampar em Parques de Campismo. Não acampar fora dos parques de campismo ou de outras áreas expressamente autorizadas para o efeito. Ao usarem parques de campismo, os autocaravanistas devem dar prioridade àqueles que se dotaram de condições adequadas ao acolhimento de autocaravanas, sejam em termos de espaço de instalação e de condições de circulação interna, seja em termos de equipamentos, nomeadamente a existência de uma área de serviço adequada às autocaravanas.
- Despejar a sanita apenas no WCquímico. Despejar as sanitas apenas no WC-químico e não na sarjeta, no chão ... Após o despejo o autocaravanista deverá deixar limpo o local, missão facilitada se for usado um dos líquidos diluentes para sanita existentes no mercado.
- Despejar as águas sabonetadas nas Áreas de Serviço, nunca na estrada. Despejar os depósitos de águas sabonetadas apenas nas áreas de serviço para autocaravanas ou equiparáveis. Na ausência destas tais despejos poderão fazer-se nas sarjetas, mas nunca no solo, muito menos ao longo da estrada.
- Colocar o lixo no lixo e deixar escrupulosamente limpo o local onde estacionou ou acampou, colocando o lixo nos recipientes adequados, ainda que tenha de o transportar consigo devidamente acondicionado em sacos de plástico.
- Não incomodar com o ruído. Não usar geradores, TV, rádios ou quaisquer outros equipamentos em circunstâncias que possam gerar ruído que incomode quem esteja no exterior da autocaravana. Adicionalmente, a buzina da autocaravana só deve ser usada nas situações absolutamente indispensáveis, nunca como forma de chamamento, ...
- Não deixar que os animais perturbem ou sujem. Assegurar que os animais de companhia transportados não incomodem terceiros e providenciar para que as suas necessidades biológicas sejam feitas sem prejuízo de outrem, nomeadamente recolhendo os seus excrementos e não deixando que conspurquem o equipamento ou o espaço ocupado por outras pessoas.
- Ser cordial com as pessoas e com os outros condutores. O autocaravanista deve ser simpático com as pessoas que o acolhem nas diferentes localidades que visita, facilitar a condução aos outros condutores na estrada, cumprimentar e ser solidário com outros autocaravanistas com quem se cruze.
- Chamar a atenção de quem não respeite estas regras. O autocaravanista merecedor de tal designação obriga-se ainda a chamar a atenção e/ou arepreender o comportamento de eventuais utilizadores de autocaravanas que não respeitem as regras aqui consagradas, porquanto tal sujeito estará a pôr em causa o direito ao bom nome colectivo dos autocaravanistas consagrado no número 1 desta carta de direitos e obrigações.
Respeitar para poder exigir ser respeitado!